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Congresso em Foco
17/9/2007 | Atualizado 18/9/2007 às 13:19
Eduardo Militão
A nova denúncia contra o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, não vai atrapalhar o governo a aprovar a CPMF no Câmara. A avaliação é do presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Inquérito da Polícia Federal que detalha o chamado “mensalão mineiro” – embrião da suposta propina paga a deputados em troca de apoio político no Congresso – envolve Walfrido, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e, de forma indireta, o governador de Minas, o tucano Aécio Neves (veja a íntegra do inquérito).
“Do ponto de vista político, ali há figuras importantes da vida nacional, notadamente da oposição e tem também da base do governo”, disse Chinaglia ontem (17). “Não vejo como isso possa interferir no trabalho da Câmara”, afirmou o petista, que convocou mais sessões plenárias para esta semana, num esforço concentrado para votar a CPMF.
De acordo com investigação da PF que está nas mãos do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, Eduardo Azeredo se beneficiou de um esquema que desviou dinheiro público para custear sua campanha a governador, em Minas, em 1998. “Tratavam-se de fundos públicos desviados das administrações direta e indireta do Estado de Minas Gerais e de valores repassados à coligação eleitoral por empresários, empreiteiros e banqueiros com interesses econômicos junto ao poder público daquela unidade da Federação”, diz o relatório do delegado Luís Flávio Zampronha.
Segundo ele, a “complexa organização criminosa” incluía a atuação de Walfrido, encarregado de definir estimativas de gastos da campanha de Azeredo. Ao comentar um documento produzido por ele, o ministro admitiu o repasse de dinheiro à então candidata ao Senado Júnia Marisa. Ela recebeu R$ 200 mil do empresário Marcos Valério Souza, de acordo com a PF. Também teve o dedo de Walfrido o pagamento de R$ 4,5 milhões ao publicitário Duda Mendonça, valor pago com a ajuda de Valério, relata Zampronha.
A PF diz que uma empresa do ministro, a Samos Participações, cobriu rombos na conta corrente de Valério, após o empresário emitir cheques ao tesoureiro de Azeredo, Cláudio Mourão. O relatório policial informa que a Samos teve movimentação financeira incompatível com a renda declarada à Receita Federal.
Repasses irregulares
Esta é a terceira denúncia contra Walfrido neste ano. O Congresso em Foco publicou, em abril passado, que o então ministro do Turismo liberou R$ 24 milhões para entidades sem fins lucrativos, como sindicatos mineiros, contrariando a Lei de Diretrizes Orçamentárias – investigação que, atualmente, corre na Procuradoria da República no Distrito Federal e no Tribunal de Contas da União.
No mesmo mês, este site noticiou que o Supremo segura, desde outubro de 2005, uma ação de improbidade contra o ministro, por uso particular de aviões do governo de Minas. O processo continua parado no gabinete do ministro Gilmar Mendes.
Amenos
Ontem, petistas no Congresso amenizaram as denúncias contra Walfrido. Chingalia lembrou da presunção da inocência dele e elogiou seu trabalho no governo. “A PF deverá provar, ou o Ministério Público ou o Judiciário. Avalio que ele tem credibilidade no governo e, da minha parte, não tenho nenhum elemento para condená-lo”, disse o presidente da Câmara. Chinaglia asseverou que Walfrido é “um bom ministro”.
O vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), seguiu na mesma linha. “Eu tenho o maior respeito pela vida pública dele. Pessoalmente, acho ele uma figura pública correta, articulada, um bom ministro”, defendeu.
Tião considerou normal pesarem três denúncias contra Walfrido, todas reveladas neste ano. “Quem está na vida pública que não tem denúncias?”, questionou. O petista disse que o assunto deverá estar na pauta da reunião semanal da bancada do PT, marcada para hoje (18).
O senador Paulo Paim (PT-RS) disse não querer prejulgar o ministro das Relações Institucionais. Para ele, só o presidente Lula pode decidir por eventual afastamento de Walfrido. “Pode acontecer, mas é decisão dele. Com o José Dirceu [ex-ministro da Casa Civil que deixou o governo por conta do caso do mensalão no Congresso Nacional], o presidente deu todas as oportunidades para ele ficar. Se o presidente entender que há um desgaste político para o governo, ele deve tomar as providências que achar convenientes.”
Paim lembrou que a questão se refere a Minas Gerais e atinge o PSDB. “Mas não quero fazer um julgamento partidarizado”, ponderou.
Caixa dois
O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), que participou da CPI dos Correios, que investigou o mensalão em 2005, amenizou as denúncias – mas contra o companheiro de partido Eduardo Azeredo. “Não é um fato novo. Foi levantado pela CPI. O fato novo é a denúncia [do Ministério Público] estar próxima e o nome do Walfrido. Envolve gente de vários partidos, mas figuras muito fortes do atual governo”, avaliou o tucano.
Segundo ele, em Minas Gerais não houve mensalão, ou seja, pagamento de propina a deputados estaduais em troca de apoio político. O problema, diz o tucano, eram recursos de campanha não contabilizados, o caixa dois. Por meio de sua assessoria, Azeredo alegou a mesma coisa: “Foi um problema financeiro da campanha, que não era de minha responsabilidade”.
Fruet rebateu a afirmação de Chinaglia segundo a qual figuras da oposição estão “notadamente” mais envolvidas no caso. “É um entusiasmo adolescente. Um jogo de compensações. Esse não é um troféu para o PT, o de que foi vítima de uma conspiração em Minas”, rechaçou.
Falsário
Azeredo afirmou que “a denúncia é falsa, baseada em uma lista falsificada produzida por um falsário”. Ele se refere a uma lista de pagamentos constante no inquérito policial que lista diversos políticos que receberam dinheiro supostamente ilegal do e
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