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Melhore o mundo! Dissolva o Medo

O medo bloqueia a empatia e a mudança. Dissolvê-lo é o primeiro passo para construir um mundo mais justo e solidário.

Ricardo de João Braga

Ricardo de João Braga

22/5/2025 14:23

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É a mudança climática, o crime tomando conta, o terrorismo. A guerra nuclear chegando, as minorias sendo agredidas, minha igreja tem que pedir licença pra existir, não posso mais dizer pro meu filho o que é o certo, a rede social deseduca, gera ódio e destrói. Minha comida tem agrotóxico, o bife, anabolizante, o frango, antibiótico. Olha o casal se beijando ali! Que casal? Agora pode tudo, ou não pode nada? Eu queria comprar aquilo, mais aquele outro, queria comprar tudo! Mas não dá. Eu queria ser rico... O que vai ser dos meus filhos nesse mundo perdido? Quanta droga, corrupção! Deus nos livre! Tá todo mundo louco! O mundo vai acabar...

Hoje vivemos várias transições profundas: internet, globalização dos mercados, migrações, inteligência artificial. O mundo muda rapidamente. Informações nos chegam por todos os lados, de várias formas, e buscam nos impactar, gerar indignação, audiência ou reação. Em alguns grupos a moral tradicional flexibiliza-se devido a novas ideias e formações sociais, além de um arcabouço jurídico liberal que se estende a dimensões antes inimaginadas. Um sentimento de desenraizamento, de perda de segurança surge, assim como um horizonte de futuro que se borra e que nos rouba o rumo. O mundo muda profunda e rapidamente e procuramos nos ajustar a ele. Isso tudo incomoda. É inegável que o espírito do tempo é o medo. Vivemos acuados.

O medo bloqueia a empatia e a mudança. Dissolvê-lo é o primeiro passo para construir um mundo mais justo e solidário.

O medo bloqueia a empatia e a mudança. Dissolvê-lo é o primeiro passo para construir um mundo mais justo e solidário.Tânia Rêgo/Agência Brasil

Mas é possível resistir e virar o jogo. Há muita inércia e manipulação no medo que vemos, com pouca problematização das causas concretas do fenômeno. Outra visão e uma nova atitude estão em nossas mãos. É possível mudar!

O medo, e é aqui o que me interessa, é a grande alavanca que impulsiona os valores de extrema-direita. Em essência, diante de um mundo complexo e impactante, reacionários e conservadores pregam o retrocesso do tempo ou seu congelamento permanente. Buscam aplacar o desencaixe do homem de 2025 ao seu mundo e assim construir hostes de apoio político.

Na perspectiva da superação aproximam-se a mensagem de Cristo e a reflexão social crítica.

Pontuo antes, contudo, que pensamento crítico ou de esquerda, como trago aqui, não se refere necessariamente a propostas e ideias hoje defendidas pela militância, movimentos ou partidos de esquerda contemporâneos, mas sim à grande ruptura que liberdade, razão, socialismo e comunismo surgidos com o Iluminismo e o racionalismo trouxeram ao mundo. Entendo pensamento conservador de forma praticamente literal, aquele que quer conservar o mundo como o vemos (sejam suas partes principais e mais importantes, seja seu todo). Já o pensamento crítico surge quando o ser humano passa a compreender a realidade social como uma construção humana, coletiva, sujeita a leis complexas sim, mas passível de mudança voluntária, de transformações coletivas no sentido que lhe desejamos, mesmo que o ideal seja inatingível.

Jesus expressou algumas vezes que o ser humano não deveria ter medo. Por exemplo, na barca sob tempestade, ele pergunta aos discípulos: Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé? Da mesma forma, quando o Cristo ressuscitado volta a estar entre os discípulos, eles não o reconhecem porque estavam com medo. Enxergam o Messias apenas depois que a névoa do temor se dissipa. Veem a Deus apenas quando se despem do medo.

Não ter medo é essencial na mensagem cristã porque este sentimento intestino impede a aproximação ao diferente, ele nos faz querer a segurança e a proteção entre os iguais e conhecidos. E a mensagem de Cristo era bem ao contrário. Devemos amar o próximo e acolhê-lo, e este próximo é o desconhecido, o diferente. A solidariedade cristã só pode acontecer onde os seres humanos não se fecham no medo.

A proposta de transformação do mundo advinda do pensamento crítico necessita igualmente da dissolução do medo. Como falar em transformação da sociedade para pessoas acuadas, que se agarram em frágeis destroços num mar movediço? Pessoas que não confiam na solidariedade de projetos coletivos, que não creem que é possível contar com os outros, que duvidam que o dia de amanhã será melhor que hoje, que se veem na luta de todos contra todos?

Mudar o mundo de forma voluntária e para melhor, para um melhor para a maioria das pessoas, exige que a primeira grande batalha seja contra o medo. Daí que o ódio aos inimigos e o uso das ferramentas de pânico hoje abundantes não sirvam à grande transformação positiva. É preciso criar projetos que tragam vida econômica mais digna às pessoas, que suas visões morais e culturais sejam compatíveis com as visões morais e culturais alheias, que tudo isso se transforme em discurso e prática. Contudo, o primeiro movimento é debelar o medo, o que se faz com acolhida e com a convicção que é possível confiar nas pessoas e no futuro.

A batalha entre os usuários do medo, seus instrumentalizadores, e aqueles que querem um mundo mais justo e fraterno é desigual. As armas não são as mesmas, a potência da ação também não. E hoje a balança pende a dez por um para a pequena elite que dissemina a ideia do cada um por si e do homem lobo do homem (algo conveniente para quem é lobo e não cordeiro, não é?).

Contudo, há algo elevado no ser humano, há um chamado, um elemento sublime, capaz de conquistar corações e mentes de muitas pessoas. A ideia de Justiça é uma força permanente na sociedade, assim como o Sonho, quiçá o Amor. O desafio daqueles que pretendem fazer do mundo um lugar melhor para a maioria despojada exige que desconstruamos o medo por meio da acolhida e da esperança, e assim consigamos novamente aproximar o sonho e o futuro, colocá-los juntos e avançando para o mesmo lado. Isso deve ser um projeto pessoal, social e político. Esse é o desafio do nosso tempo.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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