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Sonho ainda distante

Congresso em Foco

19/11/2008 | Atualizado às 18:52

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Para o coordenador-geral da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira), Sionei Leão, a falta de critérios seguros para identificação da raça negra é um empecilho na formação de uma "consciência negra" no Brasil. Assim, o voto negro, tão significativo para levar o democrata Barack Obama à vitória na eleição presidencial nos EUA, encontra mais obstáculos para ser aglutinado por aqui. "O movimento negro ainda não conseguiu ser massa", resume Sionei.

Segundo estudo do Centro Integrado para Estudos Políticos e Econômicos, instituição americana de pesquisa e políticas públicas, a participação do voto afro-americano no Partido Democrata, durante as primárias que elegeram Obama como candidato, cresceu 115% em relação ao pleito anterior.

Sionei Leão acredita que, no Brasil, esse grau de mobilização ainda não é possível. "É um anseio nosso eleger políticos negros, mas não temos sucedido como desejamos. O grupo não está intimamente ligado na hora do voto", conclui.

Transição necessária

O professor da UFRJ Marcelo Paixão também acredita que, até que a presença de negros em cargos de liderança seja algo natural no Brasil, as políticas de inserção educacional são de grande valia. Para ele, a partir dessas políticas afirmativas será possível formar negros que, naturalmente, começarão a ascender em outros aspectos sociais. O ingresso mais expressivo na vida política do país será, portanto, uma conseqüência dessa preparação.

Já a reserva de cotas na política, prevista no Estatuto da Igualdade Racial, em tramitação no Congresso, é combatida pelo pesquisador. Para ele, a entrada do negro na política não pode ser uma obrigação, mas fruto de um processo de formação. "Não tem como impor ao eleitor uma vontade. Não é com mecanismos restritivos que vamos resolver o problema", avalia.

O cantor Netinho de Paula (PCdoB), eleito vereador este ano em São Paulo com quase 85 mil votos, acredita que a vitória de Obama irá obrigar uma mudança de conceito no Brasil. "Obama é o resultado de políticas afirmativas e o Brasil tem que entender isso", defende.

Discurso para todos

Parte da imprensa americana destacou o fato de o presidente eleito não ter utilizado o rótulo de candidato negro em sua campanha. Sua postura independente chegou a causar certa desconfiança entre alguns líderes tradicionais da política negra. Ao mesmo tempo, conquistou a simpatia de eleitores da maioria branca, que viam nele uma prova de evolução social, em um país que, há cerca de 40 anos, praticava a segregação institucional. 

"A sociedade teve que fazer sua catarse. A eleição de Obama reflete um novo estágio de maturidade social que vivem hoje os americanos", reflete o professor Marcelo. Para conquistar essa maturidade, foram necessárias algumas décadas de políticas de inserção.

Hoje, nos Estados Unidos, 81% dos negros acima dos 25 anos têm o segundo grau completo, em comparação com apenas 28% em 1976. O número de negros pobres caiu de 42% em 1966 para 23% atualmente. O número de candidatos negros por lá também disparou, aumentando oito vezes desde 1970, ainda segundo o Centro Integrado para Estudos Políticos e Econômicos.

O senador Paulo Paim (PT-RS), um dos principais defensores da causa negra no Congresso, acredita que a vitória de Barack Obama possui uma intensa simbologia não só para o movimento negro, mas também para os brancos. "Isso alavanca a auto-estima da comunidade e é, ao mesmo tempo, um choque de cultura. Ele deu o exemplo de que é possível chegar lá", acredita.

Marcelo Cândido acredita que, indiretamente, a eleição de Obama pode repercutir no Brasil. Mas é preciso aumentar a discussão dentro dos partidos sobre o papel do negro na política, ressalva. Além disso, pondera, o próprio candidato não pode ter um discurso único. “Ele tem que levantar a bandeira do negro, mas também mostrar que possui bagagem e competência para tratar de outros assuntos”, recomenda.

Movimento diluído

O caminho a percorrer, porém, pode ser bastante longo. O movimento está diluído, no Brasil, em dezenas de organizações sociais, que não possuem um órgão que as unifique. Com isso, o levantamento de dados sobre a população negra para uma melhor definição de políticas públicas de eqüidade racial e aumento de sua representatividade política fica dificultado.

O próprio ministro de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, vê com cautela o exemplo americano. "Ainda estamos longe de chegar a esse ponto (ter um presidente negro) no Brasil. Os negros são 49,4% da população brasileira, mas isso não se reflete na representação institucional. No Congresso Nacional, por exemplo, não há nem 10% de deputados negros", disse ao comemorar a vitória de Obama.

Apesar de ser representada institucionalmente junto ao poder público através de secretarias e conselhos, nos níveis federal, estadual e municipal, as mais de 40 instituições não-governamentais que levantam a bandeira do movimento não possuem um órgão que as represente, segundo informações do Conselho Nacional de Igualdade Racial.

 

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