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Maracanazos

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7/6/2016 | Atualizado às 8:06

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Fábio Flora * Em menos de uma semana, o estupro coletivo sofrido pela adolescente carioca já tinha parado no canto inferior esquerdo - comprovadamente o de menor visibilidade - da capa de um dos nossos principais jornais. Enquanto isso, o terço superior da página era dominado pelo futebol, esporte que costuma alegrar o domingo dos machos. É assim que as coisas funcionam hoje em dia: toda indignação tem seus quinze segundos de fama (e olhe lá). Não por acaso Michel Temer chegou a dizer que, para ele, havia no país uma "onda de violência" contra a mulher - onda essa que, segundo historiadores, existe desde que Adão atirou o fruto proibido na cabeça de Eva e a levou desacordada, pelos cabelos, até uma caverna. A rapidez tsunâmica com que crimes e escândalos são descartados pela mídia talvez explique o lapso do presidente interino. É curioso que de outros lapsos a memória nacional não sofra. Quantos de nós não sabem o significado da expressão "Maracanazo", com seu emezão e zê espanhol? Pergunte mesmo aos que nasceram bem depois de 1950 e muitos responderão que a palavra é sinônimo de tragédia - uma tragédia que marcou a história não só de uma seleção de futebol, mas também de uma nação inteira. Quem nunca ouviu falar da derrota de dois a um para o Uruguai na final da Copa, diante de duzentas mil testemunhas no velho Mário Filho? A comoção gerada pelo inesperado vice-campeonato dentro de casa foi tão grande (ou tornada tão grande), que inspiraria o dramaturgo Nelson Rodrigues a criar o termo "complexo de vira-lata": "A inferioridade em que o brasileiro - um narciso às avessas - se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo", segundo o próprio escritor. Não é o caso de alimentarmos ainda mais esse sentimento - mesmo com um crime tão bárbaro (quanto o que vitimou a jovem citada) a nos assombrar. Afinal, abusos como esse acontecem não apenas em nossas favelas ou condomínios de luxo; acontecem também em universidades americanas, cidades alemãs e ônibus indianos. A cultura do estupro está disseminada nas mais diversas latitudes. Mas não seria o caso, sim, de transformarmos o episódio em trauma que atravessasse gerações? Não seria o caso de cada pai, cada mãe contar essa história de terror aos seus filhos para que eles contem aos filhos deles? Não seria o caso de as escolas incluírem em seus currículos (mais) discussões sobre a violência contra a mulher? Não seria o caso de a imprensa dar cada vez mais espaço para o tema? Não seria no mínimo educativo que, daqui a quarenta ou cinquenta anos, cada cidadão brasileiro ainda guardasse na memória não a derrota numa partida de futebol - não o sete-a-um de dois anos atrás, por exemplo, edição revista e ampliada do Maracanazo -, mas aquela infame goleada de cinco, dez, vinte, trinta e três a... uma? Quem sabe assim, um dia, os milhões de treinadores se tornassem também milhões em ação contra o machismo e a misoginia - esses dois brucutus do pensamento que há muito tempo já deveriam ter sido expulsos de campo. * Cronista residente no Rio de Janeiro, Fábio Flora mantém o blog Pasmatório e perfil no Twitter. Mais textos de Fábio Flora  
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