O presidente Lula se reuniu na tarde de hoje (23), no Palácio da Guanabara (sede do governo do Rio de Janeiro), com familiares dos três jovens do Morro da Providência torturados e assassinados por traficantes do Morro da Mineira, na semana passada. No encontro, que durou cerca de 45 minutos, estavam presentes o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannucchi. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, que esteve com os parentes dos jovens também na semana passada, não participou do encontro.
Os três jovens – Marcos Paulo da Silva, de 17 anos; Wellington Gonzaga Costa, 19; e David Wilson Florença da Silva, 24 – foram detidos no sábado (14) pelos soldados do Exército no Morro da Providência, por ordem do capitão Laerte Ferrari, que comandava a polícia judiciária no dia da ocorrência. Em seguida, foram levados como “brinde” a líderes do tráfico no Morro da Mineira.
Depois de torturados, os três rapazes foram executados com diversos tiros pelos bandidos da Mineira, conforme constatou perícia da polícia fluminense. Os corpos foram encontrados há uma semana, no domingo (15), em um aterro sanitário de Duque de Caxias (Baixada Fluminense). Onze militares acusados de envolvimento no crime estão detidos no 1º Batalhão de Policiamento do Exército, no bairro da Tijuca (zona norte do Rio). Uma
comissão foi criada pelo governo para apurar as circunstâncias das mortes.
A presença dos militares em favelas do Rio ganhou críticas de diversos setores da sociedade depois da morte dos jovens. Tropas do Exército foram destacadas para garantir a segurança para a execução do projeto Cimento Social, fruto de emenda parlamentar apresentada pelo senador
Marcelo Crivella (PRB-RJ). Alegando que o também bispo da Igreja Universal do Reino de Deus é candidato à prefeitura da capital fluminense, a oposição o acusou de
uso eleitoral da Arma.
Por meio de notas à imprensa, Crivella tem
defendido o trabalho dos militares como subsídio de segurança ao projeto Cimento Social nas favelas. Reportagem veiculada na sexta-feira (20) pelo Jornal Nacional (Rede Globo) informou que um dos assessores de Crivella – identificado como Gilmar – teria negociado a permanência dos executores do projeto com os traficantes do morro da Providência. O senador também
negou que tenha assessor com nome de Gilmar.
(Fábio Góis)