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Congresso em Foco
21/1/2009 | Atualizado às 18:30
Por meio de carta divulgada nesta quarta-feira (21), o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), um dos candidatos à Presidência da Câmara, afirma que a TV Câmara impede a divulgação das propostas dos candidatos ao cargo.
“Eu acuso a direção da TV Câmara - e quem lhe for superior, se providências não forem tomadas - de impedir que os candidatos à Presidência da Casa levem suas propostas a seus eleitores, que estão em recesso, e ao público, para que perceba a importância que tem a escolha de um Chefe de Poder.”
Conforme argumenta o peemedebista, o veículo de comunicação institucional da Câmara oferece espaço “para uma entrevista a cada candidato e dez minutos num programa jornalístico, enquanto a grade programa desenhos animados para todos os dias”.
Serraglio também destaca que o único candidato ao cargo que se recusa a fazer um debate é o peemedebista Michel Temer (SP). “Eu acuso a negativa à realização de debate. A TV Câmara só admite debate com a concordância de todos. Aldo, Ciro e eu concordamos. Queremos o debate. Michel se recusou. A TV Câmara negou. Argumentamos com as regras da Justiça Eleitoral em que a ausência de candidato não impede realização de debate. Mas a democracia da TV Câmara é outra ... e nós sentimos na pele qual é.”
Na semana passada, o parlamentar paranaense divulgou uma nota, por meio da qual solicitava ao presidente Arlindo Chinaglia (PT-SP) que os candidatos à sua sucessão tivessem mais espaço na programação da TV Câmara. (leia mais)
Procurada pelo Congresso em Foco, a TV Câmara afirmou que não tinha conhecimento da carta de Serraglio e que está procurando um formato de consenso entre os candidatos para que as propostas sejam expostas na programação. (Rodolfo Torres)
Confira a íntegra da carta do deputado Osmar Serraglio
"Caro Parlamentar,
eu acuso
Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice.
Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. Émile Zola
Em 1898, o famoso escritor francês Émile Zola encaminhou uma carta ao Presidente da República denunciando o absurdo que se cometia com o capitão Dreyfus, condenado a cumprir pena na Ilha do Diabo, na Guiana. A carta foi publicada no jornal L'Aurore e era constituída de uma série de J'accuse (eu acuso), em que arrolava evidências de investigação tendenciosa, com apoio orquestrado na imprensa.
Começava com a assertiva acima: Meu dever é falar, não quero ser cúmplice.
Tenho dificuldades em acreditar que estou no Século XXI, na Capital da República, numa Casa Parlamentar, com uma televisão pública, - e me sentir amordaçado. Não importam as conseqüências. Quero e preciso reagir. Ainda invocando Zola, não quero minhas noites atormentadas por não ter protestado.
Reclamei da absurda condução da TV Câmara. Tem um corpo de funcionários qualificadíssimos, instrumentos avançados, mas uma direção insensível. Tão irrazoável que, apesar das mazelas denunciadas, prossegue, no Olimpo, como se os deputados fossem estranhos.
Como conciliar os conceitos de Democracia e Casa do Povo, com mordaça às idéias de ninguém menos que os candidatos a Presidente da Câmara ? Censura... Século XXI, Câmara dos Deputados... Data venia, em tempos de mudanças como os de Lula e Barack Obama, não dá para silenciar.
Eu acuso a direção da TV Câmara - e quem lhe for superior, se providências não forem tomadas - de impedir que os candidatos à Presidência da Casa levem suas propostas a seus eleitores, que estão em recesso, e ao público, para que perceba a importância que tem a escolha de um Chefe de Poder.
Eu acuso que a única proposta feita aos candidatos foi a gravação de quatro minutos, com a resposta a quatro perguntas, que somente seria levada ao ar no dia da eleição, o que rejeitei. Propus horário assemelhado ao da Justiça Eleitoral. Não queremos judicializar o tema, resolvendo aqui a questão.
Eu acuso a TV Câmara de, após denúncia que fiz ao Presidente Arlindo Chinaglia, tentar mascarar a trava, oferecendo apenas espaço para uma entrevista a cada candidato e dez minutos num programa jornalístico, enquanto a grade programa desenhos animados para todos os dias. Para deputados, Comissões, não há horário...
Eu acuso a negativa à realização de debate. A TV Câmara só admite debate com a concordância de todos. Aldo, Ciro e eu concordamos. Queremos o debate. Michel se recusou. A TV Câmara negou. Argumentamos com as regras da Justiça Eleitoral em que a ausência de candidato não impede realização de debate. Mas a democracia da TV Câmara é outra ... e nós sentimos na pele qual é.
Eu acuso a TV Câmara de recusar horário a algo tão relevante na vida parlamentar: a escolha do seu dirigente maior, através do conhecimento das propostas, embora disponha de 24 horas.
Eu acuso, assim, nossa TV, de se negar, como único meio que supostamente independeria de circunstâncias ou injunções, a permitir aos candidatos que desejarem, ir a público traduzir o que pensam, a fim de que a escolha se realize livre de conchavos, troca de cargos, decisões de cúpula, mas segundo a consciência de que precisamos valorizar a Casa, para que nos orgulhemos dela.
Quero ter orgulho de ser deputado.
Está em nossas mãos a mudança.
OSMAR SERRAGLIO, deputado federal."
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