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A qualidade da educação em debate: a formação de professores

Para melhorar a educação, o gestor precisa focar a questão da "formação dos professores" a partir de uma ótica científica e pragmática.

João Batista Oliveira

João Batista Oliveira

4/6/2024 8:18

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Foto: Pixabay

Foto: Pixabay
Nesta terça-feira 4 de maio a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados propõe uma audiência pública com um curioso título: "Formação de professores e a qualidade dos recursos empregados no sistema educacional".  O título do evento é curioso, o tema é oportuno. O título é curioso por duas razões. Primeiro porque coloca como questão principal a formação dos professores.  Ou seja, já pressupõe que esse é o problema ou um problema que merece atenção.  Segundo porque associa o tema da qualidade a recursos. Estaria o Congresso Nacional interessado em saber se estamos formando gente demais? De menos? Com a qualidade esperada? Com custos adequados? Com impacto compatível com o custo? O debate tornará isso mais claro. Além do curioso título, o seminário também é oportuno, pois dezenas de parlamentares são candidatos a prefeito. E os que não o são apoiam prefeitos nos municípios de seu interesse. Neste artigo discuto algumas ideias que apresento no referido evento, e que podem ser úteis para os parlamentares interessados em melhorar a educação no seu município. Comecemos pelo fim.  A formação de professores é um meio. O fim é um ensino de qualidade.  E um ensino de qualidade depende de ter um bom professor na sala de aula.  A formação do professor é essencial.  Porém, é preciso entender o que é formação e o que dizem as evidências a respeito das diferentes maneiras de formar e recrutar professores. O que dizem as evidências sobre o que é um bom professor? Duas ideias muito importantes. Primeiro, o professor precisa dominar o conteúdo do que vai ensinar.  Segundo, o professor precisa saber ensinar. E o que dizem as evidências sobre o ensino de conteúdos?  Aqui não há segredo - desde, pelo menos, a Idade Média, as universidades desenvolveram diferentes modelos tanto para o ensino acadêmico quanto para o ensino profissional. Quanto à aprendizagem de conteúdos possuímos duas informações valiosas.  Maior o talento, maior a probabilidade de aprendizagem.  Mas isso não basta, o esforço e dedicação tanto podem compensar quanto exponenciar o talento.  Portanto, para escolher quem deve ensinar é necessário avaliar o que as pessoas efetivamente sabem sobre o que irão ensinar - independentemente do talento e da forma como aprenderam. Bons professores devem possuir um conhecimento profundo das disciplinas que ensinam, das ciências que estão por detrás delas e da estrutura mais adequada para organizar e transmitir esse conhecimento.  Mas não precisam saber sobre currículos - pois currículos podem mudar ao longo da vida dos professores.  Se quisermos sofisticar um pouco mais o processo de seleção podemos exigir que também conheçam o suficiente sobre o desenvolvimento humano, especialmente o desenvolvimento do cérebro e suas implicações para os processos de aprendizagem e socialização de crianças e jovens, conforme o caso. Mas não basta saber conteúdo, é preciso saber ensinar. E como ensinar alguém a ser professor?  Os requisitos para a formação profissional de professores se assemelham à dos profissionais de saúde - os futuros profissionais aprendem observando, convivendo e recebendo feedback de profissionais experientes. Nos países de tradição germânica, por exemplo, o sistema de formação de professores segue os mesmos princípios do sistema "dual" de formação profissional: metade no tempo na escola e metade discutindo com professores experientes o que observaram na escola. É aí que entram as teorias - e só interessa aquelas que oferecem respostas concretas às questões práticas que o professor enfrentou diante dos alunos. Em alguns países a formação profissional se dá por meio de estágios probatórios supervisionados ao longo de 1 a 3 anos, geralmente realizados em escolas que funcionam bem, asseguram ao futuro professor modelos concretos de como devem agir para promover aprendizagem dos alunos. O nome do jogo é prática supervisionada com feedback construtivo e qualificado. Moral da história:  a roda não precisa ser reinventada.  Concursos bem feitos podem avaliar se candidatos a professor dominam os conteúdos das disciplinas que querem ensinar - não importa o curso superior que fizeram.  Isso ampliaria enormemente a quantidade de potenciais interessados no magistério. E, se o exame for rigoroso, também amplia a qualidade do corpo docente. O maior desafio reside em organizar estágios probatórios de alta qualidade. Quem quiser seguir essa via só terá boas notícias.  Se conseguirmos recrutar professores muito bem formados, a tarefa do estágio probatório pode ser grandemente aliviada. O programa Teach for America, por exemplo, recruta excelentes alunos de excelentes universidades, oferece a eles um treinamento intensivo de altíssimo nível, em 5 semanas, e algum acompanhamento posterior.  A maioria desses jovens professores, ao final de dois anos, tem desempenho equivalente aos melhores professores. Outra boa notícia. Se qualquer graduado qualificado puder se candidatar a vagas de professor - independentemente do curso que fez na graduação -, há chances de aumentar a concorrência e a qualidade dos candidatos. Mais notícia boa.  Existe um precedente legal interessante - a contratação temporária de profissionais - que já se tornou comum em cargos técnicos das Forças Armadas.  Nada impede que a legislação seja estendida para quem quiser ser professor. Outro ponto que merece atenção é o aumento do número de pessoas adultas qualificadas - como também o aumento do seu horizonte de vida. Ou seja: muitas pessoas de meia idade e "jovens aposentados" podem ser professores por pelo menos uma boa dezena de anos. E para concluir o rol de boas notícias: praticamente tudo que está dito acima pode ser feito no âmbito de um município ou estado - sem necessidade de legislação. E cabe um lembrete final: a demanda por professores vai se reduzir dramaticamente em função das mudanças demográficas e do maior tempo necessário para as pessoas se aposentarem. Portanto, se um prefeito ou governador quiser dar um salto de qualidade na educação, ele já dispõe de todos - ou quase todos instrumentos - para transformar profundamente o perfil dos docentes de sua rede de ensino.  Mas, para fazer isso, é preciso enfocar a questão da "formação dos professores" a partir de uma ótica científica e pragmática.   O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].  
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