O jornal britânico Financial Times, em artigo publicado hoje (22), afirma que falhas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) “poderão condenar o Brasil a ficar atrás” de outros países emergentes como Rússia, China e Índia.
“Nas palavras do chefe de pesquisa do banco WestLB em Nova York, Ricardo Amorim, o Brasil está parecendo mais uma economia subemergente do que uma emergente”, destaca o texto.
No entanto, o diário observa que, na avaliação dos principais ministros do governo, o PAC obterá seu objetivo sem prejudicar a estabilidade financeira e econômica do país. “Nós no governo Lula acreditamos que o trabalho intenso feito ao longo dos últimos quatro anos para criar um ambiente macroeconômico estável nos permite agora buscar um crescimento econômico mais rápido”, disse a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que, segundo o jornal, é “de fato” a primeira-ministra do governo.
De acordo com o texto, entretanto, “muitos concluíram que o governo está se tornando menos convencido de que a ortodoxia é o caminho a ser seguido. Na verdade, o governo parece estar perdendo a disciplina fiscal que manteve durante o primeiro mandato de Lula”.
Além disso, o artigo ressalta que, ao invés de cortar gastos ou implementar outras reformas, o PAC deixa claro que o governo apostou tudo no poder do investimento para estimular a atividade econômica. Mas ainda existem dúvidas sobre as prioridades do segundo mandato de Lula: crescimento econômico ou melhora na distribuição de renda?
“Na verdade, se o persistente crescimento lento foi o fracasso do primeiro mandato de Lula, seu notável sucesso ocorreu na distribuição de renda. Programas de bem estar social baratos e muitos direcionados, e, acima de tudo, inflação baixa e preços altos na exportação de commodities ajudaram a produzir melhoras nas condições de vida dos pobres que tornaram Lula o presidente mais popular da história do Brasil”, afirma o jornal.
Por fim, o texto diz que o temor manifestado por alguns analistas não é que o segundo mandato de Lula vai tomar a rota do populismo. “O temor é que ao fracassar em aproveitar a oportunidade oferecida pelas condições benignas globais para reformular o Estado, ele condenará o país a muitos mais anos de mediocridade”, destaca.