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Violência contra a mulher
11/8/2025 18:00
A cada agosto, prédios públicos, ruas e campanhas adotam o roxo para lembrar a urgência de combater a violência contra a mulher. Mas por trás do simbolismo do Agosto Lilás, há uma realidade que vai muito além de casos individuais e manchetes policiais: a violência doméstica também é um problema econômico de grandes proporções.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um terço das mulheres no planeta já sofreram algum tipo de violência física ou sexual, na maioria das vezes dentro de casa e praticada por parceiros íntimos. O impacto financeiro desse cenário é alarmante. A OMS estima que o custo da violência doméstica corresponda a 5% do PIB de países desenvolvidos e chegue a 14% em nações de baixa renda. No Brasil, o índice chegou a 10% do PIB no final da década de 1990.
Essas perdas econômicas não se resumem ao tratamento médico ou aos processos judiciais, elas se estendem à redução da produtividade, à queda de salários e à menor participação das mulheres na força de trabalho. Pesquisas indicam que mulheres vítimas de violência têm mais chances de perder o emprego, alternar de trabalho com frequência e apresentar problemas de saúde física e mental que afetam seu desempenho. O estudo The dynamics of domestic violence, da The American Economic Review, apontou que a violência doméstica reduz em até 10% as horas anuais de trabalho feminino e mostrou que a violência sexual pode estar ligada a quedas salariais de até 5,1% e a uma redução de 6,6% na participação das mulheres no mercado de trabalho.
Em países como a Bolívia, mulheres agredidas com frequência têm 1,5% mais chances de abandonar o emprego. O mecanismo é claro: a violência compromete a capacidade de trabalhar e mina a autonomia econômica, criando um ciclo que dificulta a saída de relações abusivas.
Mas há também boas notícias. Estudos internacionais indicam que o fortalecimento econômico das mulheres reduz sua exposição à violência. A pesquisa Violence against women: A cross-culture analysis for Africa mostrou que sociedades que enxergam as mulheres como economicamente produtivas e iguais aos homens têm índices menores de violência doméstica. Políticas que diminuem a desigualdade salarial entre gêneros também se mostram eficazes: na Califórnia, a redução dessa diferença ao longo de 13 anos ajudou a diminuir em nove pontos percentuais a taxa de hospitalizações de mulheres por agressões.
No Brasil, o combate à violência contra a mulher conta com políticas públicas e programas como a Lei Maria da Penha, o Antes que Aconteça, os Observatórios da Mulher, as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), as Salas Lilás, as Casas da Mulher Brasileira, a Lei da Igualdade Salarial, os Centros de Referência da Mulher e o Pacto Nacional de Prevenção ao Feminicídio. Todos atuam para oferecer proteção, informação e autonomia às vítimas, e, consequentemente, reduzir os custos humanos e econômicos desse problema.
O Agosto Lilás lembra que combater a violência contra a mulher não é apenas garantir direitos humanos fundamentais, é também uma questão estratégica para o desenvolvimento econômico do país. Cada investimento em prevenção, apoio e empoderamento feminino retorna para a sociedade na forma de maior produtividade, crescimento sustentável e uma economia mais equilibrada.
Não é apenas sobre segurança ou justiça, é sobre o futuro do Brasil.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].