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Como os robôs humanoides e a Inteligência Artificial Física transformarão a sociedade

Robôs ocuparão tarefas repetitivas e perigosas, mas só trarão benefícios se houver leis claras e educação social.

Beth Veloso

Beth Veloso

25/9/2025 11:00

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Os robôs humanoides e a chamada inteligência artificial física intrigam muita gente. Mais do que ficção científica, essa tecnologia já está presente e promete transformar a sociedade. Mas junto com as oportunidades, surgem dilemas: quais os riscos? Como regular esse mercado para que seja saudável e seguro?

Muita gente pensa em ficção científica quando ouve falar em robôs humanoides. Mas a lógica desse formato está no fato de o mundo ser feito para humanos. Para contar para a gente como esses robôs funcionam e em que medida já fazem parte da nossa vida cotidiana, eu conversei com o Marcel Nobre, especialista em tecnologia e inovação.

A gente já convive com robôs há muito tempo - aspiradores e assistentes virtuais, como Alexa, são exemplos. O mundo foi construído para seres humanos, e por isso muitos robôs são humanoides, para se adaptar melhor ao ambiente. Eles usam sensores como LIDAR e aprendem por treinamento por reforço. Não significa que sempre precisarão ser parecidos conosco, mas hoje esse formato ajuda na adaptação.

Porém, existe sempre um receio de que robôs possam se voltar contra nós. Definidas há mais de 70 anos, as três leis da robótica do Asimov ainda fazem sentido hoje? O problema está no robô ou em quem o programa e usa?

As três leis de Asimov são importantes como princípio ético, mas não bastam. Em primeiro lugar, o robô não pode ferir um ser humano ou permitir que ele sofra dano. A segunda lei é que o robô deve obedecer às ordens humanas, ao menos que entre em conflitos com a primeira lei.

E a terceira é que o robô deve proteger a sua própria existência contanto que essa proteção não viole as duas leis anteriores. Então, teoricamente, a gente deveria se sentir confortável e seguro se isso fosse feito. E aí está muito menos relacionado à aparência do que às funcionalidades de um robô.

Já vimos robôs em formato de cachorro com armas, por exemplo. A ameaça maior é a manipulação humana e a possibilidade de invasões. Além disso, existe a diferença cultural: no Ocidente, predomina a distopia; no Oriente, os robôs são mais vistos como aliados.

Um ponto interessante é que os robôs ocuparão espaços de seres humanos 'robotizados, em tarefas repetitivas ou perigosas. Como o Brasil pode se preparar para essa transição, nos explica Marcel Nobre.

"Está escrito no Código Penal que a gente não pode matar outros seres humanos. E mesmo assim, o Brasil é um dos países que mais tem assassinatos no mundo. Então, lógico que isso tem que estar numa lei, lógico que isso tem que estar explícito, mas isso não impede que aconteça. E aí eu não acho que é só sobre regulação, eu acho que sim, temos que ter regulação. Não é só nas pessoas, você tem que regular quem produz esses robôs, quem comercializa esses robôs, quem usa esses robôs. E eu acho que a gente precisa também fazer um papel de educação, da gente começar a entender. Com certeza, eles podem ajudar bastante a gente, imagina, em tarefas perigosas, em coisas que não deveriam ser seres humanos que deveriam estar fazendo. Então, como é que a gente faz isso? Como é que a gente aproveita desse desenvolvimento ou até estimula o desenvolvimento tecnológico para que robôs humanoides ocupem os espaços de seres humanos robotizados? Eu sempre digo isso, a física ou os robôs humanizados, eles vão ocupar os espaços de seres humanos robotizados. Como é que a gente faz para que essa transição aconteça, que a gente estimule isso? Inclusive que a gente estimule a ciência e a produção tecnológica local aqui no Brasil, porque a gente tem empresas, a gente tem iniciativas, universidades, é excelente já fazer alguns projetos nisso."

Marcel Nobre menciona que legislar demais pode travar a inovação, mas legislar de menos coloca em risco a vida. Mas qual seria esse equilíbrio? Que medidas mínimas precisam estar na lei para evitar abusos?

Robôs humanoides podem transformar a vida cotidiana até 2030, mas dilemas éticos e legais precisam ser enfrentados agora.

Robôs humanoides podem transformar a vida cotidiana até 2030, mas dilemas éticos e legais precisam ser enfrentados agora.Freepik

O Brasil discute, no PL 2338/2023, que a vida deve estar no centro da regulação da IA. Mas não basta escrever na lei que é proibido isso ou aquilo, é preciso criar mecanismos concretos para impedir ameaças à vida, e uma delas é controlar a autonomia dos robôs, como explica Marcel Nobre.

"Por mais que a gente criasse ou respeitasse as três leis de Asimov, você imagina o seguinte, imagina que a gente dá autonomia total para um robô, o que eu não sou a favor da gente fazer, tá? Mas vamos supor que você dá autonomia, conecta esse robô à fonte de energia, à fonte de conexão com a internet. E ele entende, de forma correta, que o ser humano é uma ameaça à sobrevivência do próprio ser humano. Então, ele pode decidir, se ele tiver o poder de decisão, que, de acordo com as leis de Asimov, ele tem que proteger o ser humano dele mesmo. Então, ele vai matar bilhões de pessoas para poder proteger algumas pessoas, quem sabe os donos dessas próprias fábricas. Então, é muito importante a gente entender que não tem como proibir, não é o caminho proibir, o caminho é a gente regular, é a gente entender, legislar."

Até 2030, se prevê robôs humanoides entre nós, até dentro das casas. Que legado positivo eles podem trazer e o que precisamos garantir para que essa revolução seja realmente a serviço da humanidade?"

Conforme Marcel nos ensina, os robôs humanoides vão ocupar os espaços de seres humanos robotizados. Eles podem ajudar em tarefas perigosas, mas precisamos de regulação em camadas: leis que proíbam usos nocivos, regras para indústrias que produzem, e educação para a sociedade conviver com essa nova realidade.

O princípio deve ser sempre a vida humana no centro. Isso garante que a tecnologia sirva e não ameace as pessoas", como alerta Marcel Nobre.

"Eu não acho que a gente tem que parar, não. Eu acho que nem dá para parar. Eu acho que essa é uma evolução natural do ser humano. Eu acho que a gente tem que ter alguns acordos, alguns guardrails, alguma espécie de segurança e de legislação para evitar que isso aconteça. Senão, é como se a gente falasse o seguinte, então, vamos proibir as facas? Porque, apesar de a gente usar para cortar carne ou pão, tem um maluco que entra numa escola e mata crianças com uma faca. Eu não acho que proibir seja o melhor caminho. O que a gente precisa fazer é discutir e regular. O grande ponto é que os robôs e novas tecnologias disruptivas ocupam um espaço onde a legislação ainda não chegou. E aí a gente fica tentando ajustar as tecnologias às legislações existentes, o que é um grande erro. Então, a gente precisa de verdade, e aí a gente entra numa discussão de que se legislar demais mata a inovação, se legislar de menos a gente tem risco. Essa é uma discussão que está evidente agora, por exemplo, com a inteligência artificial, e que a gente vai ter que ter essa discussão com robôs humanoides."

Dá para fazer um paralelo com o que está acontecendo com as redes sociais, que parecem estar fora de controle?

Marcel lembrou que o mundo foi feito para humanos. É por isso que precisamos pensar desde já em regulações adaptadas a essa realidade, para não repetir o erro que aconteceu com as redes sociais, que cresceram sem um marco legal adequado.

A transição para um mundo com robôs humanoides exige também educação social e adaptação do mercado de trabalho. O foco tem que ser sempre a dignidade da vida humana. Robôs podem ser aliados, mas precisam estar a serviço da sociedade, não do lucro sem limites.

Confira a entrevista:


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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