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Congresso em Foco
21/12/2018 8:00
![Mudança na lei para reforçar conceito de legítima defesa foi uma das propostas de campanha de Bolsonarol[fotografo]Lula Marques / AGPT[/fotografo] Mudança na lei para reforçar conceito de legítima defesa foi uma das propostas de campanha de Bolsonarol[fotografo]Lula Marques / AGPT[/fotografo]](https://static.congressoemfoco.com.br/2018/11/JB-2.jpg) 
 
 Discurso eleito: Bolsonaro será empossado em 1º de janeiro - Foto: Marcelo Camargo / ABr[/caption]
 
A imoralidade é a marca fundamental da extrema direita, pois só assim pode levar adiante a execução dos projetos da plutocracia. Seu único valor defendido é o da conquista e manutenção do poder. Por isso, a desumanidade é sua marca principal, não hesitando em praticar os mais sórdidos crimes para conseguir seu objetivo.
Justamente por ser amoral, ela é chamada pela burguesia para assumir o timão do Estado em momento de intensa crise social, quando é preciso enviar às favas todo escrúpulo de moralidade e implantar, a ferro e fogo, a lógica excludente do capitalismo.
No entanto, a imoralidade da extrema direita não se manifesta apenas em seus crimes de ódio e contra a humanidade, mas também nos crimes comuns contra o patrimônio público e pessoal. Um governo de extrema direita não é apenas profundamente violento, é também profundamente corrupto.
Enquanto autêntico representante da extrema-direita, o futuro governo Bolsonaro expressa bem a razão hipócrita, impondo uma duplicidade lógica em sua prática. Vejamos como isso se dá, primeiro em relação à corrupção.
Corrupção é o segundo nome do capitalismo. A exploração do ser humano pelo outro e a lógica absoluta do dinheiro é o fundamento amoral de toda relação desta forma de sociedade. Contudo, a moralidade oficiosa decreta que tudo deve ser feito de forma limpa, seguindo abstratos padrões de conduta.
Na maior parte do tempo, a plutocracia fecha os olhos às práticas desonestas disseminadas em seu próprio seio, mas, em algum momento e por algum motivo, decide fazer uma "limpa", dirimindo excessos. Mãos Limpas, na Itália, e Lava Jato, no Brasil, são exemplos disso.
Não importa aqui os motivos dos agentes usados na "limpa". Podem ser idealistas ou carreiristas, o que importa mesmo é o resultado.
O combate à corrupção, porém, não pode durar eternamente. Uma hora ou outra o processo atinge um limite, pois a completa moralização do sistema só poderia significar sua supressão. Em algum instante, forma-se o entendimento de que é preciso tolerar os iníquos e tudo volta à normalidade do banditismo anterior.
Bolsonaro aproveitou-se de um destes momentos de combate à corrupção e soube se auto promover enquanto apoiador da Lava Jato e inimigo da roubalheira. No entanto, o próprio - como vem sendo demonstrado - é ele próprio um corrupto, embora um corrupto provinciano. Além dele, seus familiares e membros de seu governo também encontram-se afundados na corrupção, o que explicita a razão hipócrita da dupla lógica.
Mas, certamente, a expressão maior desta racionalidade hipócrita é dada na figura de Sergio Moro. Impiedoso com a corrupção petista, não se vexou de sair em defesa de Onyx Lorenzoni, Paulo Guedes e do próprio Bolsonaro. O outrora cioso juiz moralista, o qual considerava caixa dois mais grave que a apropriação indébita, agora saca sua lógica relativística em defesa do chefe e dos colegas.
Sem dúvida, trata-se de exemplar da lógica hipócrita, a mesma que faz Bolsonaro e seus filhos se calarem diante de questionamentos da imprensa em torno das denúncias, enquanto ficam loquazes ao atacar a corrupção do PT.
 
[caption id="attachment_368313" align="alignnone" width="1280"]
 Discurso eleito: Bolsonaro será empossado em 1º de janeiro - Foto: Marcelo Camargo / ABr[/caption]
 
A imoralidade é a marca fundamental da extrema direita, pois só assim pode levar adiante a execução dos projetos da plutocracia. Seu único valor defendido é o da conquista e manutenção do poder. Por isso, a desumanidade é sua marca principal, não hesitando em praticar os mais sórdidos crimes para conseguir seu objetivo.
Justamente por ser amoral, ela é chamada pela burguesia para assumir o timão do Estado em momento de intensa crise social, quando é preciso enviar às favas todo escrúpulo de moralidade e implantar, a ferro e fogo, a lógica excludente do capitalismo.
No entanto, a imoralidade da extrema direita não se manifesta apenas em seus crimes de ódio e contra a humanidade, mas também nos crimes comuns contra o patrimônio público e pessoal. Um governo de extrema direita não é apenas profundamente violento, é também profundamente corrupto.
Enquanto autêntico representante da extrema-direita, o futuro governo Bolsonaro expressa bem a razão hipócrita, impondo uma duplicidade lógica em sua prática. Vejamos como isso se dá, primeiro em relação à corrupção.
Corrupção é o segundo nome do capitalismo. A exploração do ser humano pelo outro e a lógica absoluta do dinheiro é o fundamento amoral de toda relação desta forma de sociedade. Contudo, a moralidade oficiosa decreta que tudo deve ser feito de forma limpa, seguindo abstratos padrões de conduta.
Na maior parte do tempo, a plutocracia fecha os olhos às práticas desonestas disseminadas em seu próprio seio, mas, em algum momento e por algum motivo, decide fazer uma "limpa", dirimindo excessos. Mãos Limpas, na Itália, e Lava Jato, no Brasil, são exemplos disso.
Não importa aqui os motivos dos agentes usados na "limpa". Podem ser idealistas ou carreiristas, o que importa mesmo é o resultado.
O combate à corrupção, porém, não pode durar eternamente. Uma hora ou outra o processo atinge um limite, pois a completa moralização do sistema só poderia significar sua supressão. Em algum instante, forma-se o entendimento de que é preciso tolerar os iníquos e tudo volta à normalidade do banditismo anterior.
Bolsonaro aproveitou-se de um destes momentos de combate à corrupção e soube se auto promover enquanto apoiador da Lava Jato e inimigo da roubalheira. No entanto, o próprio - como vem sendo demonstrado - é ele próprio um corrupto, embora um corrupto provinciano. Além dele, seus familiares e membros de seu governo também encontram-se afundados na corrupção, o que explicita a razão hipócrita da dupla lógica.
Mas, certamente, a expressão maior desta racionalidade hipócrita é dada na figura de Sergio Moro. Impiedoso com a corrupção petista, não se vexou de sair em defesa de Onyx Lorenzoni, Paulo Guedes e do próprio Bolsonaro. O outrora cioso juiz moralista, o qual considerava caixa dois mais grave que a apropriação indébita, agora saca sua lógica relativística em defesa do chefe e dos colegas.
Sem dúvida, trata-se de exemplar da lógica hipócrita, a mesma que faz Bolsonaro e seus filhos se calarem diante de questionamentos da imprensa em torno das denúncias, enquanto ficam loquazes ao atacar a corrupção do PT.
 
[caption id="attachment_368313" align="alignnone" width="1280"] Bolsonaro e a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, no dia da diplomação do presidente eleito: "Perdão por caneladas" - Foto: Rafael Carvalho / Governo de Transição[/caption]
 
Contudo, a razão hipócrita não está apenas aí. O mesmo Bolsonaro e seus filhos adoradores da ditadura militar, exaltadores da tortura e idolatradores do facínora Brilhante Ustra não ficam nem um pouco vexados em defender a democracia na Venezuela e em Cuba. A hipocrisia é tamanha a ponto de Eduardo Bolsonaro - o qual já posou para foto usando camisa com a foto de Ustra - defender a realização em solo brasileiro de um tribunal para julgar crimes contra a humanidade cometidos em Cuba!
Na verdade, a clara contradição de apoiar crimes contra a humanidade em território nacional e condená-los fora nem chega a enrubescer a família Bolsonaro. Não há nem mesmo uma tentativa discursiva de compatibilizar o duplo discurso, ele é afirmado de forma natural. Dito de outro modo, a dupla lógica de defender a tortura para os inimigos e a os direitos humanos para os amigos é expressão plena da razão hipócrita, agora desnuda de qualquer verniz conciliador.
No campo da economia, a razão hipócrita também se manifesta com a política abertamente anti-trabalhador e pró-capitalista de Paulo Guedes. Em outras épocas, a política econômica de Paulo Guedes seria justificada como sendo em favor do trabalhador ou do país, agora sua facciosidade é assumida na crueza da frase de que "é difícil ser patrão no Brasil".
A razão hipócrita no governo Bolsonaro é a própria prática dupla, sem racionalidade conciliadora. A lógica diferente para os de baixo e os de cima é feita sem escrúpulos, com justificativas aberrantes ou silêncios reveladores. Muitas vezes, a contradição assume ares fanfarrônicos, como defender o "Brasil acima de todos" e bater continência para um membro do quarto escalão do governo americano.
Com Bolsonaro, a razão hipócrita desveste-se de suas máscaras de civilização e mostra-se abertamente enquanto dupla lógica: liberdade completa aos poderosos e subjugação radical ao povo. O fato do futuro presidente neofascista possuir um intelecto mínimo é uma vantagem para o processo, pois não há perda de tempo tentando racionalizar a contradição, ela é simplesmente assumida e levada a cabo. Não se pensa, se faz.
O regime de extrema direita, porém, é de difícil manutenção justamente porque a exacerbação da razão hipócrita torna a vida social difícil. A imoralidade no topo do Estado acaba funcionando como um difusor, levando à generalização da inobservância da moral em toda sociedade. Por isso mesmo, a extrema direita sempre parte para um regime ditatorial, pois apenas através do estado de exceção é possível garantir a ordem social enquanto no topo se pratica a desordem.
Esperemos que Jair Bolsonaro não chegue a este nível com o desdobramento de sua razão hipócrita.
* Bacharel e mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais, onde atualmente cursa o doutorado. É colunista do site Naufrago da Utopia, de Celso Lungaretti.
 Bolsonaro e a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, no dia da diplomação do presidente eleito: "Perdão por caneladas" - Foto: Rafael Carvalho / Governo de Transição[/caption]
 
Contudo, a razão hipócrita não está apenas aí. O mesmo Bolsonaro e seus filhos adoradores da ditadura militar, exaltadores da tortura e idolatradores do facínora Brilhante Ustra não ficam nem um pouco vexados em defender a democracia na Venezuela e em Cuba. A hipocrisia é tamanha a ponto de Eduardo Bolsonaro - o qual já posou para foto usando camisa com a foto de Ustra - defender a realização em solo brasileiro de um tribunal para julgar crimes contra a humanidade cometidos em Cuba!
Na verdade, a clara contradição de apoiar crimes contra a humanidade em território nacional e condená-los fora nem chega a enrubescer a família Bolsonaro. Não há nem mesmo uma tentativa discursiva de compatibilizar o duplo discurso, ele é afirmado de forma natural. Dito de outro modo, a dupla lógica de defender a tortura para os inimigos e a os direitos humanos para os amigos é expressão plena da razão hipócrita, agora desnuda de qualquer verniz conciliador.
No campo da economia, a razão hipócrita também se manifesta com a política abertamente anti-trabalhador e pró-capitalista de Paulo Guedes. Em outras épocas, a política econômica de Paulo Guedes seria justificada como sendo em favor do trabalhador ou do país, agora sua facciosidade é assumida na crueza da frase de que "é difícil ser patrão no Brasil".
A razão hipócrita no governo Bolsonaro é a própria prática dupla, sem racionalidade conciliadora. A lógica diferente para os de baixo e os de cima é feita sem escrúpulos, com justificativas aberrantes ou silêncios reveladores. Muitas vezes, a contradição assume ares fanfarrônicos, como defender o "Brasil acima de todos" e bater continência para um membro do quarto escalão do governo americano.
Com Bolsonaro, a razão hipócrita desveste-se de suas máscaras de civilização e mostra-se abertamente enquanto dupla lógica: liberdade completa aos poderosos e subjugação radical ao povo. O fato do futuro presidente neofascista possuir um intelecto mínimo é uma vantagem para o processo, pois não há perda de tempo tentando racionalizar a contradição, ela é simplesmente assumida e levada a cabo. Não se pensa, se faz.
O regime de extrema direita, porém, é de difícil manutenção justamente porque a exacerbação da razão hipócrita torna a vida social difícil. A imoralidade no topo do Estado acaba funcionando como um difusor, levando à generalização da inobservância da moral em toda sociedade. Por isso mesmo, a extrema direita sempre parte para um regime ditatorial, pois apenas através do estado de exceção é possível garantir a ordem social enquanto no topo se pratica a desordem.
Esperemos que Jair Bolsonaro não chegue a este nível com o desdobramento de sua razão hipócrita.
* Bacharel e mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais, onde atualmente cursa o doutorado. É colunista do site Naufrago da Utopia, de Celso Lungaretti.
 
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> No Brasil do atraso, Bolsonaro é presidente e Felipão é campeão
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