O juiz federal Fausto De Sanctis disse há pouco que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, interpretou como “ato pessoal” o segundo pedido de prisão expedido por De Sanctis para o economista Daniel Dantas. Um dia antes, Mendes tinha concedido o primeiro habeas corpus a Dantas, acusado de chefiar um esquema de crimes financeiros desbaratado pela Operação Satiagraha.
Segundo De Sanctis, a desembargadora Suzana Camargo, vice-presidente do Tribunal Regional Federal de São Paulo, lhe fez um telefonema no qual perguntou se ele havia expedido o mandado de prisão preventiva. A ligação, por meio da qual a desembargadora teria reportado “a ira” de Gilmar Mendes em relação à atuação do juiz, foi feita no dia da decisão.
“Não era [ato pessoal]. Ela [Suzana] me ligou para perguntar se eu tinha decretado a prisão preventiva”, respondeu De Sanctis, para quem sua atuação desagradou a “muita gente”.
“O meu trabalho tem incomodado muita gente, isso é um fato. Tudo isso não passa de uma tentativa de me desqualificar, uma tentativa séria de destruição de meu trabalho”, alfinetou o juiz federal.
O juiz disse ainda que interpretou como “nobre” a ligação da desembargadora e não como forma de intimidação. Para De Sanctis, Suzana queria “entender” a situação para repassar suas impressões a Gilmar Mendes.
“Como o ministro estaria irado, talvez ela tenha ligado para compreender, e depois passar para o ministro. Talvez a justificativa tenha sido nobre”, acrescentou o juiz, voltando a negar que tenha havido escuta telefônica ilegal em gabinetes de ministros do Supremo. “Não houve monitoramento de ministro de STF, de forma alguma. E isso não pode ter crédito.” (Fábio Góis)