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Levem a sério as pesquisas!

Negar os dados não muda a realidade. Pesquisas mostram desafios reais para Lula em 2026 e ignorá-los é o caminho mais curto para o fracasso.

Ricardo de João Braga

Ricardo de João Braga

18/6/2025 14:56

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Levem a sério as pesquisas. Esse foi o alerta que o jornalista Rudolfo Lago, um dos mais proficientes e experientes jornalistas da cobertura política em Brasília, nos deu em grupo de mensagens há alguns dias. O tema era o desempenho do governo Lula. Como compartilho da companhia de Rudolfo há mais tempo, lembrei-me que este mesmo recado ele nos deu antes, e agora o repetia. O alerta era e continua instigante e me fez refletir.

Na condição de alguém que gosta de política e se interessa por ela, confesso que dentro de mim lutam duas posturas diversas, a normativa e a analítica. De um lado o dever ser a postos, levando-me a olhar cada acontecimento como certo ou errado, bom ou ruim, o que deveria ser versus o que realmente aconteceu. Aqui sobressai o cidadão, a pessoa, a qual deseja que a realidade seja conforme o que nos apraz. De outro, cada fato político representa forças e escolhas alheias às minhas possibilidades, desejos e determinações. Eles acontecem porque relações sociais amplas o produzem. Resultados surgem muitas vezes de arranjos e acertos impessoais e espontâneos, como se tivesse que acontecer independentemente da vontade de qualquer pessoa, em especial da minha. Reconhecê-los exige aceitação e método.

O grande erro à espreita consiste na confusão entre o normativo e o analítico, e era aí onde Rudolfo lançava luz. Não se pode descredenciar uma pesquisa porque não gostamos de seu resultado.

Uma pesquisa de opinião sobre avaliação do governo, ou uma de intenção de voto, é um complexo instrumento metodológico que serve para explicitar e generalizar ideias, valores, avaliações e atitudes de uma população que a priori não estão explícitos nem generalizados. Este instrumento metodológico deve seguir determinações técnicas dentre as quais destacaríamos a forma de abordar os respondentes, os locais e situações da coleta de questionários, a forma de elaboração dos questionamentos e a estratificação da amostra, isto é, quais grupos demográficos responderão e em que proporção. Contudo, apesar dessa complexidade metodológica, uma pesquisa tem problemas e falhas tanto inerentes quanto de aplicação. Comparada com um termômetro de farmácia, a pesquisa de opinião ou eleitoral mostra-se como algo muito mais difícil de aplicar, mais cara, mais intricada e paradoxalmente menos acurada, menos precisa. Contudo, se feitas de boa-fé e tecnicamente cuidadas, trazem a melhor avaliação que podemos ter dos fenômenos de interesse.

 Avaliações ruins do governo Lula revelam desafios de comunicação, articulação e entrega. Quem subestima os dados, subestima a realidade.

Avaliações ruins do governo Lula revelam desafios de comunicação, articulação e entrega. Quem subestima os dados, subestima a realidade.Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Hoje as pesquisas mostram que o governo não vai bem, ou ao menos não tão bem quanto gostariam aqueles que torcem por ele. Assim, 2026, para o Presidente Lula, segue ameaçado e exige cuidado com vários desafios.

Para algumas pessoas a culpa é das pesquisas. Buscam razões aqui e acolá para descredenciá-las. O que move esse esforço é ou o interesse de convencer os outros que Lula deverá vencer a próxima corrida presidencial ou convencer a si próprio, como uma proteção imaginária contra algo ruim que possa acontecer no futuro.

O governo não vai bem por uma série de razões. Considera-se a comunicação, diagnóstico que aponta para a incapacidade de o governo levar a mensagem que deseja e da forma como deseja aos cidadãos eleitores. Mudou-se a comunicação da presidência há alguns meses, mas se há problemas na área, talvez os diagnósticos ainda não tenham evoluído a contento e as respostas sido implantadas conforme.

Contudo, o governo também não vai bem porque não consegue ou não deseja avançar com determinadas pautas. Desde a posse o Presidente Lula interage com um Congresso majoritariamente hostil à pauta de esquerda/centro-esquerda. A solução para isso seria lidar com pragmatismo e inteligência com o Congresso. Nessa frente, a mudança da chefia da Secretaria de Relações Institucionais ocorreu. Os resultados, contudo, ainda são incertos.

Outros problemas são da própria dissonância entre o governo e sua base eleitoral. Vimos isso com a imolação de Marina Silva no Senado. Para boa parte do eleitorado do Presidente Lula, Marina Silva é uma referência e avança uma política necessária. Quando o governo a abandonou às pancadas da oposição, mostrou que o projeto ambiental não é prioridade do governo. Se não há quem lute por ele, não tem importância - óbvia consequência na cabeça do eleitor.

Além disso, o governo ainda não conseguiu dialogar adequadamente com as forças sobre as quais a oposição de extrema-direita tem se construído ao longo dos anos, em especial as forças religiosas mais fundamentalistas, as forças de segurança, e uma classe média que hoje abraça as ideias do empreendedorismo e meritocracia, sejam eles ilusão ou um projeto de fato. A vitória da frente ampla em 2022 poderia ter energizado o governo para crescer no diálogo com esses setores, mas isso não ocorreu a contento.

Embora a economia vá bastante melhor do que as previsões em termos de crescimento, emprego e renda, a mensagem não tem convencido a população de forma suficiente para aprovar em massa o governo. Além disso, a máquina pública não fez tantas entregas que pudesse também estar impactando fortemente a população.

As pesquisas humildemente apontam problemas e desafios à frente. A melhor solução, como Rudolfo Lago alertou, é tomá-las a sério. O caminho entre o que eu quero e o que de fato ocorre não se faz na imaginação ou na negação da realidade, mas da ação possível na construção da própria realidade. Levem a sério as pesquisas!


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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