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Beth Veloso
TECNOLOGIA
30/4/2025 14:52
Estar no meio do apagão foi uma experiência muito impactante. Eu estava trabalhando normalmente quando, de repente, tudo caiu: sem internet, sem telefone, sem sinal de celular.
As luzes de parte da cidade se apagaram, o transporte público parou, e em poucos minutos as pessoas começaram a se perguntar o que estava acontecendo. Fui à rua e vi caixas eletrônicos inoperantes, lojas fechando às pressas, e até sinais de trânsito piscando de forma irregular.
A sensação de vulnerabilidade foi imediata. Percebemos o quanto dependemos da energia elétrica e da conectividade para as atividades mais simples do dia a dia.
No começo surgiram muitos boatos de um possível ataque cibernético. Mas, após as investigações, as autoridades confirmaram que a causa foi um fenômeno climático raro: variações extremas de temperatura no interior da Espanha provocaram oscilações elétricas anômalas.
Essas oscilações afetaram as linhas de alta tensão, causando uma perda de sincronização entre os sistemas de Portugal e Espanha e levando ao apagão em cascata.
Então, tecnicamente, não foi um ataque, mas a falta de resiliência das redes elétricas deixou todo mundo exposto.
A falta de informações claras e a ansiedade generalizada geram um ambiente perfeito para a disseminação de fake news. Rapidamente surgiram mensagens de que seria uma retaliação russa, especialmente num momento de tensões provocadas pela guerra na Ucrânia.
Isso mostra como a guerra híbrida que mistura ações militares e ataques informacionais é uma realidade. A desinformação se espalha quase tão rápido quanto a própria crise.
A principal lição que esse episódio nos deixa sobre nossa relação com a tecnologia é a fragilidade. Percebemos como nossa vida moderna depende de sistemas tecnológicos globais interconectados e, muitas vezes, frágeis. Um fenômeno natural ou um erro humano em uma parte do mundo pode paralisar cidades inteiras em poucos minutos.
Além disso, aqui na Europa, ficou ainda mais evidente o quanto a infraestrutura digital é dependente de grandes provedores e em especial das Big Techs americanas, como Amazon, Microsoft e Google, que controlam servidores, nuvens e redes de distribuição.
Esse apagão revelou também a vulnerabilidade geopolítica: a Europa precisa pensar em soberania digital, em construir infraestruturas próprias, para não ficar tão exposta a interesses externos.
A guerra na Ucrânia também se conecta a essa vulnerabilidade, pois acelerou o uso de estratégias híbridas: ataques cibernéticos contra infraestruturas, campanhas de desinformação, tentativas de enfraquecimento econômico por meio da sabotagem tecnológica.
A dependência europeia de redes globais tanto de energia quanto de comunicação virou um ponto crítico. Há uma pressão para desenvolver mais tecnologias próprias, mas é um caminho longo. Enquanto isso, episódios como o apagão mostram como a segurança energética e a segurança digital são, cada vez mais, questões de soberania nacional e regional.
Reduzir a dependência total é quase impossível. A tecnologia digital já faz parte da nossa infraestrutura vital. Mas podemos e devemos construir sistemas mais resilientes: ter redes alternativas, planos de emergência, educação da população para lidar com apagões digitais e campanhas públicas contra desinformação.
E, claro, precisamos investir em autonomia tecnológica em energia renovável local, em servidores próprios, em nuvens europeias, em software seguro. É uma questão de segurança nacional.
O Brasil tem dimensões continentais e enfrenta seus próprios desafios climáticos e estruturais. A rede elétrica brasileira também é vulnerável a oscilações e a ataques cibernéticos. Por isso, a preparação é fundamental: investir em infraestrutura, educação em segurança digital, e estratégias de resposta rápida é crucial para qualquer país que queira proteger sua sociedade no século XXI.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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