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Congresso em Foco
14/7/2005 1:05
Carol Siqueira |
Na verdade, as principais medidas propostas pela Convenção já são adotadas pelo Brasil, como a exposição de advertências nos maços de cigarro e a proibição do fumo em ambientes fechados. O problema está na mais polêmica das mudanças: a substituição da lavoura do fumo por outros produtos agrícolas. O país ocupa a segunda posição mundial entre os produtores de tabaco e é o primeiro em exportação. Além de gerar 1 milhão de empregos diretos, o cultivo do fumo rende R$ 6 bilhões em impostos ao governo federal, que, por causa do impacto econômico da medida, está dividido sobre a viabilidade de aderir ou não ao tratado. Segundo o presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, Sérgio Guerra (PSDB-PE), a substituição da plantação de fumo não pode ser aprovada sem ser discutida com profundidade pelo novo colegiado. "Seria equivocada a ratificação do texto sem que ele passasse pelo crivo da Comissão de Agricultura. Trata-se de um assunto que tem uma clara vinculação com a produção agrícola nacional", argumentou. O Instituto Nacional de Câncer (Inca), no entanto, acredita que a passagem da proposta por uma nova instância dificulta ainda mais a aprovação do acordo. "Essa mudança é uma nova barreira para distanciar o Brasil da ratificação do acordo", criticou a chefe da Divisão para Controle do Tabagismo do Inca, Tânia Cavalcanti, que também é secretária-executiva da Comissão Nacional para a Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. As críticas do Inca são rebatidas pelo senador Sérgio Guerra. O tucano classifica como "preconceituosa" a postura do órgão ligado ao Ministério da Saúde e anuncia que a discussão sobre o acordo será retomada pela comissão do Senado ainda em abril. Os fumicultores, com o apoio dos senadores do Rio Grande do Sul, são os principais opositores ao texto. Eles argumentam que a proposta vai implicar fuga de investimentos do país, além de perdas significativas para a economia nacional. Os municípios gaúchos respondem por aproximadamente 90% do cultivo de fumo no país. O produto representa 17% das vendas externas do estado. Diante desse cenário, o senador Paulo Paim (PT-RS) cobra do governo federal a definição de regras de transição claras que dêem garantia aos agricultores antes da ratificação do texto. "Se a Convenção for ratificada agora, vai prejudicar os produtores, os trabalhadores e todos os setores envolvidos. É preciso que alguém nos apresente alternativas viáveis", argumentou o senador, que fez questão de deixar claro que não é favorável ao hábito de fumar. "O alcoolismo também mata muita gente, mas ninguém propôs o fim das plantações de cana", provoca Paim. O argumento dos fumicultores é de que não há cultura que dê tanto lucro ao pequeno produtor como o fumo. Segundo eles, enquanto o hectare de tabaco rende cerca de R$ 9 mil ao produtor, a mesma área plantada com feijão não oferece retorno superior a R$ 1,3 mil, por exemplo. O Instituto Nacional de Câncer contra-argumenta, alegando que há experiências bem-sucedidas de substituição do cultivo por hortifrutigranjeiros sem agrotóxicos em vários municípios gaúchos que hoje dependem economicamente do tabaco. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo mata por ano 5 milhões de pessoas em todo o mundo. Dessas, 200 mil só no Brasil. |
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