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Congresso em Foco
Autoria e responsabilidade de Marina Barbosa
1/12/2019 8:39
Ele explicou que, ao contrário que vinha sugerindo o governo federal, esse dinheiro faz falta nos projetos de preservação da floresta e, por isso, deveriam ser retomados. "O Maranhão, por exemplo, tem um projeto de R$ 100 milhões que está aguardando andamento uma vez que houve a determinação do governo de paralisar o fundo. Todos os nove estados têm reivindicado que esse fundo seja retomado, porque é um caminho para que os países contribuam para que a floresta fique em pé, que haja preservação dos recursos ambientais e que haja a remuneração do que os povos tradicionais que preservam a floresta", defendeu Dino.
E o governo parece ter entendido isso, como sugeriram os governadores da Amazônia Legal. "Estaremos lá [na COP25] representando o Presidente Jair Bolsonaro e, desde então, participaremos das reuniões técnicas preparatórias e de encaminhamento dos temas que sejam pertinentes ao Acordo de Paris, sobretudo das tratativas para a regulamentação do artigo 6º, que diz respeito à monetização, à parte financeira, que é tão importante para os países em desenvolvimento, e em especial para o Brasil", afirmou o Ministério do Meio Ambiente em nota enviada ao Congresso em Foco.
A pasta, comandada por Ricardo Salles, ainda disse que, dessa forma, espera "receber a sinalização, finalmente, de que a promessa de recursos vultosos dos países ricos para os países em desenvolvimento, já a partir do ano que vem, se concretize". "Temos o trabalho que já fazemos de preservação ambiental, temos muito para mostrar na parte da agricultura, energia renovável, reciclagem. O Brasil tem feito muito e levará para a COP todo esse acervo de temas ambientais", prometeu.
Especialistas lembram, por sua vez, que esse discurso de cooperação internacional que o Brasil vai levar para a COP25 difere do que foi dito pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro Ricardo Salles no auge das queimadas na Amazônia, em meados deste ano. Na época, o G7 chegou a oferecer ajuda para o trabalho de combate ao fogo, mas Bolsonaro condicionou essa ajuda a pedidos de desculpa do presidente francês, Emmanuel Macron, e acabou rejeitando o auxílio.
"Há uma contradição total. É um discurso de conveniência. Naquele momento, o discurso de conveniência era atacar o Fundo Amazônia, atacar as organizações da sociedade civil e dizer que não precisávamos de dinheiro para cumprir nossos compromissos. Tanto era um discurso falacioso, de conveniência e oportunista que não deu seis meses para o governo aproveitar a COP para ir lá cobrar essa conta", criticou o Coordenador do Projeto #RADAR Clima & Sustentabilidade do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), André Lima, dizendo que "o governo muda de discurso sem contransgimento nenhum, tanto que demitiu o diretor do Inpe dizendo que ele trabalhava para as ONGs e poucos meses depois dois ministros lançaram dados oficiais corroborando que o presidente do Inpe que foi demitido estava certo".
Apesar de ser favorável à ideia de que os países desenvolvidos devem ajudar os países tropicais a combater o desmatamento, André Lima ainda disse que "cobrar essa conta" não faz sentido, porque o Brasil não assinou o Acordo de Paris e não se comprometeu a reduzir suas emissões cobrando algo em troca. E, mesmo que tivesse negociado alguma contrapartida, agora não estaria em condições de cobrar esse repasse por conta do avanço do desmatamento, que contribui com o aumento do nível de emissões, acrescenta a diretora da Talanoa, Natalie Unterstell.
"É verdade que o Brasil fez muita redução de emissão e deu uma grande contribuição que poderia ser convertida em recursos para o país. No entanto, existem condições para isso acontecer. Você tem que cumprir metas e condições que o Brasil não vem cumprindo e precisa verificar isso por meio de instituições como o Inpe", explicou Nathaly, lembrando que os últimos dados do desmatamento indicam que o Brasil não vai cumprir, por exemplo, a meta de reduzir a área desmatada para 3,9 mil quilômetros quadrados por ano em 2020, já que hoje essa taxa é de 9,7 mil quilômetros quadrados.
"Não basta dizer que quer receber. Tem que merecer receber porque é um investimento, é dinheiro de contribuintes de outros países, dinheiro público, que não vai ser aplicado em países que dão sinais de que não vão fazer uma coisa séria", acrescentou Nathaly, dizendo que, associando o cenário ambiental a esse cenário de investimentos, é possível dizer que "as condicões para os investidores estão ruins no Brasil". "Ninguém é obrigado a pagar e quem tinha interesse em investir foi afugentado, porque essas condições foram dizimadas neste ano quando o governo duvidou do Inpe, atacou as ONGs e desfez a REED+ (Comissão Nacional para Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa", afirmou a ambientalista.
"É um discurso oportunista, de conveniência e contraditório com a prática do governo em relação aos compromissos nacionais e internacionais relativos à redução da emissão de CO2 e do desmatamento", reforçou André Lima. Os dois acreditam, então, que, além de contraditório, esse novo discurso que o governo de Jair Bolsonaro vai adotar na COP25 pode não ser convincente o bastante para atrair novos recursos internacionais para projetos de preservação ambientais. E é por isso que, concomitantemente a isso, os governadores da Amazônia também vão defender a criação ou a retomada de outros mecanismos de financiamento internacional, como o próprio Fundo Amazônia, durante a 25ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
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