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AÇÃO PENAL DO GOLPE
Congresso em Foco
24/6/2025 | Atualizado às 16:51
O Supremo Tribunal Federal (STF) realizou nesta terça-feira (24) a acareação entre ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro e vice de sua chapa em 2022, Walter Braga Netto e o Tenente-Coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do presidente. A audiência serviu para confrontar os depoimentos dos dois réus sobre pontos relevantes para a ação penal na qual ambos respondem por golpe de Estado, junto a outros membros da cúpula do antigo governo.
As divergências se concentraram em dois episódios: uma reunião realizada com militares em 12 de novembro de 2022, na residência de Braga Netto, onde a Procuradoria-Geral da República afirma ter sido organizada a tentativa de assassinato do presidente Lula, conhecida como Operação Punhal Verde e Amarelo, e o posterior repasse de dinheiro pelo General ao major Rafael de Oliveira para patrocinar os protestos em defesa de uma intervenção militar sobre o resultado eleitoral.
Durante a acareação, Mauro Cid disse ter "retificado" seu depoimento anterior, alegando ter subestimado anteriormente o teor do encontro de oficiais na casa de Braga Netto.
Reunião de oficiais
Mauro Cid disse que o encontro na casa de Braga Netto foi sugerido pelos coronéis Rafael de Oliveira e Hélio Ferreira Lima, inconformados com o resultado das eleições. Os dois pretendiam "causar um caos" para forçar a "decretação de um estado de defesa ou um estado de sítio". Cid relatou que procurou o General, marcou a reunião e compareceu com os dois militares.
Durante o encontro, os três teriam discutido formas de mobilizar apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro, com a intenção de criar um cenário de instabilidade. "A discussão estava nesse nível, o que poderia ser feito para que tivesse um caos utilizando as massas", declarou. Ele relatou ainda que Braga Netto pediu sua saída do local com o argumento de que sua presença poderia comprometer o presidente: "Não, o Cid não pode participar, tira o Cid porque ele está muito próximo ao Bolsonaro".
Em sua delação, Cid havia declarado inicialmente que o encontro serviria apenas para que os coronéis conhecessem o General. Na acareação, admitiu que mudou a versão: "Eu tô retificando o meu depoimento". Disse ter subestimado o episódio, mas que reviu a avaliação ao saber da existência da operação Punhal Verde e Amarelo.
Braga Netto rejeitou esse relato. Disse que não conhecia os militares e que apenas permitiu a entrada deles por cortesia, após ser avisado por Cid. "Eles conversaram comigo 20, 30 minutos", contou. Segundo ele, o encontro foi superficial, com troca de amenidades, e todos deixaram o local juntos. Ao ser questionado se houve qualquer plano discutido, respondeu: "Não, senhor, não tocaram em assunto nenhum de operação".
Entrega de dinheiro
O segundo ponto de conflito diz respeito a um suposto repasse de recursos a militares. De acordo com Mauro Cid, dois dias após a reunião, ele recebeu uma ligação de Oliveira pedindo ajuda financeira. Disse que levou a demanda ao General, que sugeriu que os militares apresentassem uma solicitação por escrito. "Pega para eles fazerem uma solicitação, o que eles precisam inicialmente; e nós vamos ver se o partido consegue bancar alguma coisa", relatou.
Com a negativa do PL, Cid contou que Braga Netto lhe entregou uma sacola de vinho carregada de dinheiro. Ele afirmou que repassou o valor ao major, sem verificar o conteúdo, já que a sacola estava lacrada. Calculou o montante com base no peso, mas não soube precisar a quantia. Disse ainda que a entrega foi feita no Palácio da Alvorada, e que ocorreu sem testemunhas.
Questionado por que omitiu essa parte nos primeiros depoimentos à Polícia Federal, respondeu que estava emocionalmente abalado pelas prisões de colegas e só entendeu a gravidade do episódio mais tarde. "Estava em choque", justificou. Também mencionou que a Polícia deu maior ênfase à reunião de 12 de novembro, o que teria ofuscado a questão financeira naquele momento.
Braga Netto negou qualquer envolvimento com o repasse. Confirmou que foi procurado por Cid com o pedido de recursos, mas que orientou o militar a procurar o tesoureiro do PL, Coronel Azevedo. Segundo o General, após a recusa do partido, o assunto foi encerrado. "Morre o assunto", respondeu, acrescentando que não tinha contato com empresários e que nunca forneceu dinheiro ao Tenente-Coronel.
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