Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. Prisioneiros de Friedman no pós-covid
[Erro-Front-CONG-API]: Erro ao chamar a api CMS_NOVO.

{ "datacode": "BANNER", "exhibitionresource": "NOTICIA_LEITURA", "assettype": "NO", "articlekey": 15196, "showDelay": true, "context": "{\"positioncode\":\"Leitura_Noticias_cima\",\"assettype\":\"NO\",\"articlekey\":15196}" }

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

Prisioneiros de Friedman no pós-covid

Congresso em Foco

27/2/2021 | Atualizado 10/10/2021 às 17:10

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

São Paulo durante a pandemia de covid-19 [/fotografo] Agência Brasil [/fotografo].

São Paulo durante a pandemia de covid-19 [/fotografo] Agência Brasil [/fotografo].
Paulo Dalla Nora Macedo* Desde o início da industrialização nenhuma democracia liberal capitalista avançada saiu das fileiras dos países de alta renda ou regrediu permanentemente ao autoritarismo. Esses são dados comprováveis e não é uma coincidência, afirmam Torben Iversen, da Harvard University, e David Soskice, da London School of Economics, em seu livro lançado em 2019, "Democracia e Prosperidade". Em vez disso, advogam, nas economias avançadas a democracia liberal e o capitalismo, de vários graus, tendem a se reforçar mutuamente. É uma mensagem importante, mas que precisa ser entendida como uma análise do passado e não como uma defesa contra a evolução e aperfeiçoamento do sistema econômico capitalista. Sem endereçar objetivamente questões como a desigualdade e falta de representatividade, extremistas adeptos a modelos de democracia iliberal, de esquerda e de direita, ganham fôlego cultivando frustrações e amarguras. Foi o que vimos na última década. Depois de muita perda de espaço da democracia liberal, é alvissareiro que exista um debate sobre as possíveis correções de rumo do mais bem-sucedido - e imperfeito - sistema já experimentado. Em abril do ano passado, o Financial Times, jornal de negócios mais influente do mundo, publicou um editorial advogando que a pandemia vai obrigar o mundo a repensar o seu contrato social para endereçar as crescentes desigualdades. A referência usada foi o aprendizado dos líderes ocidentais durante a Grande Depressão e após a Segunda Guerra Mundial: para exigir o sacrifício coletivo, você deve oferecer um contrato social que beneficie todos. Em setembro, também de 2020, o New York Times fez uma longa reportagem especial para celebrar os cinquenta anos da publicação, em sua própria revista, do manifesto do economista Milton Friedman: "A responsabilidade social dos negócios é dar lucro". O manifesto justificou o comportamento de gerações de empresários e executivos e ajudou a agravar a desigualdade no mundo, ao colocar o retorno do acionista como único objetivo. Na reportagem de setembro passado, vários líderes globais empresariais, entre eles os CEOs da Blackrock e Salesforce, entenderam que o manifesto perdeu a relevância com a evolução da economia e da sociedade. Bill Gates, da tribo dos libertários da tecnologia, acaba de publicar o seu novo livro, que propõe uma abordagem para combater o desafio climático. Nele, defende que o governo americano tem que quintuplicar o seu investimento na inovação em energia limpa para ter alguma chance de bater as suas metas ambientais. Em outra passagem, ele admite que é preciso uma política pública que incentive e crie mais mercado para inovação. Na dimensão política, a nova administração nos Estados Unidos encarna esse novo paradigma. Em sua primeira semana no cargo, o presidente Joe Biden iniciou a agenda ambiental mais ambiciosa da história dos Estados Unidos, com um compromisso surpreendente de levar o país a zero emissão líquida de carbono até 2050. O presidente também assinou diversos decretos que ajudam a acelerar a transformação energética nos país, entre eles, a liberação de terras federais para exploração de energia solar e eólica. Destacou ainda investimentos da transição energética no seu grande programa de suporte econômico, que está sendo votado. No front do combate à desigualdade ele começou a reconstruir várias políticas desmontadas por Donald Trump. Além dessas medidas de política interna, Biden assinou a reintegração dos EUA no Acordo de Paris para marcar a volta dos EUA ao cenário mundial e do debate da sustentabilidade. E nós, o Brasil, estamos aptos a participar desse debate? Deixando de lado paixões, aqui uma parcela dos líderes empresariais ainda se sente prisioneira do manifesto escrito por Friedman em setembro de 1970. Esse ambiente é menos propício à evolução atualmente, em razão da postura da equipe econômica, que favorece um toque muito leve de regulamentação, quase uma agenda - datada - do tipo Friedman, que se traduz na ausência de políticas para fomentar a transformação da economia para bases mais sustentáveis. Assim como a inovação, como pontuou Gates em seu livro, a sustentabilidade pode e deve ser impulsionada pela política pública adequada, como mostra o pacote de Biden. Infelizmente não é o que assistimos, e o nosso histórico da década passada também não é bom nesse capítulo. Um documento do governo federal intitulado redução do custo Brasil, que está circulando, lista dezenas de programas em andamento. Li o material e não vi referência a projetos de incentivo aos novos paradigmas de desenvolvimento. No entanto, encontrei um projeto que permite a exploração mineral em terras indígenas. Fui além e pesquisei eletronicamente o documento. Não foi possível encontrar, em nenhuma vez, as palavras "sustentabilidade", "energia renovável" e "economia verde". O mesmo se vê com a PEC da Calamidade, que vai permitir o novo e necessário, dado o atraso da vacinação, pagamento do auxílio emergencial. Na PEC não existe nenhuma criação de mecanismos para acelerar investimentos na nova economia sustentável. A falta destes, além de diferir do pacote americano, é dissonante para o que o economista Joseph Stiglitz, Nobel de Economia, preconiza uma entrevista recente no Jornal Valor: "Só vamos sair dessa com estímulos que apoiem as pessoas, mas também preparem uma criação de uma nova economia sustentável." Ao que parece, ainda não nos demos conta da transformação a caminho. Portanto, faz-se urgente que líderes empresariais e políticos atentem para o risco de sermos apenas espectadores na construção do novo contrato social, pois ele certamente está sendo amadurecido e foi acelerado pelo COVID. *Paulo Dalla Nora Macedo é economista, empreendedor e ativista de políticas públicas. O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para redacao@congressoemfoco.com.br.
Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

New York Times estados unidos Joseph Stiglitz bill gates Joe Biden Milton Friedman agenda ambiental liberal Paulo Dalla Nora Macedo Blackrock Salesforce

Temas

Fórum Colunistas
NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

SERVIÇO PÚBLICO

Reajuste para servidores federais: quem ganha e quanto vai custar

2

MEIO AMBIENTE

Saiba como cada senador votou no projeto do licenciamento ambiental

3

Vídeo

Homem acompanhado de crianças ameaça explodir bomba em ministério

4

CÂMARA

Oposição quer derrubar decreto do governo sobre IOF

5

Justiça

Em audiência, Alexandre de Moraes ameaça prender ex-ministro

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES