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Câmara dos Deputados
Congresso em Foco
19/5/2025 17:59
Condenada a 10 anos de prisão na última quarta-feira (14) pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por envolvimento em invasões aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserir documentos falsos, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) agora corre o risco de perder o seu mandato. Caso a decisão se mantenha, quem assumirá seu lugar será o ex-deputado Coronel Tadeu.
Oficial da reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo e piloto de helicóptero, Coronel Tadeu foi eleito deputado federal em 2018 pelo antigo PSL, partido que havia lançado Jair Bolsonaro à presidência. Ele atraiu polêmica logo em seu primeiro ano de mandato, em novembro de 2019.
Cartaz da consciência negra
Às vésperas do Dia da Consciência Negra, ele arrancou e danificou uma charge alusiva à data exposta no corredor que liga o prédio principal da Câmara dos Deputados aos seus anexos. A obra era uma denúncia à violência policial contra a população negra.
O cartaz em questão retratava um policial abandonando, com arma em punho, o corpo de um cidadão negro baleado. Abaixo, havia um texto, de título "O genocídio da população negra", alertando sobre os índices de violência policial contra esta parcela da população.
Questionado na época pelo Congresso em Foco, justificou a ação afirmando que o conteúdo "era ofensivo, agressivo aos policiais, aos 600 mil profissionais de segurança que nós temos no país", e que não poderia "permitir uma agressão dessa ordem a uma instituição que trabalha 24h por dia pela sociedade". O caso foi levado ao Conselho de Ética, que optou pela censura verbal como punição.
Pandemia
Em 2020, durante a pandemia da covid-19, Coronel Tadeu se juntou ao coro de parlamentares ligados ao ex-presidente que questionavam os índices de letalidade da infecção, criticando políticas de isolamento social. Em junho daquele ano, anunciou a morte de sua madrasta por problemas respiratórios, acusando a unidade médica de atribuir falsamente o laudo a um caso de covid-19.
No mês seguinte, ele próprio contraiu a doença, precisando ser internado por mais de uma semana e receber ventilação mecânica. Mesmo com o quadro intenso, manteve o discurso alinhado ao do ex-presidente, entusiasta de medicamentos experimentais no lugar da busca pela vacina.
"Entrei na pior fase do vírus, hora de entrar com a Ventilação. 11º dia de internação e muito confiante. Azitromicina e Cloroquina já fazem parte desse tratamento. Não iremos perder essa guerra", disse em suas redes sociais.
Troca de partido e derrota eleitoral
Em 2021, Bolsonaro, que havia rompido anteriormente com o PSL, se juntou ao PL. No ano seguinte, o PSL e Democratas se fundiram, dando origem ao atual União Brasil, que alcançou a maior bancada da Câmara dos Deputados. A sigla derreteu diante da janela partidária, na qual a ala de deputados mais próximos ao ex-presidente o acompanharam no Partido Liberal.
Nesse período, Tadeu ocupou a posição de vice-líder do PL. Mesmo com a posição de destaque, não se reelegeu, alcançando pouco mais de 60 mil votos nas eleições. Em 2023, foi contratado como assistente parlamentar no gabinete do senador Marcos Pontes (PL-SP), permanecendo por pouco tempo: de acordo com os dados da prestação de contas do Senado, seu contrato foi encerrado em julho.
Mesmo fora do Congresso, o ex-deputado mantém sua presença nas redes sociais, constantemente produzindo vídeos e transmissões para comentar os principais episódios da política nacional.
Mandato incerto
A sentença proferida no STF contra Carla Zambelli prevê a perda de seu mandato, mas esta não é automática: após o trânsito em julgado, sua defesa pode apresentar recurso na Câmara dos Deputados para que a matéria seja deliberada pelo Conselho de Ética. Caso a decisão seja por acatar o recurso e mantê-la no cargo, a decisão final será deliberada em Plenário.
Zambelli também conta com outra condenação no horizonte: tramita também no STF o processo relativo à perseguição à mão armada ao jornalista Luan Araújo nas ruas de São Paulo na véspera do segundo turno das eleições de 2022. O julgamento está suspenso após pedido de vistas apresentado pelo ministro Nunes Marques, mas já existe uma maioria formada. Tal como no processo sobre o ataque ao CNJ, a sentença inclui a perda de seu mandato.
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