Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
8/9/2008 | Atualizado às 22:05
Bruno Arruda
Apesar de ser garantido pela Constituição, o direito à informação sobre a conduta e a vida pregressa dos homens públicos ainda é bastante restrito no Brasil. Autor de quase uma dezena de levantamentos sobre a situação processual dos parlamentares no Supremo Tribunal Federal (STF) (confira o último), o Congresso em Foco encontrou dificuldades nas páginas dos tribunais de Justiça para acessar dados sobre deputados e senadores candidatos a prefeito.
Na maioria das 25 páginas de tribunais de Justiça consultadas, a pesquisa por nome de uma das partes envolvidas no processo esbarra em mecanismos de busca pouco eficientes. Em várias delas, não há informações claras a respeito da movimentação dos processos. Ao contrário do que ocorre no STF, em quase nenhuma se pode conhecer o assunto a que determinada ação se refere.
Casos de processos relativos a pessoas que têm o mesmo nome (homônimos) não podem ser resolvidos, uma vez que não se pode fazer a procura por número do CPF das partes.
O site do Tribunal de Justiça do Paraná sequer permite a consulta a processos em 1ª instância por nome das partes. Na maioria das páginas de tribunais, não é possível visualizar o arquivo originário de apelações em 2ª instância.
Esse tipo de dificuldade também é relatado pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que tem divulgado levantamentos sobre candidatos com “ficha suja”, por meio da campanha Eleições Limpas, a partir das informações disponíveis nas páginas dos tribunais na internet.
Segundo o secretário-geral da AMB, Paulo Henrique Machado, falta precisão aos portais das cortes de Justiça. “A gente vê dificuldades de site para site. Em alguns, a informação é muito pouca: você só sabe da existência da ação, mas não do que se trata. Não há padronização das informações disponibilizadas”, reclama. Em muitos casos, a entidade teve de buscar dados diretamente com os tribunais.
O magistrado defende o imediato aperfeiçoamento do serviço de consulta processual nas páginas jurídicas: “No atual grau de tecnologia que alcançamos, essas informações dos sites poderiam se aproximar ao máximo da realidade. A tendência é que todo o processo se torne virtual, e isso tem como conseqüência inafastável que o caráter público desses processos, assegurado pela Constituição, será efetivado”.
Boa vontade
Evocando a Constituição, o presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), José Carlos Cosenzo, lembra que o dever de dar transparência às informações sobre os homens públicos é do Estado.
“A publicidade dos processos que não correm em segredo de Justiça está prevista na Constituição, mas falta boa vontade para divulgar essas informações”, diz. Ele considera que a Câmara e o Senado deveriam manter em seus respectivos sites todas as informações sobre os parlamentares, inclusive a situação dos processos contra parlamentares. A restrição a esses dados, ressalta, não afeta apenas o eleitor. “É muito difícil, não só para o cidadão comum, mas também para o profissional do direito”.
A despeito das dificuldades, o presidente da Conamp ressalta que a constante fiscalização é fundamental para o exercício da cidadania, e não deve se limitar ao período pré-eleitoral. “O problema maior é de cultura. Independentemente de serem processos de ordem pública, geralmente isso só preocupa as pessoas no período eleitoral”, lamentou.
Temas
DEFESA DO CONSUMIDOR
Lula sanciona lei que cria novos direitos para clientes de bancos
PROTEÇÃO À INFÂNCIA
Governo critica projeto que suspende norma sobre aborto legal infantil