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Michel Platini
descaso criminoso
19/3/2023 7:27
 
 
 Maria de Lourdes viu o filho de 30 anos morrer aos seus pés. Foto: Arquivo de família[/caption]
É recorrente que pessoas com transtornos mentais e pessoas com deficiência intelectual tenham as suas falas descredibilizadas. E, neste caso concreto, esse desprezo à dor de uma pessoa em suposto "surto". Enquanto Warlley gritava por socorro, por meio de gestos, a sua vida era entregue de bandeja por aqueles que costumam banalizar a vida de pessoas com quadro de "agitação psicomotora".
Em vídeos fornecidos pela família, é possível verificar Warlley se debatendo no chão da UPA II, na Ceilândia. O mais aterrorizante é assistir ao comportamento negligente dos profissionais de saúde, que viam a cena e passavam pelo paciente, em uma rotina macabra e sem demonstrar qualquer preocupação. A mãe de Warlley informou ainda que, minutos após o registro das imagens, ele começou a perder os sinais vitais. Ela assistiu, assim, ao seu filho se despedindo da vida e morrer aos seus pés sem poder fazer nada para socorrê-lo.
Não bastassem os momentos de terror e desespero vivenciados por essa família, o atestado de óbito entregue à dona Maria apresentava a síndrome de down como uma das causas da morte, além da insuficiência renal, da pneumonia e do diabetes. O que deixou a família de Warlley e todas as entidades de defesa dos direitos humanos das pessoas com síndrome de down indignadas.
Sabemos que estamos diante de uma sociedade capacitista, que resiste a compreender que pessoas com a trissomia do 21 são sujeitas de direito e merecem respeito.
É importante reforçar que síndrome de down não é doença e não leva à morte de ninguém. Negligência, racismo e capacitismo são letais e o caso concreto desse jovem demonstra justamente isso. O atestado de óbito se soma ao episódio continuado de tortura ao qual essa família foi submetida.
A trágica semana no Distrito Federal foi marcada por dois óbitos em unidades que deveriam ser de pronto atendimento. O racismo, além do capacitismo foram componente determinantes para essas mortes.
Por isso o nosso papel para denunciar a banalização da morte de pessoas que deveriam ser atendidas com prioridade absoluta conforme determina a lei brasileira de inclusão (LBI). E o que nos resta neste mês em que comemoramos o Dia Internacional da Síndrome de Down, no próximo dia 21, é denunciar a barbárie a que são submetidas pessoas que recorrem ao serviço de saúde e encontram a morte sem necessidade e por negligência.
O Centro Brasiliense de Defesa dos Direitos Humanos, presidido por mim, ingressou com uma representação solicitando à Secretaria de Saúde a abertura de um procedimento investigativo e afaste a equipe envolvida. Representamos também na Promotoria de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, pedindo para investigar a conduta omissiva, solicitando que realize alteração no atestado de óbito, tirando síndrome de down como uma das razões do óbito e um requerimento para a Polícia Civil transferir a investigação para a Decrin, delegacia especializada em crimes de ódio contra pessoas com deficiência. As advogadas do Centrodh Karoliny Lira Gregório e Priscila Carneiro Rodrigues estão acompanhando o caso como assistentes de acusação e irão ingressar com ação civil peticionando indenização e o pagamento de uma pensão.
Quem poderá nos socorrer diante do silêncio de quem deveria agir? No dia 21 de março estaremos mais uma vez nas ruas, não para comemorar o Dia Internacional da Síndrome de Down, estaremos lá para gritar por justiça por Warlley e todas as pessoas que morreram sem precisar morrer por serem quem são: negro, com síndrome de down e da periferia da capital do Brasil. Brasília não se constrange em ter nos jornais estampados a inoperância das autoridades constituídas para serem exemplos e não vergonha nacional. Warlley presente!
Ajude a família do Warley, doando pelo Pix de sua irmã: 6199444-0486.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
 Maria de Lourdes viu o filho de 30 anos morrer aos seus pés. Foto: Arquivo de família[/caption]
É recorrente que pessoas com transtornos mentais e pessoas com deficiência intelectual tenham as suas falas descredibilizadas. E, neste caso concreto, esse desprezo à dor de uma pessoa em suposto "surto". Enquanto Warlley gritava por socorro, por meio de gestos, a sua vida era entregue de bandeja por aqueles que costumam banalizar a vida de pessoas com quadro de "agitação psicomotora".
Em vídeos fornecidos pela família, é possível verificar Warlley se debatendo no chão da UPA II, na Ceilândia. O mais aterrorizante é assistir ao comportamento negligente dos profissionais de saúde, que viam a cena e passavam pelo paciente, em uma rotina macabra e sem demonstrar qualquer preocupação. A mãe de Warlley informou ainda que, minutos após o registro das imagens, ele começou a perder os sinais vitais. Ela assistiu, assim, ao seu filho se despedindo da vida e morrer aos seus pés sem poder fazer nada para socorrê-lo.
Não bastassem os momentos de terror e desespero vivenciados por essa família, o atestado de óbito entregue à dona Maria apresentava a síndrome de down como uma das causas da morte, além da insuficiência renal, da pneumonia e do diabetes. O que deixou a família de Warlley e todas as entidades de defesa dos direitos humanos das pessoas com síndrome de down indignadas.
Sabemos que estamos diante de uma sociedade capacitista, que resiste a compreender que pessoas com a trissomia do 21 são sujeitas de direito e merecem respeito.
É importante reforçar que síndrome de down não é doença e não leva à morte de ninguém. Negligência, racismo e capacitismo são letais e o caso concreto desse jovem demonstra justamente isso. O atestado de óbito se soma ao episódio continuado de tortura ao qual essa família foi submetida.
A trágica semana no Distrito Federal foi marcada por dois óbitos em unidades que deveriam ser de pronto atendimento. O racismo, além do capacitismo foram componente determinantes para essas mortes.
Por isso o nosso papel para denunciar a banalização da morte de pessoas que deveriam ser atendidas com prioridade absoluta conforme determina a lei brasileira de inclusão (LBI). E o que nos resta neste mês em que comemoramos o Dia Internacional da Síndrome de Down, no próximo dia 21, é denunciar a barbárie a que são submetidas pessoas que recorrem ao serviço de saúde e encontram a morte sem necessidade e por negligência.
O Centro Brasiliense de Defesa dos Direitos Humanos, presidido por mim, ingressou com uma representação solicitando à Secretaria de Saúde a abertura de um procedimento investigativo e afaste a equipe envolvida. Representamos também na Promotoria de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, pedindo para investigar a conduta omissiva, solicitando que realize alteração no atestado de óbito, tirando síndrome de down como uma das razões do óbito e um requerimento para a Polícia Civil transferir a investigação para a Decrin, delegacia especializada em crimes de ódio contra pessoas com deficiência. As advogadas do Centrodh Karoliny Lira Gregório e Priscila Carneiro Rodrigues estão acompanhando o caso como assistentes de acusação e irão ingressar com ação civil peticionando indenização e o pagamento de uma pensão.
Quem poderá nos socorrer diante do silêncio de quem deveria agir? No dia 21 de março estaremos mais uma vez nas ruas, não para comemorar o Dia Internacional da Síndrome de Down, estaremos lá para gritar por justiça por Warlley e todas as pessoas que morreram sem precisar morrer por serem quem são: negro, com síndrome de down e da periferia da capital do Brasil. Brasília não se constrange em ter nos jornais estampados a inoperância das autoridades constituídas para serem exemplos e não vergonha nacional. Warlley presente!
Ajude a família do Warley, doando pelo Pix de sua irmã: 6199444-0486.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].Tags
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