Ficou para amanhã (21), às 9h, a votação do requerimento de acareação que colocaria frente a frente os dois protagonistas do vazamento do dossiê – o ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil José Aparecido e o assessor do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) André Fernandes, respectivamente emissor e receptor dos e-mails com informações sobre gastos com cartão durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
Hoje (20), o depoimento de ambos à CPI Mista dos Cartões Corporativos se alongou mais do que o esperado e, depois de consultar os presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente
Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Garibaldi Alves (PMDB-RN), a presidente da CPI, Marisa Serrano (PSDB-MS), ouviu as lideranças no colegiado e resolveu adiar a votação.
Para a oposição, a acareação é indispensável para a continuidade das investigações da CPI, uma vez que os depoimentos teriam apresentado contradições “em vários pontos”, como considerou há pouco Marisa Serrano. Para ela, sem acareação a
CPI corre o risco de ser encerrada sem apresentar conclusões consistentes, o que deporia contra os parlamentares que insistiram em sua instalação. “Sou a favor da acareação. Os depoimentos são divergentes em vários pontos, então nada melhor do que colocar um na frente do outro, e isso aqui na Casa foi feito inúmeras vezes, em quase todas as CPIs”, opinou Marisa.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), avisou que a oposição insistirá na acareação, mesmo com o obstáculo da maioria governista no colegiado, contrária à aprovação do requerimento. Para o tucano, o depoimento de André Fernandes foi mais “verdadeiro” do que o de José Aparecido. “O doutor André Fernandes falou mais sinceramente, ao meu ver, porque não se protegeu, não se opôs a fazer a acareação, não buscou
habeas corpus, falou sob juramento – se expondo, portanto, às penas da lei”, defendeu, reafirmando acreditar que foi mesmo Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil, a mando da ministra Dilma Rousseff, quem mandou fazer o dossiê, e dizendo que os governistas temem a acareação “porque seria desfavorável para eles”.
Já os governistas acham que uma acareação não traria contribuições significativas para as investigações em curso, que já estariam sendo bem conduzidas pela Polícia Federal (PF). O relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), diz esperar que o inquérito aberto na PF possa revelar quem mandou elaborar o dossiê. “Pelo visto, os depoimentos aqui não contribuirão para esse detalhe. A meu ver a acareação não acrescentaria nada mais do que o que nós podemos assistir hoje, porque ambos seguem uma estratégia dos advogados de defesa”, argumentou.
(Fábio Góis)