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Popularidade de Lula: os números não falam por si sós

Queda de popularidade não pode ser explicada por um único escândalo; é preciso ir além da leitura apressada das pesquisas.

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Graziella Testa

Graziella Testa

6/6/2025 7:50

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A recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada em 4 de junho de 2025, indica que a desaprovação do governo Lula atingiu 57%, enquanto a aprovação caiu para 40%, marcando o pior índice desde o início do terceiro mandato. Rapidamente, diversos veículos de comunicação atribuíram essa queda ao escândalo do INSS. No entanto, uma análise mais detalhada dos dados revela nuances que desafiam essa explicação simplista.

Por exemplo, ao segmentar os dados por faixa etária, observa-se que entre os eleitores com 60 anos ou mais, a aprovação ao governo Lula oscilou positivamente de 50% para 52%, enquanto a desaprovação caiu de 46% para 45% entre março e maio, dentro da margem de erro. Se o escândalo do INSS fosse o principal fator de desgaste, seria esperado um impacto negativo mais significativo justamente entre os idosos, principais afetados por questões previdenciárias.

Dados da Quaest revelam nuances por faixa etária e religião que desafiam explicações simplistas sobre o governo Lula.

Dados da Quaest revelam nuances por faixa etária e religião que desafiam explicações simplistas sobre o governo Lula.Ricardo Stuckert/PR

Outro ponto que merece atenção é o comportamento do eleitorado católico. Pela primeira vez neste terceiro mandato, a desaprovação entre católicos superou a aprovação: 53% contra 45%. Esse grupo, frequentemente negligenciado nas análises políticas em detrimento do foco nos evangélicos, representa uma parcela significativa da população brasileira. Embora os católicos não apresentem uma atuação política tão coesa quanto alguns setores evangélicos, é fundamental considerar a religião como um fator social relevante na avaliação do apoio político.

É compreensível a tentação de atribuir relações de causa e efeito a variações observadas em estatísticas descritivas, especialmente quando buscamos explicações rápidas para fenômenos complexos. No entanto, essa prática pode levar a interpretações equivocadas, reforçando crenças pré-existentes em vez de promover uma análise crítica e imparcial dos dados. Esse comportamento está relacionado ao viés de confirmação, que é a tendência de favorecer informações que confirmam nossas hipóteses ou crenças iniciais, ignorando ou desvalorizando evidências contrárias. Ao aplicar esse viés na interpretação de pesquisas de opinião, corremos o risco de construir narrativas simplistas que não refletem a complexidade do cenário político e social. Portanto, é fundamental abordar os dados com cautela, reconhecendo suas limitações e evitando conclusões precipitadas que possam distorcer o entendimento público.

Com isso, não estou afirmando que o escândalo do INSS não tenha contribuído para a queda na aprovação do presidente. É plausível que esse evento tenha impactado negativamente a percepção pública. No entanto, para compreender plenamente as motivações por trás das mudanças nos índices de aprovação, seria necessário realizar pesquisas qualitativas robustas que explorem as percepções e sentimentos dos eleitores em profundidade. Somente assim poderemos evitar análises superficiais e desenvolver uma compreensão mais precisa e abrangente do cenário político atual.

Atribuir variações nos índices de aprovação a um único fator, sem considerar a complexidade do cenário político e social, é uma abordagem reducionista que pode distorcer o entendimento público. Os números das pesquisas de opinião não falam por si sós; eles requerem uma análise cuidadosa e contextualizada. Somente assim é possível extrair conclusões válidas e evitar interpretações precipitadas que não refletem a realidade multifacetada do eleitorado brasileiro.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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