Comissão debate papel dos data centers na economia digital

A Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados promoveu, nesta quarta-feira (3), uma discussão sobre a relevância dos data centers para o avanço da economia digital. O encontro foi realizado em audiência pública a respeito do projeto de lei 1.680/25, que visa estabelecer a Política Nacional para Processamento e Armazenamento Digitais, com o intuito de ampliar a infraestrutura tecnológica do Brasil. O deputado David Soares (União-SP) atua como relator da proposta.

A diretora do Departamento de Transformação Digital do Ministério do Desenvolvimento, Cristiana Viana Rauen, ressaltou que os centros de inteligência artificial consomem 70% mais energia em comparação aos convencionais. Esses centros demandam um fornecimento de energia estável, refrigeração adequada e alta velocidade de conexão.

Segundo ela, a matriz energética brasileira, predominantemente limpa e renovável, torna o país um destino atrativo para investimentos. "Dados são o principal ativo econômico da atualidade. [...] Nenhum país pode se furtar a participar de um processo que se beneficie de uma infraestrutura digital de prontidão, como é o foco do projeto em análise."

O professor de Economia da Universidade de Brasília, Jorge Arbache, destacou que 90% da energia consumida no Brasil é renovável, em contraste com 24% nos Estados Unidos, 32% na China e 45% na Europa. "Na melhor das hipóteses, Europa, China e Estados Unidos teriam uma matriz elétrica tão renovável quanto a do Brasil em 18 a 30 anos, mantidos os investimentos atuais. Isso coloca o Brasil no mapa dos data centers."

O vice-presidente da Associação Brasileira de Data Center, Luis Tossi, enfatizou a urgência de ações para atrair investimentos. "Esses data centers estão sendo decididos e construídos hoje, para implementação nos próximos cinco anos. O tempo médio de implantação no Brasil é de 18 a 24 meses. Precisamos de medidas de atração de investimentos em prazo muito curto, porque a janela está passando."

Michael Mohallem, representante do Google Cloud no Brasil, afirmou que a política de incentivo ao setor deve buscar um equilíbrio entre o Estado e o mercado, promovendo previsibilidade e reduzindo a centralização nas decisões governamentais. Atualmente, o Brasil conta com 189 data centers, o que corresponde a aproximadamente 2% do total global.