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Ministra que comparou salário de R$ 31 mil a trabalho escravo não representa os negros, diz movimento
Congresso em Foco
04/11/2017 | Atualizado às 12h15
<< Após pedir salário de R$ 61 mil e citar "trabalho escravo" como justificativa, ministra recua Filiada ao PSDB, Luislinda Valois foi uma das primeiras mulheres negras a se tornar juíza no Brasil. "A ministra não representa o povo negro, não representa as mulheres negras e nem aqueles que lutam pelo fim do racismo. Estamos por nossa própria conta! O povo negro não vai se calar frente ao racismo!", afirmam os grupos do movimento negro.O pedido de Luislinda para acumular o salário como ministro e a aposentadoria de desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia foi apresentado à Casa Civil. Após a repercussão negativa do episódio, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo na última quinta-feira (2), ela desistiu da reivindicação. Em parecer, a Casa Civil já havia negado a solicitação e encaminhado o caso ao Ministério do Planejamento.
<< Temer silencia sobre polêmicas provocadas pelos ministros Torquato Jardim e Luislinda ValoisVeja abaixo a íntegra da nota de entidades do movimento negro: "Nota de Repúdio às declarações da ministra Luislinda Valois As entidades do movimento negro brasileiro repudiam as declarações da ministra Luislinda Valois, que assim como fez o ministro do STF Gilmar Mendes, ao fazer referência à tragédia da escravidão que submeteu milhares de negros a uma condição perversa e desumana - um crime contra a humanidade, declarado pela ONU - apropriou-se de forma oportuna desse fato histórico trágico para obter benefícios próprios relativos ao seu salário. Não obstante não nos furtamos em observar que esse ano o Juiz Sergio Moro percebeu o salário superior ao teto constitucional durante vários meses e a justificativa para tal descalabro são as generosas cestas de auxílios e adicionais eventuais comumente utilizados no expediente do sistema de justiça para burlar o teto constitucional e assim beneficiar milhares de juízes Brasil afora. O que também representa uma violência para a sociedade brasileira como um todo. Voltando a Ministra Luislinda, entendemos que reivindicar privilégios e participar de um governo que quer acabar com os direitos trabalhistas, com o combate ao trabalho escravo e as políticas de inclusão racial, além de silenciar frente ao racismo religioso e as demais violências sofridas pelos povos de terreiros e comunidades quilombolas em todo o país é um contra-senso. A ministra é voz de um governo de privilégios e privilegiados que quer acabar com os direitos trabalhistas, com o combate ao trabalho escravo e as políticas de inclusão racial. Além de silenciar-se frente ao racismo religioso e às violências sofridas pelos povos de terreiros e comunidades quilombolas em todo o país. Além de afrontar a dignidade da população negra, a posição da ministra é um atestado cabal da falta de compromisso com o combate ao racismo e com verdadeira cidadania de negros e negras. Não resta dúvida que estamos vivendo um momento em que a violência contra as mulheres, negros, grupos LGBT, quilombolas e índios está se naturalizando e a posição equivocada da ministra é um retrato desses ataques. A nomeação dessa senhora é reveladora do desapreço que o governo Temer tem pela comunidade negra e o gravíssimo problema do racismo no Brasil. Também é sintomático o fato de o Presidente Temer olhar para o Brasil e não conseguir enxergar os milhares de homens e mulheres negras com altíssimo nível de comprometimento político com os anseios e demandas da população negra para ocupar qualquer cargo na Esplanada dos Ministérios, ou estaria ele ciente de que a maioria de nós jamais compactuaria com um governo ilegítimo que se instituiu através de opressões, desmandos e violências? A ministra não representa o povo negro, não representa as mulheres negras e nem aqueles que lutam pelo fim do racismo. Estamos por nossa própria conta! O povo negro não vai se calar frente ao racismo! #ForaTemer Assina: Convergência Negra - Articulação Nacional do Movimento Negro Brasileiro. Subscrevem: Associação Brasileira de Pesquisadores Negros - ABPN Agentes de Pastoral Negros - APNs Círculo Palmarino Coletivo de Entidades Negras - CEN Coordenação Nacional de Entidades Negras - CONEN Quilombação Rádio Exu - Comunicação Comunitária de Matriz Africana Movimento Negro Unificado - MNU Rede Amazônica de Tradições de Matriz Africana - REATA UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade Enegrecer - Coletivo Nacional de Juventude Negra Movimento Consciência Negra de Butia - RS Setorial de Combate ao Racismo da CUT Soweto"
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