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Violência de gênero
8/12/2025 14:00
Os mais recentes casos de violência contra as mulheres, que motivaram o Levante Mulheres Vivas neste domingo (07/12), com manifestações em 20 estados e o Distrito Federal, representam apenas a ponta mais chocante da realidade enfrentada pelas brasileiras no dia a dia. Trata-se de uma luta, em muitos casos, pela própria sobrevivência - pelo direito simplesmente de existir e ser dona de seu destino.
Cerca de 4 mulheres morrem por dia vítimas de feminicídio no Brasil, o que equivale a aproximadamente uma morte a cada 6 horas. Esses dados não incluem a crueldade registrada em São Paulo, no último dia 29 de novembro, quando a jovem Tainara Souza Santos teve as duas pernas amputadas após ser atropelada e arrastada por um quilômetro por Douglas Alves da Silva, com quem a vítima havia tido um relacionamento passageiro.
Uma verdadeira epidemia que atinge brasileiras de diferentes idades, a despeito do arcabouço legal aprovado ao longo das últimas décadas para tentar coibir esse tipo de violência. Iniciativas impulsionadas especialmente pelas bancadas femininas da Câmara e do Senado, como a Lei Maria da Penha - um marco histórico de 2006 - e a Lei do Feminicídio, de 2015, cujas penas foram elevadas no ano passado, que agora podem chegar a 40 anos de prisão e foram aplicadas pela primeira vez em fevereiro deste ano.
Esse cenário tenebroso justifica em grande parte o resultado do levantamento conduzido pelo DataSenado e pelo instituto de pesquisa Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência do Senado Federal. A pesquisa ouviu mais de 20 mulheres entre maio e junho deste ano e mostram que 94% consideram o Brasil um país machista, 46% acham que não são tratadas com respeito e 79% perceberam o crescimento da violência contra as mulheres no país.
A violência se apresenta de diferentes formas, além da física. A edição especial de 20 anos do Dossiê Mulher, por exemplo, denuncia o aumento dos casos de violência psicológica virtual contra as mulheres no Brasil, que vitimaram mais de 56 mil pessoas no ano passado. Esse foi o tipo de crime mais recorrente no estudo, com uma média de 153 casos por dia - quase sempre dentro de casa e praticados por companheiros ou ex-parceiros.
Se não bastassem os riscos dentro de casa, no mercado de trabalho elas encaram outro tipo de violência: a discriminação pelo simples fato de serem mulheres. O IBGE confirmou na semana passada esse quadro ao indicar que, no Brasil, mulheres diretoras e gerentes recebem 33% menos do que homens no mesmo cargo.
Elas também seguem sendo preteridas para cargos de poder. Exemplo disso é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva - uma das vozes de indignação que se levantou na última semana em meio aos alarmantes números da violência contra as mulheres - não foi capaz de nomear nenhuma mulher entre as três indicações que fez para o Supremo Tribunal Federal neste seu terceiro mandato.
Isso escancara a falta de prioridade dos governos e segmentos da sociedade em colocar os discursos em prática. Como bem pontuou a senadora Mara Gabrilli (PSD-SP) em entrevista recente à CBN, em que registrou a baixíssima execução orçamentária do R$ 1,4 bilhão alocado para o Plano de Ação do Pacto Nacional de Prevenção ao Feminicídio, lançado em 2024. Dos recursos previstos, apenas 14,7% foram efetivamente usados.
Percalços de uma jornada dura, sem dúvida, mas que estão forjando a resiliência e uma disposição cada vez mais firme dessa parcela da sociedade - hoje a maioria dos brasileiros - de mudar essa realidade!
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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