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Cris Monteiro
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Finanças públicas
27/10/2025 15:00
São Paulo é uma cidade de contrastes. De um lado, a força de quem trabalha, empreende e sustenta a economia mais dinâmica do país. De outro, o peso de viver em um lugar onde tudo é caro, o aluguel, o transporte, os serviços, e, claro, os impostos. Agora, com o projeto que propõe a atualização da base de cálculo do IPTU, esse peso pode aumentar ainda mais.
Revisar os valores dos imóveis é algo previsto em lei e faz sentido do ponto de vista técnico. Mas a pergunta que ecoa entre os paulistanos é simples e justa: vale pagar mais quando o retorno é pouco palpável?
O Brasil bateu recorde de arrecadação em 2024, somando R$ 2,65 trilhões em tributos federais. Mesmo assim, seguimos entre os países que mais cobram e menos entregam. Além disso, estamos na 107ª posição mundial em transparência fiscal, nosso pior resultado desde o início da série histórica. O problema nunca foi a falta de dinheiro. O problema é a má gestão que transforma recursos públicos em promessas não cumpridas.
Em São Paulo, arrecadamos mais de R$ 100 bilhões por ano. Ainda assim, é comum encontrar ruas esburacadas, escolas precisando de manutenção e unidades de saúde sobrecarregadas. O morador paga o IPTU esperando ver a cidade funcionar, mas o retorno não aparece. E quando o Estado gasta mal, o cidadão paga duas vezes: no boleto e na frustração.
A falta de transparência também afasta o contribuinte. Em Londres, por exemplo, qualquer pessoa pode saber quanto arrecada o seu bairro e como o dinheiro é investido. Há relatórios, painéis interativos e consultas públicas que fortalecem a confiança entre governo e população. Aqui, essa relação ainda é frágil. São Paulo começou a caminhar nessa direção com a regionalização do orçamento, mas ainda falta mostrar, de forma clara e acessível, como cada real se transforma em benefício concreto para o cidadão.
Buscar novas fontes de receita também é parte da solução. A cidade precisa diversificar seus meios de arrecadação, reduzindo a dependência de impostos pagos pelo cidadão. Um exemplo é a Lei nº 18.040/2023, aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo, que autoriza o uso de naming rights, a concessão de nomes de empresas a espaços e equipamentos públicos, como forma de gerar receita adicional. Essa medida, já adotada em diversas cidades do mundo, permite que o setor privado colabore com a manutenção e modernização de espaços públicos, aliviando o peso sobre o contribuinte e trazendo mais eficiência ao uso dos recursos.
O verdadeiro desafio é garantir que o dinheiro chegue aonde precisa chegar. Isso passa por planejamento, metas claras e avaliação constante dos resultados. Quando o cidadão sente, no dia a dia, que o imposto que paga volta em forma de ruas limpas, escolas boas, segurança e oportunidades, também sente que faz valer o esforço de quem sustenta a cidade.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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