O mapa da mina: por que Minas Gerais é estratégico nas eleições presidenciais

Minas Gerais é um estado historicamente decisivo nas eleições presidenciais. Desde 1989, os presidentes eleitos no Brasil venceram entre os mineiros. Além de ser o segundo maior colégio eleitoral do País (16,4 milhões de eleitores em 2024, atrás apenas de São Paulo), o Estado tem uma diversidade interna que reflete proporcionalmente o Brasil, tanto em dados do Censo, como no comportamento eleitoral: o norte mineiro vota parecido com o Nordeste, enquanto o sul se aproxima do Sudeste. Por isso, Minas é um termômetro para as eleições presidenciais.

Se movimentando para a reeleição enquanto a centro-direita ainda não definiu o candidato, o presidente Lula já foi sete vezes a Minas neste ano. Na última visita, escolheu o estado para lançar o programa "Gás para o Povo", a ampliação do Auxílio-Gás e uma de suas apostas eleitorais para 2026.

O foco de Lula em Minas, além da importância estratégica do Estado, se explica por dois outros motivos. A necessidade da montagem de um palanque no Estado e o foco na recuperação do eleitorado: em 2022, o presidente perdeu quase meio milhão de votos entre o primeiro e segundo turnos no Estado, uma erosão que resultou no placar apertado no segundo turno.

Na montagem do palanque, o presidente Lula tenta viabilizar a candidatura do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD) para o governo local. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), é um dos articuladores da aliança e pode disputar o Senado. A aliança PT-PSD em Minas é estratégica pois o PSD lidera em número de prefeitos no Estado, com 142.

A matemática, no entanto, não é simples. A direita é competitiva em Minas e os prefeitos do PSD fizeram coligações locais tanto com o PT de Lula quanto com o PL de Bolsonaro. O atual governador Romeu Zema (Novo), se coloca como pré-candidato na corrida eleitoral à presidência no campo da centro-direita.

A Fatto Inteligência Política compilou dados que mostram a importância estratégica de Minas na corrida eleitoral, um estudo liderado pelo cientista político Arthur Santos Lira que traz em dados a relevância do Estado. Seguem os principais pontos e as conclusões:

Resultados presidenciais em MG x Brasil (2002-2022)

• MG reflete de forma muito próxima a votação nacional. Em 2010, 2014 e 2018 o estado foi a Unidade da Federação com a menor diferença entre a votação no Brasil.
• Exemplo: em 2014, Dilma venceu no Brasil com 51,6% e em MG com 52,4% (diferença de apenas 0,8 p.p.).
• Em 2022, Minas ficou em 3º lugar (atrás de AM e TO).

Prefeitos eleitos em MG em 2024

O PSD, de Pacheco e Alexandre Silveira, lidera com folga: 142 prefeitos, seguido de Republicanos e MDB. Em eleitorado, o PSD governa 4,3 milhões de mineiros, muito acima dos demais partidos.

PT e PL nas coligações

• 159 prefeitos mineiros eleitos com o PT na coligação (2,9M de eleitores governados).
• 223 prefeitos com o PL na coligação (5,1M de eleitores).
• Entre os prefeitos do PSD, 23 tiveram PT e 27 tiveram o PL na coligação.

Maiores municípios mineiros

Nos 30 maiores colégios eleitorais, o PL esteve em 13 coligações de prefeitos eleitos, o PT em 5. O PSD venceu em 7 dos 30 maiores, todos sem o PT ou o PL na coligação. Esses 7 prefeitos governam 2,7 milhões de eleitores, quase 40% do eleitorado do Top 30.

Conclusões

• Além de segundo maior colégio eleitoral, Minas é um termômetro nacional: quase sempre o estado mais próximo da média Brasil.
• O PSD é o principal partido municipal em Minas, tanto em número de prefeituras quanto em eleitorado governado.
• PT e PL marcam presença em coligações, mas nos grandes centros mineiros o PSD se mostra autônomo e competitivo.
• A aliança do PT com o PSD-MG será primordial para a campanha de reeleição de Lula, mas terá de haver um trabalho individualizado com os prefeitos mais importantes do PSD, dado o perfil independente desses atores, comprovado pelos números apresentados.

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