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ECONOMIA
Congresso em Foco
1/8/2025 | Atualizado às 9:27
O tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, anunciado na última quarta-feira (30) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atingirá diretamente 35,9% das exportações do Brasil ao mercado norte-americano. É o que revela levantamento preliminar divulgado nessa quarta-feira (31) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
De acordo com o governo federal, 44,6% das exportações brasileiras foram poupadas da nova tarifa, graças a uma lista de cerca de 700 produtos isentos da medida, entre eles, aviões, celulose, suco de laranja, petróleo e minério de ferro, que seguirão pagando os tributos anteriormente fixados, de até 10%, conforme decisão de abril.
Veja a lista dos produtos que escaparam do tarifaço
Outros 19,5% das vendas brasileiras aos EUA seguem sob tarifas específicas já em vigor, justificadas por "razões de segurança nacional". Entre esses produtos estão autopeças, veículos, aço, alumínio e cobre. Este último agora também com alíquota de 50%, mas enquadrado em sanções anteriores, determinadas em fevereiro e implementadas a partir de março.
No total, segundo o Mdic, 64,1% das exportações brasileiras continuarão competindo em condições similares com produtos de outros países, somando-se as exceções ao tarifaço (44,6%) e os produtos que já estavam sujeitos a restrições (19,5%). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nessa quinta-feira (31) que a sobretaxação foi menos ruim do que se esperava e que as negociações com o governo norte-americano devem se intensificar nos próximos dias.
"Estamos em um ponto de partida mais favorável do que se imaginava, mas longe do ponto de chegada. Há muita injustiça nas ações anunciadas ontem, há correções a serem feitas, há setores que foram afetados e não deveriam ser", declarou Haddad a jornalistas na entrada do Ministério da Fazenda.
Café e carne bovina
Produtos importantes da pauta exportadora brasileira, como o café, responsável por 4,7% das vendas aos Estados Unidos, serão atingidos pela nova tarifa de 50%. Apesar da medida, representantes do setor estão otimistas e acreditam na possibilidade de abrir espaço para futuras negociações, o que poderia levar à redução das alíquotas impostas, caso haja avanços diplomáticos.
Outro item de destaque é a carne bovina, cuja exportação também será afetada pela sobretaxa. Os Estados Unidos são hoje o segundo maior destino da carne brasileira, e produtores esperam que uma atuação estratégica do governo possa reverter a decisão americana.
Além desses, produtos como açúcares e melaços, madeira e máquinas e equipamentos para construção civil também foram deixados de fora da lista de exceções definida pela Casa Branca e estão sujeitos ao novo regime tarifário.
Exportação brasileira aos EUA em 2024 | ||
Categoria | Valor (US$ bilhões) | Participação (%) |
Produtos sujeitos à ordem executiva de 30/07 (tarifa adicional de 10% + 40%) | 14,5 | 35,90% |
Produtos na lista de exceções (tarifa adicional de até 10%) | 18 | 44,60% |
Produtos sujeitos a tarifas específicas, aplicadas a todos os países | 7,9 | 19,50% |
Total | 40,4 | 100% |
Fonte: Mdic |
Produtos em trânsito estão protegidos
O ministério esclareceu ainda que os produtos brasileiros embarcados até sete dias após a assinatura da ordem executiva, ou seja, até 6 de agosto, não serão afetados pelas novas tarifas, desde que cumpram os critérios da decisão. O levantamento do Mdic leva em conta os dados consolidados de exportações em 2024 e ainda aguarda detalhes técnicos sobre possíveis inclusões ou exclusões da lista de exceções.
Principais produtos isentos
A lista de cerca de 700 itens isentos da nova tarifa inclui:
Amcham Brasil alerta para impactos e pede diálogo
Em nota oficial, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) manifestou preocupação com a medida, classificando o tarifaço como um fator que "fragiliza as relações econômicas e comerciais" entre os dois países e pode comprometer a competitividade, o emprego e o poder de compra dos consumidores.
"Divergências comerciais devem ser resolvidas por meio de diálogo construtivo, com o objetivo de preservar e ampliar a parceria econômica", afirma o comunicado.
Uma pesquisa conduzida pela Amcham entre os dias 24 e 30 de julho indica que mais da metade das empresas exportadoras brasileiras prevêem redução drástica ou total de vendas aos EUA com o novo cenário tarifário. Além disso, 86% das empresas consultadas se opõem a medidas retaliatórias por parte do Brasil, avaliando que isso apenas aumentaria a tensão e prejudicaria o ambiente de negócios, especialmente em setores que dependem de insumos e tecnologias americanas.
Clima de incerteza e repercussão diplomática
Embora o impacto direto do tarifaço atinja pouco mais de um terço das exportações, o gesto unilateral de Washington tem ampliado o clima de tensão diplomática entre os dois países. A medida foi interpretada como parte de uma estratégia mais ampla do governo Trump, que inclui também sanções a autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, episódio que provocou reação imediata do governo Lula.
Com as relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos historicamente marcadas por altos e baixos, o novo capítulo representa um desafio para a diplomacia brasileira. O Palácio do Planalto já indicou que buscará manter canais de negociação abertos, mas sinalizou que a soberania nacional e o funcionamento das instituições não serão usados como moeda de troca.
O Mdic deve continuar monitorando os efeitos da medida e aguarda resposta dos EUA sobre dúvidas técnicas envolvendo os produtos incluídos ou não na lista de exceções. O governo também avalia, com apoio da iniciativa privada e de entidades como a Amcham, alternativas diplomáticas e comerciais para mitigar os impactos do tarifaço.
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