O juiz Jefferson Schneider, da 2ª Vara Federal, liberou hoje a divulgação de depoimentos e documentos reunidos pela Polícia Federal sobre a máfia das sanguessugas, antes sob sigilo. A informação foi confirmada há pouco pelo presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), em entrevista à rádio CBN. Ele disse ter recebido a notícia do próprio magistrado, por telefone.
O parlamentar não deu detalhes a respeito de como essa divulgação vai ocorrer, mas adiantou que a liberação não se estende aos documentos do Supremo Tribunal Federal (STF), onde o inquérito contra suspeitos de envolvimento na fraude também está protegido pelo segredo de Justiça. A expectativa é que um dos integrantes da comissão conceda entrevista ainda esta tarde para comentar a decisão.
Schneider foi o juiz que determinou a prisão preventiva de envolvidos com a máfia das ambulâncias em maio, durante a Operação Sanguessuga da Polícia Federal, que desmantelou o esquema. Biscaia disse que a decisão não deve-se a pressões dos parlamentares, mas ao estágio avançado das investigações.
Delação premiada
O deputado comentou ainda a respeito do depoimento do empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin, sócio da Planam e operador da fraude no Congresso. Ele revelou detalhes do esquema à Justiça do Mato Grosso em troca do benefício da delação premiada.
O presidente da CPI acusou o empresário de tentar isentar de culpa pelo menos oito parlamentares citados no depoimento. Vedoin será ouvido hoje pela comissão a partir das 17h.
Segundo Biscaia, o sub-relator da CPI, deputado
Carlos Sampaio (PSDB-SP), encontrou 13 pontos divergentes entre os depoimentos do empresário à Justiça em meados de julho e à CPI na última quinta-feira.
"Eu hoje adverti o Vedoin. Disse para ele que se ficar evidenciado que há uma tentativa de isentar alguém vou mandar um ofício para o juiz (Jefferson Schneider) pedindo para que ele volte para a cadeia. Se ele está negociando, não vou admitir", avisou Biscaia.
O presidente da comissão alertou que, se comprovada a intenção de proteger parlamentares, o empresário pode perder o benefício da delação premiada.