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Congresso em Foco
24/11/2019 17:27
E o ministro falou, falou, falou, um dia inteiro, até que não lhe restasse, se não, um fio de voz. Periodicamente combatia uma imprecisa "lenda urbana" que deveria ser entendida como sinônimo de assacadilha a respeito das idas e vindas de sua conduta no caso. No final, o voto ficou tão confuso quanto os fatos nele narrados e os instáveis fundamentos utilizados. O olhar, sisudo, em prolongados silêncios, seguia seu roteiro pelas duas fileiras de poltronas onde sentam os ministros. Misteriosa sisudez, como que a mandar recados com a expressão facial...
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É coisa sabida que o ministro não tem socorro de muitas luzes. Chegou à presidência por força do rodízio rotineiro. Seu desempenho no cargo está marcado por providências tomadas com forte viés autoritário. Valendo-se da maioria de ocasião formada quando ele próprio inverteu sua opinião sobre a questão, afrontou a nação pondo em pauta a prisão após condenação em segunda instância. Foi ele que mandou apreender a edição da revista Crusoé e do site O Antagonista após publicarem matéria que o atingia. Foi ele que instaurou um tribunal de exceção para o qual contou com a colaboração do ministro Alexandre de Moraes.
Em 20 de novembro, coube-lhe proferir o voto com menos pé e ainda menos cabeça de que se tem notícia. A frase do colega Roberto Barroso ("tem de chamar um professor de javanês") e a resposta de Edson Fachin ao repórter que lhe pediu opinião sobre o voto que ouvira ("Tem uma pergunta mais fácil?"), sintetizam um dos dias mais desperdiçados no ano judiciário.
* Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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