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Saúde

Alto custo de novas terapias desafia incorporação no sistema de saúde

Médico alerta para a necessidade de critérios técnicos e orçamentários claros antes da adoção de novas tecnologias em saúde.

Congresso em Foco

29/9/2025 | Atualizado às 16:35

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O avanço das terapias médicas traz novas possibilidades de tratamento, mas também impõe barreiras para sua incorporação no sistema público e privado devido aos altos custos. Essa é a avaliação do médico sanitarista Gonzalo Vecina, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP e da FGV-SP, que alerta para a necessidade de critérios técnicos e orçamentários claros antes da adoção de novas tecnologias em saúde.

Segurança, eficácia e custo-benefício

Segundo Vecina, o processo de incorporação de tecnologias passa por duas etapas distintas. A primeira ocorre no âmbito da vigilância sanitária, que avalia a segurança e a eficácia do produto para fins de comercialização. A segunda, feita pelos prestadores de serviço - públicos e privados - exige uma análise mais aprofundada: a Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS).

Essa avaliação compara o novo tratamento com alternativas já disponíveis, verifica se traz benefícios adicionais e mensura sua relação custo-benefício. "O padrão para avaliar um novo produto são os estudos clínicos randomizados, que permitem medir ganhos em anos de vida e qualidade de vida", explicou.

Vecina destacou ainda que, no Brasil, o Judiciário frequentemente intervém para garantir acesso a medicamentos não disponíveis no SUS ou na saúde suplementar. Para reduzir decisões baseadas apenas em prescrição médica, o Supremo Tribunal Federal editou súmulas vinculantes que limitam o fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa ou em usos não aprovados (off-label).

Especialista aponta barreiras para novas terapias no sistema de saúde.

Especialista aponta barreiras para novas terapias no sistema de saúde.Freepik

Critérios clínicos para incorporação

Do ponto de vista clínico, Vecina aponta dois critérios centrais: redução da mortalidade e manutenção da qualidade de vida. Ele lembrou que a análise é complexa porque envolve decisões sobre valores considerados aceitáveis em relação ao custo.

Ele citou como exemplo o caso da atrofia muscular espinhal, doença rara em crianças cujo tratamento pode custar até R$ 5 milhões. "É a discussão sobre quanto vale uma vida. No Reino Unido existe uma regra sugerindo que o limite de investimento seja três vezes o PIB per capita por ano de vida ganho, mas não há registro de aplicação prática dessa medida", afirmou.

Inovação sem ganho proporcional

O sanitarista destacou que muitas terapias inovadoras não justificam a incorporação devido ao alto custo frente ao benefício. Um exemplo é a bomba de insulina automatizada, capaz de ajustar doses de acordo com a glicemia do paciente. Embora traga comodidade e maior controle, o preço inviabiliza sua adoção em larga escala, principalmente em países com alto número de diabéticos.

"Nós não aprovamos essa tecnologia porque o produto que temos hoje já resolve razoavelmente o problema", disse.

Modelos internacionais de negociação

Entre as experiências de referência, Vecina citou o National Institute for Health and Care Excellence (NICE), do Reino Unido, criado em 1999. O órgão avalia tecnologias para o Serviço Nacional de Saúde britânico e, em caso de aprovação, negocia preços diretamente com fabricantes.

As negociações, porém, são mantidas em sigilo, o que impede que outros países utilizem as mesmas condições. Apesar dessa limitação, Vecina avalia que o modelo britânico se consolidou como exemplo de equilíbrio entre inovação e sustentabilidade.

Desigualdade e pressão social

A desigualdade no acesso já é realidade, aponta Vecina. Hospitais privados costumam incorporar tecnologias mais rapidamente que o SUS, como ocorreu no caso da ex-presidente Dilma Rousseff, que teve acesso a um medicamento contra câncer antes de sua aprovação no sistema público.

Ele também citou diferenças em procedimentos cirúrgicos: enquanto no setor privado predomina a videolaparoscopia, no SUS ainda é comum a cirurgia aberta.

Vecina ressalta que o planejamento orçamentário precisa levar em conta não apenas critérios técnicos, mas também a pressão social. Como exemplo, destacou o programa brasileiro de enfrentamento da AIDS, que incorporou medicamentos de alto custo em resposta à mobilização da sociedade. "Nenhum medicamento foi incorporado sem respaldo técnico, mas a pressão social garantiu que terapias adequadas fossem disponibilizadas", afirmou.

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