Os integrantes da CPI dos Correios identificaram uma diferença de US$ 300 mil (quase R$ 600 mil) entre o que foi depositado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza na conta Dusseldorf do publicitário Duda Mendonça no exterior e os R$ 10,5 milhões relatados pelo próprio marqueteiro à comissão.
A diferença de valor foi detectada na primeira consulta dos integrantes da CPI aos documentos enviados pela promotoria Distrital de Nova York sobre a conta aberta por Duda no Bank de Boston em Miami.
Além da diferença entre os valores depositados na conta Dusseldorf, os integrantes da CPI também encontraram outras diferenças entre o depoimento de Duda na CPI e a quebra de sigilo.
"Nós temos condição, numa primeira análise, de dizer que há discrepância entre as afirmações de Duda e o que está sendo investigado", disse o relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR). "Há suspeita fortíssima de que ele não tenha falado à verdade", completou.
Desde novembro, a comissão tenta obter a quebra do sigilo bancário de Duda no exterior. Os parlamentares queriam investigar se o PT utilizou as contas do publicitário para movimentar dinheiro ilegalmente fora do país.
Em depoimento à comissão no ano passado, Duda - marqueteiro da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 - disse que abriu a conta no exterior, por orientação de Valério, para receber o pagamento pelos serviços prestados ao PT.
A Corte de Nova York, porém, recusou-se a liberar os dados à CPI, por entender que ela não é um foro de investigação. Foi preciso que uma comitiva de parlamentares viajasse rumo aos Estados Unidos para convencer as autoridades norte-americanas de que a comissão tem autoridade para quebrar e ter acesso a sigilos bancários.