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Congresso em Foco
6/1/2010 18:56
Renata Camargo
As bitucas estão por toda parte. Em qualquer local público - com ou sem multidão - corre-se o alto risco de ver pontas de cigarro no chão. Virou costume: terminou de fumar, joga a bituca no chão e apaga com o pé. Essa cena se repete várias vezes e é acrescida de outras ações mecânicas como jogar bitucas de cigarro pela janela do carro.
No Japão, pude comprovar alguns efeitos da disciplina oriental. Os fumantes não exibem os seus cigarros andarilhos pelas ruas de Tóquio. Fuma-se em locais específicos, nas smoking areas. Lá mesmo depositam-se cinzas e pontas. Procurei, mas não vi bitucas de cigarro no chão...
Na Espanha, em praias como as das Ilhas Cíes, na Galícia, são distribuídas sacolinhas plásticas para depositar o lixo e feitas campanhas de conscientização para que as pessoas não joguem o lixo no chão. Em Londres (Inglaterra), segundo a Ecosmoke, paga 50 libras em multa quem jogar ponta de cigarro na rua.
No Brasil, uma penalidade contra bitucas tem sido aplicada em São Paulo a partir da lei contra o fumo. A diferença é que multa é aplicada se forem encontradas bitucas no chão da boate, do bar, do galpão. No caso, a lei estadual proíbe fumar em locais fechados. Então, se aproveita para fumar e jogar a bituca na rua.
A ponta de cigarro demora de cinco a 10 anos para decompor. As bitucas ajudam a entupir bueiros nos grandes centros urbanos e a piorar as enchentes. Nas praias, as bitucas acabam se perdendo na areia e a sujeira fica por lá ou segue para o mar, para a rua, para rios.
Soluções para depositar as benditas bitucas têm surgido pelo país a fora. Iniciativas de recipientes moderninhos para guardar as pontas de cigarro tentar ajudar a mudar o hábito do brasileiro. A diretora comercial da empresa CleanBeach, Marcia Guedes, 38 anos, e o professor de inglês Alaor Gomes Castanheira, 24 anos, que o digam. Ambos são co-autores de boas ideias.
Formada em administração, a gaúcha de Cacequi, cidade localizada a cerca de 440 km de Porto Alegre, é uma das responsáveis pela concepção da "lixeirinha ecológica". Marcia comercializa uma pequena lixeira de plástico, em formato de casquinha de sorvete, 100% reciclável e não descartável, onde podem ser depositadas as bitucas e outros micro lixos como canudos, tampinhas de garrafa, chicletes, palitos de picolé.
O objeto cabe na bolsa e seu formato permite que ele fique de pé, fincado na areia da praia ou na grama do parque. A lixeirinha foi patenteada pelo grupo e é comercializada pelo site da CleanBeach. No Paraná - estado que adotou a lixeirinha como objeto de política pública -, já se conseguiu reduzir em mais de 70% a quantidade de pequenos resíduos encontrados nas areias de praias da região, segundo dados da Secretaria de Meio Ambiente paranaense.
Empresas e prefeituras têm comprado a lixeirinha para distribuir ou vender nas praias. Mas Marcia avalia que é preciso mais engajamento de governantes e empresas. "Se fala muito em ecologia e se faz muito pouco. Sentimos a necessidade de mais envolvimento. A ideia ainda não chegou bem em praias do Nordeste".
O paulista Alaor, formado no curso de rádio e TV, se juntou à namorada Bia De Vecchi, artesã que se prepara para estudar design gráfico, para criar uma ótima solução para as bitucas de cigarro nas ruas de São Paulo. Há pouca mais de quatro meses, a dupla de fumantes percebeu que a quantidade de bitucas jogadas no chão se multiplicou e que seus companheiros de fumo não estavam preocupados.
Com inspiração artística e pró-atividade na veia, Alaor e Bia reciclaram uma ideia e elaboraram o porta-bituca artesanal. O objeto segue na linha de outros semelhantes que são feitos de material PET, mas tem originalidade por ser finalizado com pinturas e artes criativas.
O porta-bituca artesanal começou a ser vendido de bar em bar. Mas houve resistência. "O ser humano não gosto de gente dizendo o que ele tem que fazer. Teve gente dizendo que ia continuar jogando bituca no chão em protesto ao Serra, que proibiu fumar lá dentro", disse Aloar se referindo à lei contra o fumo sancionada pelo governador José Serra (PSDB).
Agora, a dupla vende o porta-bituca pelo blog Porta Bituca - Salve o Planeta! e partiu para a estratégia de comercializar para donos de casas noturnas, que disponibilizam o cinzeirinho para os fumantes levarem para a rua e retornarem com as bitucas. O resultado do porta-bituca também tem sido infalível. Sem estatísticas oficiais, Alaor usa o próprio exemplo para provar o sucesso de seu negócio. "Há quatro meses, não jogo mais bituca de cigarro no chão. Se considerar que fumo um maço por dia, 20 cigarros vezes quatro meses... É... é muita coisa".
Outras opções para depositar ecologicamente as bitucas:
Ecosmoke
Porta-bituca ZAP
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