Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
6/2/2009 | Atualizado às 21:06
Antônio Augusto de Queiroz*
A eleição, pela terceira vez, de Michel Temer (PMDB-SP) e José Sarney (PMDB-AP), respectivamente para a presidência da Câmara e do Senado, evidencia a carência de novas lideranças políticas no país, nos partidos, no Parlamento e também na sociedade.
Nada contra os dois políticos, que reúnem todas as condições e qualidades para conduzir com dignidade e eficiência a presidência das Casas para as quais foram eleitos. Trata-se apenas de uma constatação.
Se no Congresso, que ainda possui muitos quadros forjados no combate à ditadura militar, especialmente a partir da militância nos movimentos estudantil e sindical, constata-se a carência de nomes para ocupar os postos de mando, imagine o que acontecerá no futuro.
É realmente preocupante a questão do recrutamento político das novas gerações com o envelhecimento dos militantes forjados no período de resistência democrática, à direita e à esquerda, em que as pessoas, na luta política, eram movidas por ideais.
Os movimentos sociais sofreram uma grande inflexão na formação de quadros com vocação política, o que será uma perda lamentável no debate de idéias e disputa de posições políticas no Parlamento e na sociedade do futuro.
As novas gerações, excessivamente pragmáticas, possuem pouca capacidade de indignação. Em geral adotam uma postura despolitizada, sem apego à defesa de ideologias, princípios e utopias, preferindo desqualificar os espaços de disputa política em lugar de participar deles.
Com a redução de quadros oriundos dos movimentos sociais e da luta política, e com a provável adoção do sistema de lista fechada e bloqueada no processo eleitoral, a tendência natural é que os empresários, acadêmicos e burocratas ocupem esses espaços.
A ocupação de cargos eletivos por adeptos do modelo de escolhas públicas, segundo a qual, desde que se elimine a assimetria de informação, todos podem administrar ou resolver problemas racionalmente, restringe o espaço da decisão política ou da escolha com base em critérios ideológicos e de justiça.
E a política sem carisma, sem debate de idéias, sem disputas ideológicas e sem utopia perde completamente a razão de existir. Se os movimentos sociais não investirem na formação de novas lideranças e quadros políticos, a política perde o encanto. Oxalá, que a chama das paixões por idéias e programas sobreviva.
*Jornalista, analista político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Temas
DEFESA DO CONSUMIDOR
Lula sanciona lei que cria novos direitos para clientes de bancos
RESOLUÇÃO DERRUBADA
Veja como cada deputado votou no projeto sobre aborto em crianças
PROTEÇÃO À INFÂNCIA
Governo critica projeto que suspende norma sobre aborto legal infantil