Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Paulo José Cunha
Prender os golpistas, sim, sem esquecer de matar a serpente do golpe
Paulo José Cunha
Violência estrutural: só ficou no muro tristeza e tinta fresca
Paulo José Cunha
Paulo José Cunha
Paulo José Cunha
21/8/2017 | Atualizado 10/10/2021 às 16:36
[/caption]
O marketing é inocente
"Em primeiro lugar, é preciso anotar e nunca mais esquecer que nicação, sobretudo a tevê. O marketing não tem culpa do que é. Até porque sempre existiu, desde que o neandertal matou o leão à vista do resto do grupo para mostrar quem era o bambambam da tribo. E está em toda parte, por exemplo, na menina que põe o vestido mais bonito para conquistar aquele rapaz. Ela nem sabe, mas está fazendo marketing. Cristo falava na planície? Não: escolhia o monte mais alto, para ampliar a audiência. O nome disso, embora alguns torçam o nariz, é marketing. O cristianismo criou um símbolo espetacular: simples, claro, reprodutível e compreensível universalmente - a cruz - até hoje imbatível como logomarca. Isto também é marketing. O candidato Jesus Cristo é um sucesso absoluto, haja vista a avassaladora votação que vem recebendo desde que, há 2 mil anos, apresentou seu programa de governo para os homens de boa vontade. Na antiga Grécia, um pouco antes d'Ele, já existia a técnica da campanha de rua, com mensagens como a encontrada num muro das ruínas de Pompéia: "Vote em Publius Furius. Ele é boa pessoa. Só os ladrões votam em Vatia".
Hitler intensificou o uso das imagens, com aqueles espetáculos do exército em ordem unida, e inaugurou, via Goebells, o cinema de propaganda, antecessor do horário eleitoral gratuito. Portanto, xingar o marketing e o marqueteiro é burrice. Mas é possível propiciar um espetáculo cívico e contribuir para a boa prática do jogo democrático, reduzindo drasticamente os custos das campanhas.
Fim do horário eleitoral?
Fosse legislador, a primeira coisa a propor seria o fim do horário eleitoral (que de gratuito não tem nada) para candidatos proporcionais. Que fossem buscar votos na rua, em contato direto com o povo, olho no olho. E que o financiamento das campanhas se desse com acompanhamento rigoroso, punições rápidas e drásticas. Limitaria rádio e tv exclusivamente às campanhas para cargos executivos (presidente, governador, prefeito). Daria prioridade a debates nos horários nobres. Determinaria a formação de redes locais ou nacionais para sua transmissão, realizados sob normas definidas pela justiça eleitoral. Salvo em caso de doença ou situações excepcionais, a participação nos debates seria obrigatória. Nada de se esconder para não se expor. E tornaria obrigatória a apresentação de programas de governo.
Para evitar a manipulação pelos mais abastados, definiria um padrão para a propaganda no rádio e na tv, onde a apresentação do currículo do pretendente ao cargo e suas credenciais fosse quesito obrigatório. Com um detalhe: tudo ao vivo. Nada de meninas bonitas ou locutores de voz aveludada: só o candidato poderia falar e aparecer. Olho no olho do eleitor. Sem jingles bonitinhos nem criancinhas sorridentes".
(Internet? Sim, à vontade e sem restrições, acrescento hoje. Pela razão muito simples de que a internet é território livre e indomável. E assim deve continuar a ser).
Cristo foi marqueteiro dele mesmo
"Provavelmente os marqueteiros ganhariam menos dirigindo campanhas nesse formato. Mas, com certeza, a democracia seria melhor exercida. Fora do que propus, talvez a única alternativa seja desinventar o rádio e a televisão, eliminar todos os publicitários e marqueteiros e apagar qualquer vestígio das campanhas anteriores, para evitar a tentação de começar tudo de novo.
Mas, escuta aqui: e o que fazer com a memória planetária de um tal de J. Cristo, autor de uma das mais vitoriosas campanhas publicitárias da história? Que campanha, heim? Chega dá inveja. Entra milênio e sai milênio e o cara não sai da moda. Talvez pelo programa de governo sintético e preciso, contido no slogan: 'Amai-vos uns aos outros' (gênio!). Nem o Duda nem o Nizan (e acrescento hoje, 15 anos depois: nem o João Santana, marqueteiro do PT que paga um xilindró ao lado da mulher, aquela do chiclete), seriam capazes de uma sacada assim. Difícil vai ser encontrar um candidato disposto a dar a vida pela causa, como J.C. fez. Isto sim, é ter confiança no eleitorado. Puxou ao pai".
Leia outros artigos de Paulo José CunhaTags
Temas
Cultura e sociedade
Judiciário
Educação
Crise política