Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
CONGRESSO
Congresso em Foco
26/5/2025 | Atualizado às 20:44
Cerca de 300 profissionais da saúde, entre médicos e cirurgiões-dentistas de todas as regiões do Brasil, desembarcam nesta semana em Brasília para pressionar o Congresso Nacional pela aprovação do piso salarial das categorias. A mobilização, batizada de Segunda Caravana pelo Piso Salarial, ocorre entre os dias 26 e 29 de maio e marca uma das semanas mais decisivas para o avanço de dois projetos que tratam do tema no Senado e na Câmara dos Deputados.
As duas propostas (veja os principais pontos delas mais abaixo) devem ser votadas por comissões nesta terça (27) e na quarta-feira (28).
A primeira votação está prevista para o Senado, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde o PL 1.365/2022, de autoria da senadora Daniella Ribeiro (PP-PB), propõe um novo piso de R$ 13.662 para médicos e dentistas. O valor equivale a nove salários mínimos para jornada de 20 horas semanais, com reajuste anual pelo IPCA e aplicação obrigatória tanto no setor público quanto no privado. O projeto é relatado pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que apresentou parecer favorável à aprovação.
O impacto orçamentário estimado pelo Ministério da Gestão é de R$ 9,2 bilhões em 2025 para o novo piso, além de R$ 71 milhões referentes aos adicionais de horas extras e noturnas. Caso aprovado pela CAE, o texto segue para a Comissão de Assuntos Sociais (CAS), onde será analisado em caráter terminativo ou seja, sem necessidade de votação em plenário antes de ser remetido à Câmara dos Deputados.
Na Câmara, na quarta-feira, a Comissão de Trabalho deve votar o PL 765/2015, de autoria do ex-deputado Benjamin Maranhão (PB). O projeto, relatado pelo deputado Lucas Ramos (PSB-PE), propõe um piso de R$ 10.991,19 e reforça a aplicação também a servidores estatutários.
A proposta ainda precisa passar pela Comissão de Finanças e Tributação e, depois, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Se aprovado, poderá ser enviado ao Senado sem votação no plenário, por tramitar em caráter conclusivo.
Lei de 1961
A mobilização nacional reacende o debate sobre a defasagem dos pisos salariais das categorias, ainda regidas pela Lei nº 3.999/1961, que fixa o salário base em três vezes o salário mínimo, sem prever correção inflacionária nem abrangência clara para servidores públicos.
Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou a ADPF 325, em 2022, o valor do piso ficou congelado, o que agravou as desigualdades regionais. Em alguns locais, segundo entidades da área, profissionais recebem menos de R$ 1.500 por 20 horas semanais de trabalho no SUS.
Desigualdade regional e precarização
A caravana também evidencia a disparidade entre estados. Em unidades da federação como o Piauí, há uma carreira pública estruturada; já em outras, como a Bahia, os valores estão aquém do ideal, segundo a médica Rita Virgínia Ribeiro, secretária-geral da Federação Nacional dos Médicos e presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia.
Ela alerta que a proliferação de faculdades de medicina, aliada à ausência de legislação atualizada, tem contribuído para a queda na remuneração. Estudo da Federação estima que o piso ideal, hoje, deveria ser superior a R$ 19 mil.
Caravana Brasília
A primeira caravana, realizada em novembro de 2024, coincidiu com a aprovação do PL 765/15 na Comissão de Saúde da Câmara. Agora, com um número ainda maior de participantes, a expectativa das entidades é que a mobilização ajude a destravar de vez a tramitação das propostas e abra caminho para a votação final ainda neste semestre.
As entidades destacam que um piso justo é fundamental para fixar profissionais no SUS, melhorar o atendimento à população e combater a precarização das carreiras da saúde.
Nos próximos dias, os profissionais intensificarão as articulações por meio de visitas a gabinetes parlamentares, reuniões com líderes partidários e encontros com representantes do governo federal. Um dos principais pedidos é uma audiência com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
"Essa atualização do piso salarial visa resgatar a dignidade das duas profissões, que estão sendo exploradas e desrespeitadas no Brasil", afirma Rita Virgínia.
Líder do Movimento Dentistas do SUS, o cirurgião-dentista Ermano Batista da Costa destaca o esforço conjunto das duas categorias. "Nos últimos meses, houve muita articulação entre a classe, as entidades, os relatores, os presidentes das comissões e os demais envolvidos. O objetivo foi destravar pontos que envolviam os PLs, como emendas, pautas, inclusão e exclusão de interesses para uma tramitação eficiente", afirmou.
Segundo ele, o movimento está levando 100 cirurgiões-dentistas com apoio de vaquinhas, enquanto as entidades somam entre 50 e 100 representantes, geralmente com cerca de três participantes cada. "No total, a caravana conta com aproximadamente 300 participantes", acrescentou.
O que preveem os projetos em votação nesta semana:
No Senado
A versão apresentada pelo relator, Nelsinho Trad, propõe:
Além disso, o texto revoga integralmente a Lei nº 3.999/61 e institui um novo marco legal, mantendo garantias como:
Na Câmara
A versão apresentada pelo deputado Lucas Ramos na Comissão de Trabalho propõe:
Tags
Temas
LEIA MAIS
Código Eleitoral
Com reforma em debate no Senado, Código Eleitoral completa 60 anos
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Câmara dos Deputados
Diante de exílio de Eduardo, projeto prevê exercício remoto do mandato
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Hugo Motta exonera servidores remotos para encerrar especulações
AGENDA DA SEMANA
Veja cinco assuntos na mira do Congresso na semana antes do recesso