São imagens em preto e branco, escuras e até sombrias. Algumas remetem à solidão. Outras, ao companheirismo. Mas todas nos levam a um momento único de reflexão: a invisibilidade do vírus HIV.
Com o título "Positivo na Lata", a Organização Cultural e Ambiental Tamnoá e a instituição Escola de Vida/Casa da Criança promovem a partir de hoje (21) uma mostra de 15 fotos produzidas por crianças portadoras e filhos de portadores do vírus HIV, no Hall da Taquigrafia da Câmara dos Deputados. O lançamento oficial da exposição será realizado às 17h. A mostra, que é gratuita, ficará aberta ao público até o dia 30 de março, das 09h às 17h.
A idéia do projeto surgiu das conversas entre o presidente da Organização Cultural e Ambiental Tamnoá, Randal Andrade, fotógrafo profissional, com a representante da Escola de Vida/Casa da Criança, em Brasília, Vicky Tavares. "Eu já tinha vontade de ensinar crianças a mexer com fotografia. Depois que eu fiquei sabendo que a Casa da Criança toparia fazer um trabalho semelhante fiz a proposta de tirar fotografias utilizando a técnica do pinhole. A instituição topou, e o melhor, as crianças adoraram", diz.
Durante o curso, que teve duração de três meses, as crianças aprenderam a utilizar uma lata de alumínio como câmara escura artesanal (foto na lata) e fotografaram o seu dia-a-dia. As imagens são em preto e branco (PB), com negativo em papel fotográfico sensível a luz.
As fotos revelam os olhares de seis crianças em busca da beleza em todos os seus aspectos. Nas imagens, as crianças, que também serviram de modelos, se perdem na imensidão da luz e nas sombras dos objetos.
Na opinião da representante da Escola de Vida/Casa da Criança, em Brasília, Vicky Tavares, a exposição veio para mostrar que essas crianças não são invisíveis. "Serve para que as pessoas possam refletir sobre a Aids. Na verdade, é um protesto contra o silêncio, pelo descaso da sociedade. Nós fizemos essa exposição com o intuito de chamar a atenção das autoridades, para mostrar que essas crianças existem. Há uma fome mais funda que a fome física: a fome de sentido e de valor, de reconhecimento", afirma a representante da Escola de Vida/Casa da Criança.