Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Economia
Congresso em Foco
Autoria e responsabilidade de Pedro Sales
19/10/2023 | Atualizado às 17:39
 
 
 Paula Johns, da ACT: "Aumento da área de produção de soja é exponencial, enquanto as áreas de feijão e arroz são reduzidas". Foto: Bruno Spada/Ag. Câmara[/caption]
Segundo Paula, a predominância da cadeia produtiva de soja ainda impacta no ponto de vista da alimentação saudável. "O Brasil escolheu plantar só commodity. A comida de verdade, saudável, está cada vez mais longe da mesa do brasileiro. O país é considerado o celeiro do mundo, mas a população não se alimenta bem". 
Procuramos a Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja) para discutir os resultados da pesquisa, mas não obtivemos retorno. O texto será atualizado caso haja manifestação da entidade.
Isenção fiscal na soja
A soja é a principal commodity comercializada pelo país. Em 2022 a cadeia produtiva teve valor estimado de R$ 400 bilhões, de acordo com a pesquisa. Consequentemente, em razão da rentabilidade, a soja é o grão que mais cresceu em produção. De acordo com dados da pesquisa, na década de 1990 a área cultivada com soja era de cerca de 10 milhões de hectares; em 2010, eram 23 milhões. A estimativa para 2023 é que a área plantada ultrapasse os 40 milhões de hectares. 
Veja o estudo sobre incentivos fiscais à soja
O estudo revela que, dentro da quantia bilionária da soja, o governo deixou de arrecadar, em 2022, R$ 56,81 bilhões em impostos. A análise da incidência tributária federal demonstra que não há cobrança dos impostos PIS/Pasep e Cofins na produção de soja. A alíquota padrão dos impostos é de 9,25%. Constata-se ainda que a desoneração do IPI, cuja alíquota de referência é 3%, também é de 100% da alíquota. Desde 2020, o governo zerou o imposto de importação para soja e milho.
Detalhadamente, o valor estimado de desoneração em cada uma das etapas da cadeia produtiva do grão foi o seguinte: na produção (insumos fertilizantes, agrotóxicos e semente), a estimativa da desoneração é de R$ 18,59 bilhões; na indústria (farelo, óleo alimentar e biodiesel), R$ 9,99 bilhões;  a estimativa de desoneração nas exportações de soja e seus derivados é de R$ 28,23 bilhões; no crédito presumido para a indústria, R$ 2,78 bilhões. 
Além da desoneração em tributos federais, a pesquisa demonstra que, em Mato Grosso, maior produtor de soja no país, houve desoneração de quase R$ 8 bilhões no ICMS. "É seguro supor que outros estados produtores têm níveis de desoneração semelhantes, o que permite estimar que a desoneração dos estados pode chegar perto de R$ 25 bilhões, uma vez que Mato Grosso responde por 1/3 da produção nacional", destaca o relatório.
Os organizadores do estudo questionam o investimento e a isenção fiscal no setor, que é o mais lucrativo do país. "Será que um setor tão desenvolvido necessita de tanto apoio do Estado para manter suas posições nos mercados? Não chegou a hora do segmento devolver parte dos investimentos que a sociedade brasileira vem fazendo nesta cadeia produtiva?" 
Nesse sentido, o relatório expõe disparidades nos investimentos entre diferentes grãos. Dados do Banco Central apontam que, em 2022, 52% do crédito rural para financiar lavouras foram destinados aos produtores de soja, repassados por meio de 187 mil contratos. Ou seja, de um total de R$ 133,2 bilhões emprestados para custear lavouras no país, R$ 69,5 bilhões foram para o financiamento da soja. Se o milho for adicionado à conta, a porcentagem para as duas culturas representa 72% do crédito rural para custeio de lavouras no país em 2022. 
Entretanto, segundo o Censo Agropecuário de 2017, o investimento não corresponde a uma distribuição homogênea de investimentos para os produtores. No Brasil, foi estimado que existem cinco milhões de estabelecimentos agropecuários, à época do senso. Mas apenas 256 mil deles são produtores de soja, 5% do total. Os produtores de feijão, por outro lado, representam 936 mil, e os produtores de mandioca, quase um milhão. 
Diante desse cenário, a diretora-executiva da ACT, Paula Johns, afirma que a pesquisa contribui para a promoção do debate. "[A pesquisa] ajuda a problematizar e desmistificar essa coisa que o agronegócio é a salvação para o Brasil, até porque não existe só um modelo disso, um é autossustentável e o outro, exploratório. Pode ser ainda um elemento de justiça social nas assimetrias de poder que afetam toda a cadeia produtiva". 
Em relação à reforma tributária, o estudo pontua: "Em um contexto em que está sendo debatida a reforma tributária dos impostos que incidem sobre o consumo de bens e serviços no Brasil, é importante refletir sobre a importância dos instrumentos tributários para o desenvolvimento econômico e social do país, seus possíveis impactos sobre a segurança alimentar e nutricional da população e a sua contribuição para a crise climática".
Para as organizações envolvidas no levantamento, o Estado brasileiro já cumpriu seu papel em apoiar a estruturação do setor da soja e, com a reforma tributária, tem a oportunidade de repensar prioridades, considerando o enfrentamento à fome com alimentos saudáveis e produzidos de modo sustentável, bem como a necessidade de diversos outros investimentos possíveis a partir desses recursos públicos atualmente destinados ao setor produtivo da soja.
 Paula Johns, da ACT: "Aumento da área de produção de soja é exponencial, enquanto as áreas de feijão e arroz são reduzidas". Foto: Bruno Spada/Ag. Câmara[/caption]
Segundo Paula, a predominância da cadeia produtiva de soja ainda impacta no ponto de vista da alimentação saudável. "O Brasil escolheu plantar só commodity. A comida de verdade, saudável, está cada vez mais longe da mesa do brasileiro. O país é considerado o celeiro do mundo, mas a população não se alimenta bem". 
Procuramos a Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja) para discutir os resultados da pesquisa, mas não obtivemos retorno. O texto será atualizado caso haja manifestação da entidade.
Isenção fiscal na soja
A soja é a principal commodity comercializada pelo país. Em 2022 a cadeia produtiva teve valor estimado de R$ 400 bilhões, de acordo com a pesquisa. Consequentemente, em razão da rentabilidade, a soja é o grão que mais cresceu em produção. De acordo com dados da pesquisa, na década de 1990 a área cultivada com soja era de cerca de 10 milhões de hectares; em 2010, eram 23 milhões. A estimativa para 2023 é que a área plantada ultrapasse os 40 milhões de hectares. 
Veja o estudo sobre incentivos fiscais à soja
O estudo revela que, dentro da quantia bilionária da soja, o governo deixou de arrecadar, em 2022, R$ 56,81 bilhões em impostos. A análise da incidência tributária federal demonstra que não há cobrança dos impostos PIS/Pasep e Cofins na produção de soja. A alíquota padrão dos impostos é de 9,25%. Constata-se ainda que a desoneração do IPI, cuja alíquota de referência é 3%, também é de 100% da alíquota. Desde 2020, o governo zerou o imposto de importação para soja e milho.
Detalhadamente, o valor estimado de desoneração em cada uma das etapas da cadeia produtiva do grão foi o seguinte: na produção (insumos fertilizantes, agrotóxicos e semente), a estimativa da desoneração é de R$ 18,59 bilhões; na indústria (farelo, óleo alimentar e biodiesel), R$ 9,99 bilhões;  a estimativa de desoneração nas exportações de soja e seus derivados é de R$ 28,23 bilhões; no crédito presumido para a indústria, R$ 2,78 bilhões. 
Além da desoneração em tributos federais, a pesquisa demonstra que, em Mato Grosso, maior produtor de soja no país, houve desoneração de quase R$ 8 bilhões no ICMS. "É seguro supor que outros estados produtores têm níveis de desoneração semelhantes, o que permite estimar que a desoneração dos estados pode chegar perto de R$ 25 bilhões, uma vez que Mato Grosso responde por 1/3 da produção nacional", destaca o relatório.
Os organizadores do estudo questionam o investimento e a isenção fiscal no setor, que é o mais lucrativo do país. "Será que um setor tão desenvolvido necessita de tanto apoio do Estado para manter suas posições nos mercados? Não chegou a hora do segmento devolver parte dos investimentos que a sociedade brasileira vem fazendo nesta cadeia produtiva?" 
Nesse sentido, o relatório expõe disparidades nos investimentos entre diferentes grãos. Dados do Banco Central apontam que, em 2022, 52% do crédito rural para financiar lavouras foram destinados aos produtores de soja, repassados por meio de 187 mil contratos. Ou seja, de um total de R$ 133,2 bilhões emprestados para custear lavouras no país, R$ 69,5 bilhões foram para o financiamento da soja. Se o milho for adicionado à conta, a porcentagem para as duas culturas representa 72% do crédito rural para custeio de lavouras no país em 2022. 
Entretanto, segundo o Censo Agropecuário de 2017, o investimento não corresponde a uma distribuição homogênea de investimentos para os produtores. No Brasil, foi estimado que existem cinco milhões de estabelecimentos agropecuários, à época do senso. Mas apenas 256 mil deles são produtores de soja, 5% do total. Os produtores de feijão, por outro lado, representam 936 mil, e os produtores de mandioca, quase um milhão. 
Diante desse cenário, a diretora-executiva da ACT, Paula Johns, afirma que a pesquisa contribui para a promoção do debate. "[A pesquisa] ajuda a problematizar e desmistificar essa coisa que o agronegócio é a salvação para o Brasil, até porque não existe só um modelo disso, um é autossustentável e o outro, exploratório. Pode ser ainda um elemento de justiça social nas assimetrias de poder que afetam toda a cadeia produtiva". 
Em relação à reforma tributária, o estudo pontua: "Em um contexto em que está sendo debatida a reforma tributária dos impostos que incidem sobre o consumo de bens e serviços no Brasil, é importante refletir sobre a importância dos instrumentos tributários para o desenvolvimento econômico e social do país, seus possíveis impactos sobre a segurança alimentar e nutricional da população e a sua contribuição para a crise climática".
Para as organizações envolvidas no levantamento, o Estado brasileiro já cumpriu seu papel em apoiar a estruturação do setor da soja e, com a reforma tributária, tem a oportunidade de repensar prioridades, considerando o enfrentamento à fome com alimentos saudáveis e produzidos de modo sustentável, bem como a necessidade de diversos outros investimentos possíveis a partir desses recursos públicos atualmente destinados ao setor produtivo da soja.
 SEGURANÇA PÚBLICA
Derrite assume relatoria de projeto que trata facções como terroristas
Câmara dos Deputados
Comissão debate isenção de registro para professor de educação física