O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), revelou há pouco que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) irá entre os dias 29 de abril e 5 de maio à Comissão de Infra-Estrutura (CI) do Senado prestar esclarecimentos sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Jucá admitiu que, embora a
convocação aprovada no último dia 3 pelos oposicionistas – num “cochilo” da base governista – devesse seguir o regimento e se ater ao tema do PAC, o caso do “dossiê anti-FHC” deverá ser abordado na ocasião.
“Regimentalmente, o convite é pra falar sobre as obras do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]”, ensejou Jucá, garantindo que a data da visita está dentro do prazo regimental, como disse mais cedo ao presidente da comissão, Marconi Perillo (PSDB-GO). “Se surgir outro tipo de questionamento, vai depender da forma como se coloca, do nível de argüição, portanto só o momento vai dizer. A disposição da ministra é falar sobre tudo.”
O peemedebista afirmou que caberá à base governista preparar um ambiente “respeitoso” na CI, em que o depoimento “possa contribuir com o país”. Segundo ele, entretanto, não será preciso fazer acordo com a oposição para tanto. “Os ministros do governo Lula vêm ao Senado e à Câmara, permanentemente, sem nenhum tipo de acordo com a oposição. Nós não temos medo, não precisamos fazer acordo, mas esperamos que o regimento seja cumprido, e que seja uma audiência respeitosa.”
Em relação às duas CPIs em curso no Congresso sobre o mesmo tema (cartões corporativos), o senador disse ainda que a CPI Mista, instalada com maioria governista e sem ter avançado nas investigações, não estaria com os dias contados. “A CPI recebeu material.”
Para Jucá, já que a oposição insistiu em abrir uma CPI exclusiva dos senadores – sob o argumento de que o governo estaria impedindo as investigações no colegiado misto –, que siga sem fazer “jogo político” durante os trabalhos. Do contrário, advertiu, os governistas continuarão determinados a impedir, valendo-se da maioria na comissão, que sejam aprovados requerimentos de convocação de nomes como Dilma Roussef e sua secretária-executiva e braço-direito na Casa Civil, Erenice Alves Guerra.
Alheio
Para Alvaro Dias (PSDB-PR), a vinda da ministra não suscita entusiasmo. “De minha parte, não gero nenhuma expectativa exagerada em relação a esse depoimento”, disse o senador. “Mas claro que o depoimento ensejará indagações, e também permitirá a resposta ou a não resposta.”
Para Alvaro, duas questões “essenciais” devem ser esclarecidas pela ministra. “Quem elaborou o dossiê e a mando de quem.”
O senador considera a hipótese de a ministra estar apenas esperando algum resultado do inquérito aberto na Polícia Federal, com o objetivo de apurar o vazamento do dossiê para a imprensa, para então formular seu discurso na comissão.
“É possível, já que há um inquérito em curso. Ela pode se valer desse expediente, mas não pode fugir à responsabilidade: esse dossiê foi elaborado na área de sua influência e comando”, concluiu o tucano, dizendo que Dilma não deveria esconder a verdade porque deve satisfações não ao Parlamento, mas ao povo brasileiro.
(Fábio Góis)