Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Tragédia indígena
Congresso em Foco
27/2/2023 16:06
O papel teve como destinatários o procurador-geral da República, Augusto Aras, os ministros da Defesa, José Múcio Monteiro; da Justiça, Flávio Dino , e da Casa Civil, Rui Costa, e os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A PGR encaminhou o ofício para sua 6ª Câmara de Coordenação, em Brasília, que por sua vez enviou o ofício ao Ministério Público Federal (MPF) do Amazonas e de Roraima. No documento, no qual anexou o relato dos senadores, a subprocuradora-geral da República Eliana Peres Torelly de Carvalho, coordenadora da 6ª Câmara, escreveu ao MPF dos dois Estados "para conhecimento e providências cabíveis, solicitando a gentileza de nos manter informados acerca das diligências adotadas".
Além dos três senadores, participaram do sobrevoo à região, "uma operação", segundo o Senado, o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), José Múcio, os ministros dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e das Comunicações, José Juscelino, os comandantes militares do Exército, Tomás Paiva, da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno, o comandante do Estado-Maior das Forças Armadas, Renato Rodrigues Aguiar Freire, e os deputados federais Duda Ramos (MD-RR), Albuquerque (Republicanos-RR) e Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR).A presença de Chico Rodrigues, Hiran e Mecias de Jesus numa comissão do Senado para acompanhar a emergência Yanomami já foi repudiada pelas principais organizações indígenas e indigenistas, que pedem a saída desses parlamentares da comissão. O Conselho Indígena de Roraima (CIR), que representa 261 comunidades indígenas no Estado, disse em nota que os senadores Chico Rodrigues e Hiran "jamais se posicionaram a favor do povo Yanomami e dos povos indígenas de Roraima" durante todo governo de Jair Bolsonaro (2019-2022).
Em maio de 2022, lembrou o CIR, Rodrigues participou de uma diligência promovida pela Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal na terra Yanomami. Ela teve o objetivo de "acompanhar as medidas adotadas pelas autoridades acerca da situação da comunidade Yanomami". Na ocasião, disse o CIR, o senador Rodrigues "negou que houvesse qualquer violação de direitos dos povos indígenas na TI Yanomami, negando o genocídio em curso". "É de se questionar até onde estão infiltrados na estrutura do Estado Brasileiro os representantes dos crimes e interesse dos garimpeiros ilegais no Estado de Roraima. Não aceitamos que grupos políticos usem o Senado para atender interesses escusos. É dever constitucional da referida casa legislativa garantir a proteção aos direitos constitucionais dos povos indígenas. Mas nesse caso da comissão, com a atual presidência da comissão, há claro conflito de interesse", disse o CIR.
Instituições ligadas à causa indígena protesta que os três senadores de Roraima têm posição favorável ao garimpo. Foto: Urihi Yanomami[/caption]
Também em nota, a Hutukara Associação Yanomami (HAY) mencionou que Rodrigues "era dono de avião que circulava no garimpo ilegal na terra indígena Yanomami". Em 2020, o senador foi "flagrado pela Polícia Federal com R$ 33 mil na cueca". "Com ele foi apreendida uma pedra que se suspeitava ser uma pepita de ouro, durante uma operação para apurar um suposto esquema criminoso de desvio de recursos públicos para o combate à Covid-19 em Roraima."
Sobre Mecias de Jesus, a Hutukara mencionou que ele foi denunciado por uma empresa de táxi aéreo, que presta serviços para transporte da saúde indígena na terra Yanomami, por "cobrança de propina, achaque e fraude em licitação". Durante o governo Bolsonaro, Mecias fez as indicações dos gestores do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami. "A corrupção se instalou no distrito e a nossa saúde foi negligenciada e muitas mortes aconteceram, um verdadeiro plano de genocídio e extermínio do nosso povo", disse a Hutukara na nota.
Uma terceira organização indígena, a Urihi Associação Yanomami (UAY) lembrou que o senador Hiran votou, quando era deputado federal, a favor do projeto de lei (490/2007) "que inviabiliza demarcações de terras indígenas" e do projeto de lei (191/2020) que tentava autorizar a mineração em terras indígenas. O filho do senador Mecias, Jhonatan de Jesus, também votou a favor do PL 191.
"Vale lembrar que, como povo Yanomami, temos o direito de negar a presença de pessoas que desrespeitem a nossa cultura e nossos saberes ancestrais. Não aceitaremos parlamentares favoráveis à mineração ilegal participando das decisões e ações humanitárias dentro da Terra Indígena Yanomami", diz a nota assinada pelo presidente da UAI, Júnior Hekurari Yanomami. Ele foi autor de inúmeras denúncias nos últimos quatro anos sobre a degradação da saúde na terra Yanomami.
Na manhã do dia 20 de fevereiro, Chico Rodrigues apareceu na comunidade Surucucu, levado por um avião militar, sem prévia comunicação com as lideranças indígenas Yanomami e sem consultar dois colegas que hoje integram a comissão, Eliziane Gama (PSD-MA) e Humberto Costa (PT-PE). Júnior Hekurari, da UAy, disse aos indígenas na ocasião que Rodrigues representava interesses dos garimpeiros. Mais tarde, Júnior disse, em nota, que o senador surpreendeu com sua "visita indesejada e desrespeitosa". "Não aceitamos a presença destes transgressores dentro do nosso território sagrado. Nosso protocolo de consulta deve ser consultado e respeitado, mediante ações, decisões e visitas que podem afetar os direitos da população Yanomami."
No dia seguinte, Rodrigues postou no Twitter que visitou a área "para acompanhar de perto a evolução da situação". "Em Surucucu, estive no pelotão do Exército e sobrevoei áreas com presença de garimpos."
Tags
LEIA MAIS
Isenção Tributária
Câmara realiza audiência sobre fim do imposto de importação até US$ 50