Reportagem do jornal
O Globo desta quinta-feira revela que a Delegacia de Investigações de Entorpecentes (Dise) de Santo André (SP) pediu ontem a prisão de
Jilmar Tatto, que foi secretário de Transportes na gestão de Marta Suplicy (PT) em São Paulo. Tatto é o terceiro vice-presidente nacional do PT e candidato a deputado pelo partido. Para a polícia, ele é suspeito de formação de quadrilha e peculato. O Ministério Público deu parecer contrário, ontem, à prisão do petista.
Segundo a matéria de Tatiana Farah, a Dise investiga ligações entre a facção criminosa que determinou os ataques em São Paulo em maio e cooperativas de vans que controlam parte do transporte coletivo na cidade.
Jilmar Tatto, de acordo com a polícia, teria determinado que as cooperativas de lotação absorvessem, em 2003, os motoristas de outra cooperativa, a Transmetro, que foi dissolvida devido à sua ligação com a quadrilha. A facção se infiltrou no ramo de lotações para lavar dinheiro e transportar armas e drogas.
Na semana passada, a polícia prendeu o presidente de uma cooperativa, a Cooper Pam, sob acusação de participação no crime organizado. Luis Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, afirmou à polícia que os criminosos infiltrados na Cooper Pam eram os motoristas absorvidos pela ordem de Tatto. O ex-secretário nega as acusações.
O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), chamou de absurdo o pedido de prisão do seu colega de partido. "É um absoluto exagero por parte do delegado.
Jilmar Tatto é um cidadão identificado, tem endereço e compromisso com a luta democrática", criticou.
Ontem, Tatto divulgou uma nota na qual afirma que a atitude da Dise de Santo André causou "estranheza e indignação" e que as acusações são infundadas. Tatto disse que tomará medidas judiciais, inclusive recorrendo à Corregedoria da Polícia Civil.
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Jilmar Tatto é pessoa pública, possui endereço e emprego fixo. Não oferece risco à ordem pública. Nunca foi chamado a depor no citado inquérito. Portanto não tem conhecimento da investigação a não ser pela imprensa", diz a nota, que alega que o pedido de prisão não tem fundamento legal. Tatto se queixou da divulgação do pedido de prisão antes que fosse tomada a decisão da Justiça: "Faz-se crer que se busca macular a imagem do ex-secretário, um verdadeiro impropério jurídico".
Sobre o suposto envolvimento do ex-secretário com as cooperativas, a nota afirma que ele seguiu a "lei e o edital para a contratação de cooperativas". Para o ex-secretário, é "absurda a tentativa de envolvê-lo em qualquer ilegalidade, principalmente num momento de crise, em que a segurança do estado é questionada".