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Congresso em Foco
24/5/2007 | Atualizado às 10:23
Escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal e publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo ligam Bruno Reis, assessor parlamentar do deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), a dois acusados de colaborar com o esquema de fraude em obras e licitações públicas investigado pela Operação Navalha.
Nas conversas, ele negocia com o ex-superintendente da PF Joel de Almeida Lima e com o lobista Francisco Catelino. Segundo a PF, os dois forneciam informações privilegiadas ao dono da construtora Gautama, Zuleido Veras, acusado de comandar o esquema.
Não há indícios de envolvimento direto de ACM Neto, mas, ao menos uma vez, Francisco Catelino tentou contato com o parlamentar. Em 9 de setembro, Catelino conversa com um homem identificado como Luaminho: "Não se esqueça de falar com Neto, aquele negócio de Camaçari", diz Luaminho. "Já liguei para Bruno e disse que preciso conversar com ACM Neto", responde Catelino.
O "negócio de Camaçari" é, segundo a PF, a liberação de R$ 11,5 milhões para obras da Gautama no município baiano.
Bruno Reis aparece nas gravações em conversas relativas ao depósito de um cheque de R$ 10 mil. Catelino tenta depositar o que seria o pagamento por um serviço prestado ao assessor.
Na primeira conversa, gravada em 13 de setembro de 2005, Catelino pede a Joel Lima que ligue para uma pessoa indentificada como Michel para falar do cheque. Michel, segundo disse ACM Neto a O Estado, poderia ser um irmão de Bruno.
Lima orienta o lobista: "A notícia importante nós já demos. A solução para ele foi dada. Eu vou ligar (...), vou botar pressão". Na mesma conversa, Catelino diz que "são dez mil, cinco de cada", e Lima responde: "É, eu preciso para complementar meus trabalhos".
Em 22 de setembro, Bruno Reis atende um telefonema de Catelino no escritório de ACM Neto em Salvador. Eles acertam um encontro para tratar do cheque. No dia 26, Catelino conta a Joel Lima que falou com Reis. Mais uma vez é orientado a dizer que o serviço foi prestado. "Diz para ele: ‘o Joel pegou o cheque em minha mão e vai meter o cheque, porque a noticia foi dada, o serviço foi feito’".
A O Estado, o deputado disse não acreditar que Bruno Reis tenha cometido atos ilícitos. O Congresso em Foco tentou contato com ACM Neto e com o assessor. ACM está em viagem a Nova York e não foi localizado no telefone celular. Bruno Reis e o assessor de imprensa do deputado em Salvador, Alexandre Reis, não estavam no escritório e a secretária disse que só poderia informar outro número de contato dos dois "com autorização dos próprios".
O deputado Paulo Magalhães (DEM-BA), primo de ACM Neto, é acusado pela PF de receber R$ 20 mil da Gautama. Questionado sobre o envolvimento do sobrinho com a máfia, o senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA) declarou, no início da semana, que "corruptor e corrupto de R$ 20 mil são insignificantes". (Carol Ferrare)
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