Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatísticas (Ibope) revela que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não está saindo preservado do escândalo político que atinge o PT. Pela primeira vez, Lula seria derrotado já no primeiro turno num eventual confronto com o atual prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB).
Também de forma inédita, o índice dos eleitores que declararam confiar no presidente foi superado pelo porcentual dos que desconfiam de Lula. A confiança no petista caiu, em agosto, para 43%. Em julho, esse índice era de 53% - que já era menor do que o registrado em junho: 56%. Os que não confiavam em Lula eram 38% em junho. Passaram a 42% naquele mês e a 52% em agosto.
A pesquisa, feita com 2.002 eleitores em 143 municípios, entre os dias 18 e 22 de agosto, indica que, em um hipotético primeiro turno, Lula e Serra estariam tecnicamente empatados, com leve vantagem para o tucano. O prefeito de São Paulo teria 30% dos votos, contra 29% do presidente. Porém, como a pesquisa possui margem de erro de 2 pontos porcentuais, o resultado pode ser computado como empate técnico.
Atrás dos dois, figura Anthony Garotinho (PMDB), secretário de Governo e de Coordenação do Estado do Rio de Janeiro , que teria 10% dos votos. Os demais candidatos teriam 7%, enquanto que os votos brancos ou nulos somariam 18%, e 6% dos entrevistados não souberam responder ou não opinaram.
Em um hipotético segundo turno, porém, a vitória de José Serra estaria assegurada. O prefeito de São Paulo teria 44% dos votos, contra 35% de Lula. O índice de eleitores que pretendem anular ou votar em branco, nesse caso, atingiria expressivos 17%.
Nas demais simulações, porém, a vitória de Lula permaneceria assegurada. Quando Serra é substituído pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), Lula passa a ter 32% da preferência do eleitorado, enquanto que Garotinho sobe para 17%. O candidato tucano, nesse caso, aparece em terceiro lugar, com 11% dos votos.
Em um segundo turno contra Anthony Garotinho, Lula teria 40% dos votos, e o candidato do PMDB, 31%. Brancos e nulos comporiam 23% do quadro, com 5% não sabendo ou não opinando. A vantagem de Lula contra Alckmin seria ainda maior: 42% do presidente contra 31% do candidato tucano, com 21% de brancos e nulos e 6% não sabendo ou não opinando.
Popularidade e confiança
A popularidade de Lula e a confiança no presidente caíram sensivelmente, se comparadas às duas últimas pesquisas feitas pelo Ibope. A aprovação do governo Lula, que era de 55% em junho e 54% em julho, passou para 45% em agosto. O grau de desaprovação, que era igual em junho e julho (38%), disparou em agosto, passando para 47%. Somente 8% dos entrevistados não souberam informar.
A avaliação do governo também sofreu queda brusca. O total de entrevistados que o consideravam "ótimo" ou "bom" passou dos 35% em junho e 36% em julho para 29% em agosto. A avaliação regular manteve-se estável, saindo de 41% em junho para 40% em julho e 38% em agosto. O que subiu, de fato, foi o número de descontentes. Enquanto que, em junho, 22% dos entrevistados consideravam o governo "ruim" ou "péssimo", e 24% dos entrevistados disseram a mesma coisa em julho, em agosto esse número subiu para 31%.
O Ibope perguntou ainda se os entrevistados tomaram conhecimento de alguma denúncia de corrupção nas últimas semanas. Em julho, o índice dos que tomaram conhecimento era de 72%. Agora é de 81%. Os que não haviam tomado conhecimento, não souberam responder ou não opinaram somavam 28% no mês passado. Agora são 19%.
O instituto finalizou perguntando quem tinha a culpa pela crise no governo. E, nesse caso, sobrou pra quase todo mundo: para 29%, o PT é o maior responsável; 28% culparam os deputados federais; 22%, o presidente Lula. Para 19%, a culpa é dos partidos aliados (PL, PTB e PP), enquanto que, para 16%, a responsabilidade é do sistema político eleitoral.
A pesquisa do Ibope confirma a tendência de queda na popularidade de Lula identificada pelo instituto Datafolha há duas semanas (leia mais).