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Proteção da infância
5/11/2025 13:30
A infância está sob ameaça e muito mais perto do que se imagina: dentro de casa, nas telas. Crescer diante de câmeras, exposto a públicos anônimos, algoritmos e métricas de engajamento, tem deixado marcas em crianças e adolescentes. O que muitos tratam como "fofura", "memória digital" ou "conteúdo de família" pode, na verdade, ser a porta para abusos emocionais, psicológicos e até financeiros.
O recente relato de Shari Franke, no livro A Casa da Minha Mãe, escancarou essa realidade. Ela expôs abusos sofridos nos bastidores de um canal familiar comandado por sua própria mãe. Uma infância transformada em espetáculo, opiniões públicas substituindo carinho, métricas substituindo afeto. Shari é um alerta vivo do que acontece quando a vida privada vira estratégia de audiência.
Especialistas avaliam que crescer em frente às câmeras distorce a formação da identidade infantil. Segundo a historiadora e socióloga Laura Hauser, vivemos uma cultura de exposição constante, em que a parentalidade virou performance. Ser um bom pai passou, em muitos casos, a ser sinônimo de postar sobre a criança e não de protegê-la. A fronteira entre público e privado se dissolveu, e com ela a capacidade de perceber riscos e comportamentos predatórios.
A psicanálise também acende o sinal amarelo. Quando a criança aprende que seu valor está no número de curtidas, visualizações ou parcerias comerciais, ela deixa de ser sujeito e passa a ser produto. É por isso que criamos a Frente Parlamentar Contra a Violência Digital Infantil. Nosso compromisso é construir leis que coloquem a infância em primeiro lugar, antes do algoritmo, do lucro e da vaidade digital. Estamos aproximando o Congresso Nacional das famílias, especialistas, educadores e da sociedade civil para garantir que as crianças e adolescentes brasileiros tenham direitos respeitados também na internet.
Esse movimento não é contra pais, influenciadores ou tecnologia. É a favor da infância. A favor de limites. A favor do direito de crescer sem carregar o peso do espetáculo e da audiência. A infância não é palco, não é vitrine e não é campanha. A infância é tempo de ser e não de performar. E cabe a nós, como sociedade e como Estado, garantir que nenhuma criança seja sacrificada na busca por visualizações.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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