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14/11/2005 | Atualizado 15/11/2005 às 19:57

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Said Barbosa Dib*

 "Dissimulador é aquele que ora censura, ora recomenda uma mesma atitude, conforme lhe vem ou cai melhor"

G. Mazzarino - Breviário dos políticos (Carnets)

A cena deprimente do senhor João Alberto Capiberibe no plenário do Senado com um esparadrapo na boca, fazendo beicinho de vítima injustiçada, irritado com a decisão soberana da mais alta instância da Justiça brasileira, pegou muito mal entre seus pares, assessores, jornalistas e funcionários presentes.

Quase ninguém gostou da atitude, principalmente nesses tempos bicudos de mensalão, quando o que se quer e o que se espera é o fortalecimento do Congresso e a melhoria de sua imagem junto à população. O comentário geral era de que Capi, forçando a barra e agindo assim, demonstrava desprezo para com as instituições democráticas. Fazia-se, também, uma comparação inevitável entre sua atitude covarde e o comportamento de Roberto Jefferson. Este, diziam, como homem, pelo menos assumira seus erros, enfrentara a situação e não procurou "bodes expiatórios", como fez Capi com relação ao senador Sarney.

O importante é que se diga que "não se pode ser um Mozart quando se nasce Salieri". Ou seja, o desespero de Capiberibe em difamar Sarney faz pensar numa velha preocupação epistemológica da pedagogia: é necessário que um aluno que queira se destacar na criação musical já tenha um dom natural, como Mozart, ou bastam técnicas apreendidas repetidamente em aula, como caninamente o burocrático músico Salieri foi treinado? Ou, no caso político em questão, ser que se pode ser um Sarney, quando se nasce um João Alberto Capiberibe?

O filme "Amadeus" trata exatamente dessa questão: a frustração de não ser tudo aquilo que se deseja, e o ódio decorrente justamente da constatação de que há alguém infinitamente melhor do que você justamente naquilo que mais se ama. Mozart, um gênio. Salieri, um medíocre invejoso e vingativo. Sarney, homem de Estado, conciliador, realizado e respeitado nacionalmente, tanto por aliados quanto por adversários. Capi, meão sem luz própria, improdutivo.

Por isso, tenta se fazer presente justamente às custas de Sarney. Salieri, por sua vez, é capaz de tomar atitudes tão paradoxais que, algumas vezes, o espectador fica na dúvida se ele ama ou odeia Amadeus, como no caso do amargurado Capiberibe em relação ao sucesso do acadêmico Sarney.

A cena mais emocionante do filme "Amadeus" acontece quase ao final, quando Salieri tem a oportunidade de ver Mozart compondo, como ocorre com o sofrível Capiberibe na política, quando está a assistir o sucesso absoluto de Sarney em nível federal, mas vê a própria carreira política se deteriorar. Numa cena decisiva, enquanto o criador de Réquiem em ré menor, literalmente dita as notas, o compasso e a letra, para um incrédulo Salieri, este percebe o quão incapaz é de acompanhar o ritmo do gênio. Ele não consegue sequer compreender o que lhe está sendo dito. Mas, por instantes, seduzido pela magia de Amadeus, bloqueia momentaneamente o próprio ódio e fica maravilhado com o talento do oponente, como o menino Capiberibe fica estupefato com a capacidade política de Sarney, que oblitera a sua própria incompetência.

*Said Barbosa Dib é historiador e analista político em Brasília.

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