Integrantes da CPI dos Sanguessugas pediram ontem à Polícia Federal uma devassa em organizações não-governamentais (ONGs) e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips) que receberam dinheiro de emendas parlamentares para a compra de ambulâncias, revela reportagem do jornal O Globo desta quarta-feira.
A CPI suspeita que estas entidades, aparentemente sem fins lucrativos, eram usadas pela máfia dos sanguessugas para desviar verbas federais. Segundo o vice-presidente da CPI, Raul Jungmann, o esquema é parecido com as fraudes nas entidades filantrópicas descobertas pela CPI do Orçamento na década passada. "Por muitas dessas entidades é que passava o dinheiro da corrupção", disse Jungmann.
Na matéria de Jailton Carvalho, a CPI listou mais de 30 entidades em nome de parentes ou auxiliares de deputados e senadores. A comissão quer que a polícia apure os nomes dos verdadeiros proprietários, endereços e atividades desenvolvidas pelas entidades. Entre as organizações estão a Fundação Canaã, do deputado Nilton Capixaba (PTB-RO), e a Ação Social Acreana, supostamente ligada ao deputado Júnior Betão (PL-AC). Segundo o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), algumas entidades recebiam dinheiro para comprar ambulâncias e cobravam por serviços prestados a prefeituras.
"As ONGs são uma conquista da sociedade, mas tem muita poluição, corrupção, aí", endossou o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA).
Em depoimento à Justiça Federal, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, apontado com um dos chefes da máfia, mencionou mais de 30 entidades que teriam participado da compra de ambulâncias com verbas federais. Segundo um dos advogados de Trevisan, um dos principais veios da corrupção no Congresso Nacional são Oscips e ONGs. Para Jungmann, estas entidades tem que submetidas a fiscalização externa.