Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Artigos >
  3. A Justiça sem proteção e o 'império do medo' das facções criminosas | Congresso em Foco

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

Justiça

Entre o martelo e a toga: a Justiça sem proteção e o 'império do medo' das facções criminosas

A vulnerabilidade de juízes e promotores diante das facções expõe a omissão do Estado na proteção de quem combate o crime.

Celeste Leite

Celeste Leite

29/10/2025 13:00

A-A+
COMPARTILHE ESTE ARTIGO

A recente operação da Polícia Civil e do Ministério Público (MP) de São Paulo (MP) revelou um plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para executar altas autoridades do sistema de Justiça, incluindo juízes e promotores. Tal notícia escancara o quanto profissionais que atuam na linha de frente no combate à criminalidade, seja na seara do Judiciário quanto na segurança pública, estão expostos e cada vez mais vulneráveis diante das facções.

Segundo as investigações, os ataques seriam uma retaliação direta às ações do Estado contra lideranças da organização, como a transferência de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do PCC, para um presídio federal de segurança máxima, anos atrás. Prova de que a facção não hesita em ameaçar a estrutura institucional do país.

Não se trata de episódio isolado. Há todo um histórico de intimidações, de atentados e de perseguições, que colocam em risco não apenas a integridade física, mas, também, o equilíbrio mental de juízes, de promotores, de procuradores e de defensores públicos em geral.

Estamos falando de profissionais que, por força da atuação laboral, enfrentam diariamente o poder paralelo do crime organizado - e, em regra, sem o respaldo necessário do Estado em termos de proteção. A exposição constante a esse tipo de risco exige medidas concretas e eficazes, que, convenhamos, vão além do reconhecimento simbólico e público da gravidade da situação.

A falta de proteção aos operadores do Direito enfraquece a resposta institucional ao crime organizado no país.

A falta de proteção aos operadores do Direito enfraquece a resposta institucional ao crime organizado no país.Freepik

Neste contexto, causa surpresa e indignação o veto parcial do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao projeto de lei 4.015/2023, que reconhecia como atividade de risco permanente as funções exercidas por membros do Judiciário, do MP e da Defensoria Pública.

A versão sancionada da matéria aumentou as penas para crimes cometidos contra estes agentes. No entanto, o trecho que previa demais medidas especiais de proteção foi suprimido, o que frustrou a expectativa de mais segurança para a classe.

Tal decisão reacende o debate sobre a vulnerabilidade dos operadores do Direito face a facções, como o PCC. Sem o reconhecimento formal de que suas funções constituem atividades de risco real, juízes, promotores - e, na seara da segurança pública, delegados de polícia - seguem expostos, sem escolta, sem proteção de dados pessoais e sem protocolos específicos quando presentes em zonas de perigo.

A ausência de medidas robustas e eficazes pode comprometer não apenas a proteção individual destes profissionais, mas, sobretudo, a eficácia do sistema de Justiça como um todo no enfrentamento ao crime organizado. Afinal, quando o medo se torna variável constante na atuação jurídica, a imparcialidade, a firmeza e a independência institucional são colocadas em xeque.

É urgente que o Estado brasileiro reavalie sua postura diante desta realidade alarmante. O fortalecimento das instituições passa, necessariamente, pela valorização (estrutural, financeira) e, por óbvio, pela proteção de seus agentes.

Reconhecer o que enfrentamos cotidianamente não é apenas uma questão de Justiça - é medida estratégica, a fim de garantir que o combate às facções aconteça com firmeza, segurança e legitimidade.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

Justiça

Temas

Judiciário
ARTIGOS MAIS LIDOS
1

Caio Favaretto

Entre Trópicos de Jacarta a Belém, o roteiro Brasil-Indonésia

2

Aníbal Diniz

A nova fronteira da conectividade

3

Heber Galarce

O caso Enel e o dever do Estado de defender seus reguladores

4

Rodrigo Maia

O papel essencial do setor financeiro no desenvolvimento do Brasil

5

João Paulo Silveira

A internet é um adolescente que cresceu com pais ausentes

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES