Pelo menos nove integrantes do Conselho de Ética decidiram esta manhã renunciar a suas cadeiras no colegiado em protesto contra a absolvição do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) pelo Plenário da Câmara nesta quarta-feira. O conselho tem 15 titulares e 15 suplentes indicados pelos partidos.
Entre os parlamentares que anunciaram seu desligamento do conselho estão Cezar Schirmer (PMDB-RS),
Chico Alencar (Psol-RJ), Orlando Fantazini (Psol-SP),
Carlos Sampaio (PSDB-SP), Nelson Trad (PMDB-MT), Júlio Delgado (PSB-MG), Cláudio Magrão (PPS-SP), Edmar Moreira (PFL-MG) e Marcelo Ortiz (PV-SP).
Os parlamentares alegam que o caso de João Paulo é emblemático, pois constitui a superação do número de decisões do conselho acatadas pelo Plenário por aquelas que foram rejeitadas. Das 11 resoluções do órgão encaminhadas ao Plenário, seis foram rejeitadas e cinco acatadas. O relatório prodizido por Schirmer foi considerado um dos mais contundentes desde que o colegiado começou a investigar, por quebra de decoro, os parlamentares envolvidos no escândalo do mensalão.
"Fomos sucessivamente desautorizados pelo Plenário da Casa, que é soberano", afirmou
Chico Alencar. "Diante das absolvições no plenário a sensação é de que o Conselho de Ética é impotente. Nunca se viu tamanha frouxidão moral na política brasileira", criticou Cezar Schirmer, o primeiro a anunciar hoje sua saída do Conselho.
O presiddente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), ficou surpreso com a decisão dos colegas. "Mas como assim? Não me falaram nada?", questionou Izar, que ainda tenta demover os integrantes do órgão a não renunciar.
O deputado José Carlos Araújo (PL-BA), suplente no Conselho, criticou os colegas que estão deixando o barco.
"Quando nós fomos indicados para o Conselho de Ética nós conhecíamos a regra do jogo, sabíamos que uma posição tomada aqui poderia ser reformulada no plenário. Não entendo por que a surpresa", afirmou.
Veja quem deixou do Conselho:
Chico Alencar (PSOL-RJ), relator do processo do que pediu a cassação do deputado Wanderval Santos (PL-SP), absolvido pelo Plenário;
Orlando Fantazini (PSOL-SP), relator do processo que pediu a cassação do deputado Pedro Henry (PP-MT), derrubado no próprio Conselho;
Benedito de Lira (PP-AL) sugeriu a suspensão do deputado Pedro Corrêa (PP-PE), mas o presidente do PP acabou sendo cassado pelo Plenário.
Carlos Sampaio (PSDB-SP), relator-substituto do processo do deputado Pedro Henry (PP-MT), sugeriu a absolvição do ex-líder do PP no Conselho. A sugestão foi confirmada pelo Plenário. Um dos dois deputados que tiveram seu pedido de cassação sugerido no Conselho e aprovado pelo Plenário, o de Pedro Corrêa (PP-PE).
Nelson Trad (PMDB-MT), relator do processo que pediu a cassação do deputado Roberto Brant (PFL-MG), absolvido pelo Plenário.
Júlio Delgado (PSB-MG), relator do processo que pediu a cassação de José Dirceu (PT-SP), aprovado pelo Plenário.
Edmar Moreira (PFL-MG) ainda não entregou a carta de renúcia, mas disse que quer deixar o Conselho.
Cláudio Magrão (PPS-SP), suplente do colegiado.
Marcelo Ortiz (PV-SP), suplente do colegiado.