 
 
Satélite
Clique abaixo para ouvir o comentário de Beth Veloso  veiculado originalmente no Papo de Futuro, da Rádio Câmara, com Alex Gusmão:
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Enquanto o Brasil inteiro pensa em como sair da crise, a área  científica está em festa. E há um motivo bem alto para se comemorar.  Lançado em 4 de maio, novo satélite brasileiro está a 36 mil quilômetros  de distância, formando um guarda-chuva para iluminar este imenso país  em crise com uma chuva de telecomunicações. O projeto custou caro, caro  demais até, dizem alguns, mas o importante é que chegou ao fim, o que é  caso raro quando se trata da política científica no Brasil, e ainda mais  raro quando se trata da política espacial brasileira.
Com o nome técnico de Satélite Geoestacionário de Defesa e  Comunicações Estratégicas (SGDC), o satélite é o maior feito pela  Telebrás, a empresa estatal criada no governo Lula para prover uma rede  física de banda larga no Brasil, o que não deu certo. Lançado na Guiana  Francesa já que a base brasileira de Alcântara no Maranhão não tem  tecnologia para isso, o SGDC promete dar autonomia para as forças  armadas no Brasil manterem, de fato, uma comunicação longe de ruídos ou  da espionagem americana.
Atualmente, o Brasil gasta uma fortuna alugando canais de satélites  americanos para sua comunicação militar, sem garantia de sigilo nessa  comunicação, o que ameaça a nossa soberania. Mas o modelo de negócios,  que não foi tão divulgado quanto o espetacular lançamento do satélite em  si, é que vai importar no real impacto que este satélite terá para a  chamada economia digital brasileira: quem irá gerenciar essa oferta de  banda, como esses sinais vão chegar para as populações brasileiras  afastadas da internet e a que preço - será a Oi, a falimentar empresa  brasileira de telecomunicações, com uma dívida de R$ 65 bilhões, que irá  gerenciar o uso desses recursos finitos e tão preciosos?
O fato é o que o satélite de R$ 2,6 bilhões pode não ter impactado  diretamente nas contas do governo, mas dentro da política do cobertor  curto, o tom que imperava no Senado, na semana passada, era de lamento  pelo último corte no orçamento da Ciência e Tecnologia. O senador Jorge  Viana, relator da política pública Expansão Banda Larga, disse que o  cenário é triste, e que, além dos cortes orçamentários, ainda há o  contingenciamento dos fundos de telecomunicações, como Fust, Fundo de  Universalização das Telecomunicações, que nunca foi usado para a  expansão da rede de cabos e fibra ótica no Brasil.
Todo mundo sabe que não é apenas dinheiro que conta, mas, também,  diretrizes, coordenação de projetos, execução das tarefas, remuneração  de cientistas, enfim, o Brasil precisa ter plano para alavancar a  pesquisa científica e espacial, e o corte de 44% no orçamento deste ano é  apenas um dos problemas a ser gerenciados pelos abnegados cientistas  brasileiros.
O acidente com o foguete VLS em Alcântara, no Maranhão, com suas 21  vítimas fatais, ainda ronda a imagem do programa espacial brasileiro com  a marca do improviso, mas o fato é que colocar o homem na lua ou um  satélite em órbita no espaço para durar 15 anos não é obra do acaso, mas  sim reflexo da prioridade que cada País dá para uma palavra chave hoje  para quem quer sobreviver no mundo atual: inovação por meio da pesquisa  científica e tecnológica, com leis que facilitem o processo e um  orçamento público e incentivos ao capital privado que pague a conta.
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Coluna produzida originalmente para o programa Papo de Futuro, da Rádio Câmara. Pode haver diferença entre o áudio e o texto.
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